A nova tendência brasileira? Santander lista 7 ações atrativas de olho em “crescimento de dividendos”

AES Tietê, BB Seguridade, Bradesco, B3, Itaú Unibanco, Telefônica Brasil e Tupy são listadas pelo banco

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na segunda-feira da semana passada, o Insight do Dia já havia destacado algumas estratégias de grandes bancos para lidar com um cenário de crise política no Brasil com as delações da JBS, o que aponta para reformas econômicas mais brandas e um cenário de maior aversão ao risco com relação ao País. 

Entre uma das estratégias de defesa frente ao cenário mais arriscado, os estrategistas do Santander destacaram preferência por “boas histórias de dividendos”, o que foi especificado em relatório feito posteriormente pelo banco.

No relatório, os estrategistas Daniel Gewehr e João Noronha apontaram ter feito uma triagem das empresas no universo de cobertura do banco que possuem alto dividend yield (dividendo pago por ação/cotação da ação) esperado para os anos de 2017 e 2018 e que também tenham CAGR (crescimento anual composto) esperado do lucro por ação entre 2017 e 2018 de 10% ou acima. 

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“Acreditamos que boas histórias de crescimento de dividendos (na faixa de dividend yield de 3,5-7,0%, com crescimento anual composto do dividendo por ação de 10% ou acima) representam uma combinação favorável para enfrentar o ambiente atual no Brasil, considerando que o custo de oportunidade (Selic após imposto de renda) mostra uma tendência de queda (para cerca de 6,8% no final de 2017 esperado, ante 11,4% em outubro de 2016)”, afirmam os estrategistas, tendo em vista também o cenário de Selic em queda.

Com isso, eles apontam que as sete ações apreciadas pelo banco usando esse parâmetro são: a AES Tietê (TIET11), BB Seguridade (BBSE3), Bradesco (BBDC4), B3 (BVMF3), Itaú Unibanco (ITUB4), Telefônica Brasil (VIVT4) e  Tupy (TUPY3).

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Sobre a AES Tietê, os estrategistas do banco destacam a aposta temática em geração, com expectativa de dividend yield de 10% para 2017. Já sobre a BB Seguridade, atenção para a rede de distribuição subpenetrada, com dividend yield de 6% para 2017E. 

Sobre as instituições financeiras, o Santander destaca Bradesco, B3 e Itaú Unibanco/Itaúsa. Com relação ao Bradesco, os estrategistas apontam o ciclo de capital disciplinado das instituições do setor, com retorno de um yield médio em dois anos (biênio 2017-2018) de 3,8%. O Itaú é o nome preferido dos estrategistas dentro dos bancos brasileiros, uma vez que ele apresenta o melhor balanço e ressaltando ainda o anúncio recente de que o banco aumentará o índice de distribuição para um novo nível de 35-45% de seu lucro líquido. Já a Itaúsa é um meio mais barato de apostar no Itaú (desconto em torno de 25% para o Valor Atual Líquido). Já a B3 é um beta de qualidade para apostar em ações brasileiras, com alta conversão de caixa.

As últimas duas ações são Telefônica Brasil, classificada pelos estrategistas como líder de mercado que vem apresentando fortes sinergias com a GVT (71% do guidance total de R$ 25 bilhões), retornando um dividend yield médio em dois anos (2017E-2018E) de 5,3% e  Tupy, esta última com dividend yield de 9,1% e exposição cambial positiva, com cerca de 80% da receita fora do Brasil.

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Assim, o Santander aponta as ações de dividendos como uma estratégia vencedora, uma vez que trazem maiores retornos ajustados pelo risco, considerando suas características de oferecer retornos mais previsíveis, menor volatilidade da carteira, uma proteção para perdas de capital e menor risco de pagamento excessivo por uma ação.

Noronha e Gewehr ainda citam estudo de C. M. Conover et al. (2016), apontando que carteiras de yield elevado proporcionam retornos maiores, combinados com menor volatilidade em comparação a carteiras com baixo ou nenhum dividendo, mostrando que a orientação de dividendos é um bom veículo para investir com risco reduzido. “As empresas de altos dividendos frequentemente estão em um estágio de desenvolvimento mais maduro de suas operações, o que significa que elas exigem menor investimento e também reduzem a probabilidade de que registrem perdas ou reduções nos lucros”, apontam. Associado ao afrouxamento monetário em curso no Brasil, cria-se um ambiente positivo para investir em boas histórias de dividendos no país.

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Mas há algo que possa ameaçar essa estratégia? O Santander aponta para um risco à estratégia: uma possível mudança de imposto (atualmente os dividendos estão isentos). Vale destacar que, nos últimos dias, surgiram alguns rumores de que o governo pode taxar dividendos de pessoas jurídicas de forma a compensar receitas perdidas com a redução da alíquota do Imposto de Renda (IR) para quem ganha acima de R$ 4,6 mil, em meio a um “pacote de bondades”. Porém, mais detalhes sobre as medidas não entraram no radar dos mercados. 

Assim, “se nada mudar”, os dividendos seguem sendo uma boa estratégia, aponta o Santander. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.