A boa e a má notícia para a Ser: entenda por que a ação desaba 7% hoje mas analistas dizem “compra”

A empresa anunciou ontem à noite uma oferta de ações de até R$ 400 milhões, mas o que poderia ser uma má notícia - uma vez que operações como essa normalmente provocam forte pressão vendedora - foi interpretada como positiva pelos analistas que cobrem a empresa

Paula Barra

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SÃO PAULO – Para quem viu ontem à noite o comunicado da Ser Educacional (SEER3) sobre um aumento de capital de até R$ 400 milhões mediante emissão de ações já podia imaginar uma forte queda na bolsa hoje. Além de uma oferta de ações provocar uma pressão vendedora que nem sempre é acompanhada por um crescimento da demanda, um deságio de 10% na precificação da oferta (que ficou em R$ 28,80 por ação) já davam sinais de que coisas boas não estavam por vir.

Não diferente do previsto, as ações da Ser caíam 5,02%, a R$ 30,30, nesta sessão, segundo cotação das 13h16 (horário de Brasília). Na mínima do dia, os papéis afundaram 6,93%, a R$ 29,69.

Mas não se prenda a movimentos pontuais…

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Embora a pressão de curto prazo seja clara para as ações, os analistas que acompanham o setor educacional são bem enfáticos ao dizer que essa “má notícia” na verdade pode ser muito boa para o futuro estratégico da Ser. Ontem, inclusive, nesse mesmo espaço, o editor-chefe do InfoMoney e analista Thiago Salomão comentou sobre uma outra ação que também fará um aumento de capital mas cujas perspectivas são positivas para o médio e longo prazo (veja aqui).

Voltando para a Ser, antes da abertura do pregão desta quarta-feira (13), a equipe de análise do BTG Pactual reiterou a recomendação de compra para as ações, enquanto o Itaú BBA não apenas manteve a indicação “outperform” (desempenho acima da média) para os papéis como também recomenda que os investidores participem da oferta primária das ações.

Um dos motivos para esse otimismo explica-se pelo aumento de liquidez que a oferta trará às ações da Ser na bolsa, que movimentam hoje em média R$ 4 milhões por dia – bem abaixo dos seus pares Kroton (R$ 167 milhões) e Estácio (R$ 102 milhões). Para o BTG, o giro financeiro diário de SEER3 subirá para até R$ 8 milhões com a operação, considerando que as ofertas primária e secundária atinjam o máximo previsto de 13,9 milhões de ações cada e que o acionista controlador não participe da oferta.

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Além da oferta primária, a Ser informou ontem que o acionista controlador, José Janguiê Bezerra Diniz, que detém 70% das ações ordinárias da Ser, decidiu colocar à venda até 11,13% do capital da empresa – ou 13.888.889 de SEER3. A venda das ações de Janguiê será feita na bolsa e poderá ocorrer durante o prazo para os acionistas da Ser exercerem direito de preferência no aumento de capital.

Esse poderia até ser ponto de preocupação por parte dos acionistas, uma vez que o controlador vender suas ações normalmente levanta dúvidas quanto ao potencial crescimento da empresa, mas aqui cabe um parênteses. A venda ocorre no melhor momento da ação em bolsa. Ontem, os papéis da Ser renovaram máxima histórica ao fechar em R$ 31,90, na quarta alta em cinco pregões, sendo que o único que não subiu encerrou estável. Do final de 2015, após passar o “furacão Fies” pelo setor, até o patamar atual, os papéis SEER3 acumulam ganhos de 300%, contra suas concorrentes Kroton (+100%), Estácio (+128%) e Anima (+47%).

Os analistas do BTG Pactual explicam que o racional por trás da transação é que a companhia poderá focar em fusões e aquisições e financiar o crescimento orgânico, principalmente agora com a aceleração da abertura de novos campi e novos polos.

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Pelas contas dos analistas Susana Salaru e Vitor Tomita, do Itaú BBA, que recomendam que os investidores participem da oferta primária, em um cenário bem conservador em que a empresa não usasse o montante máximo do aumento de capital (de R$ 400 milhões) para sua expansão e o deixasse em caixa (o que não condiz com o seu histórico no mercado), o valor justo para a ação seria ainda de R$ 31,60 em 2018 – ou seja 10% acima do preço estipulado na oferta.