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Um grande problema ocorre quando o líder não é capaz de descobrir a verdade dos fatos e toma uma decisão errada. Isso pode acarretar injustiças, prejuízos e, nos casos mais graves, o desaparecimento da empresa.
Uma das principais causas desses enganos é a maneira como a verdade é retratada ao líder. A fidelidade dessa comunicação é inversamente proporcional à altura do cargo dele. Por exemplo, se você for o presidente da empresa é provável que menos de 2% da verdade chegue espontaneamente aos seus ouvidos. Afinal, ninguém está disposto a falar sobre um número negativo se a carreira corre risco.
Nesse cenário ocorre uma situação torpe: um sujeito que diz uma mentira de maneira serena é considerado mais crível do que aquele que, emocionalmente descontrolado, revela algo verídico. A ponto de aceitarmos, em um debate, argumentos como “você perdeu a razão quando passou a desrespeitá-lo”. Como se um mentiroso fosse digno de respeito.
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Outras raízes importantes desse problema estão na preocupação excessiva com a autoimagem, o desejo de sucesso a qualquer custo e a incapacidade de aprender com os erros. De certo modo, a solução passa por um questionamento moral a respeito de quem desejamos ser em nossas vidas e carreiras.
Em primeiro lugar, apesar de o domínio emocional ser desejável e recomendável em todos os instantes, ele não é um instrumento para nos tornarmos bons mentirosos. Mas, pelo contrário, ele deve ser uma consequência de nossa maturidade para lidar com as dificílimas questões empresariais e de nossas próprias vidas.
As empresas e os indivíduos estarão em melhores condições quanto melhor for sua capacidade de buscar a verdade, não de cobrir com um verniz de credibilidade relatórios falsos, fingimento e cinismo. Nossa autoimagem demandará tão menos energia quanto mais congruente ela for com nossa realidade interna, os fatos e a nossa sincera busca pela verdade, independentemente dos erros e resultados terríveis que, sem desejá-los, às vezes, produzimos.
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A busca pelo sucesso é inerente ao ser humano, mas ela não pode ser a qualquer custo. Um de seus subprodutos, o dinheiro, é importante, não tenhamos ilusão quanto a isso. Mas, somente tem valor quando obtido de maneira moralmente aceitável. De que adianta todo o dinheiro obtido por esses indivíduos pegos na Operação Lava Jato? Ser uma pessoa rica, mas presa, não me parece um objetivo auspicioso.
O dinheiro sempre será o resíduo de nossa ação principal. Tenha, portanto, um propósito elevado para si, alinhe-o com os da empresa e trabalhe com afinco. Não se esqueça de lidar com as questões estratégicas e políticas, inerentes à luta pelo poder em qualquer organização humana. Ignorar essas questões não significa ser moralmente elevado.
Por último, precisamos ter uma postura de aprendizado diante dos erros, principalmente daqueles que nós mesmos produzimos. Em 1993 eu pedi demissão da empresa em que trabalhava porque perdi uma negociação importantíssima no valor de R$ 4,8 milhões. Eu poderia ter ficado na companhia, mas entendia que não era admissível alguém ser responsável pelas vendas e perder um negócio daquela magnitude.
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Embora fosse um contexto muito complexo, saber lidar com perdas terríveis de negócios foi um grande aprendizado para alguém que desejava empreender. E, embora tenha passado por maus momentos e por transformações até mesmo de área de atuação, o fato é que minha empresa já dura 23 anos. Não creio que, sem muitos erros e os aprendizados deles decorrentes, ela teria durado tanto. Portanto, leia livros, conheça os erros de outras pessoas e aprenda com eles. O indivíduo que confia somente em sua experiência está fadado a cometer enganos desnecessários.
Em suma, descobrir a verdade é mais importante do que nossa autoimagem, contribuir com um propósito elevado é mais importante do que apenas sobreviver – repetindo: o dinheiro é o resíduo disso, e, se o seu propósito for marcante, relevante e inspirador, você pode ganhar mais dinheiro do que jamais sonhou e de maneira perene. Por último, o erro é uma peça fundamental do aprendizado. Ele é desagradável e, por vezes, custa caríssimo, mas há coisas que, se não errarmos, não as aprenderemos.
O domínio emocional é relevante, mas somente se estiver a serviço da verdade, e não como uma ferramenta para você fingir algo que não é em busca de aceitação, reconhecimento e sensação de pertencimento.