Um 2021 verde para os investimentos

O ano de 2020 não será lembrado somente pela pandemia do novo coronavírus. Ele ficará marcado também como o ano em que o mundo finalmente tomou medidas decisivas para solucionar os problemas acarretados pela mudança climática, bem como passou a se mover na direção de um futuro mais verde

Francine Balbina

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

(RomoloTavani/Getty Images)
(RomoloTavani/Getty Images)

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Desde o começo do ano, venho recebendo inúmeros e-mails e mensagens no Instagram com dúvidas sobre investimentos globais, mais precisamente sobre em quais setores investir em 2021.

Essas dúvidas recorrentes me provocaram a escrever um relatório bem completinho para os assinantes da Spiti, compilando as minhas últimas conversas com gestores de investimentos, economistas e investidores globais sobre quais eles acreditam ser as novas tendências de mercado.

Quando se trata de participantes do mercado, quase nunca há um consenso, pois cada um tem suas teses de investimentos e suas análises. Mas, desta vez, chegamos a um consenso: ESG.

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O ESG avalia as operações das principais empresas conforme os seus impactos em três eixos da sustentabilidade: o meio ambiente, o social e a governança. A medida oferece mais transparência aos investidores sobre as empresas nas quais estão investindo.

Métricas ambientais ajudam a entender o relacionamento da empresa com o mundo e os recursos naturais e avalia como as companhias atuam na gestão do meio ambiente.

Já as métricas sociais examinam se a organização viola direitos humanos universais, monitorando as relações da empresa entre trabalhadores, fornecedores e comunidades onde atuam – aqui entra a questão de igualdade de gênero e raça.

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Por fim, a avaliação da governança envolve práticas de gestão empresarial ligadas ao combate à corrupção e ao compliance. Companhias com boa governança corporativa são mais confiáveis e menos propensas a ceder à corrupção ou coerção.

Nas conversas que tive, ficou claro que mudanças climáticas tendem a se tornar um tema e um fator importante na corrida global pelo poder.

A Europa e a China promoverão esforços verdes estratégicos, como a energia do hidrogênio, e os Estados Unidos provavelmente participarão dessa “competição”, seja pela busca de domínio geopolítico, por boas intenções, seja apenas pela necessidade de preservar recursos limitados.

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Com isso, a onda verde se transformou em um tsunami, como indicam os seguintes fatos extraídos do artigo sobre o tema publicado pela gestora de investimentos global PIMCO no fim de 2020:

• China: o país está fazendo investimentos significativos em tecnologia verde e tem como objetivo começar a reduzir suas emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2030, assim como atingir a neutralidade de carbono até 2060.

• Japão: o atual 5º maior emissor de CO2 do mundo se comprometeu com a neutralidade do gás até 2050. Considerando que 87% das necessidades energéticas atuais do país são atendidas pelos combustíveis fósseis, a missão é substancial. Para ajudar a atingir a meta, recentemente o governo japonês propôs uma dedução tributária de 10% para a produção de bens que “descarbonizem” a economia em diversos setores.

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• Europa: embora ainda não esteja finalizada, o Parlamento da União Europeia (UE) aprovou a meta de reduzir as emissões de dióxido de carbono em 60% até 2030 – em relação ao nível de 1990. É um nível superior à recomendação da Comissão da UE, de 55%. Recentemente, o parlamento da Alemanha aprovou um imposto sobre as emissões de gases de efeito estufa a ser cobrado a partir deste ano, além de incidir sobre o óleo combustível, os combustíveis veiculares e o gás natural. Além disso, a Espanha se uniu a outros países do continente na missão e alocou 70% de seu orçamento de estímulos para o período de 2021 a 2023 em projetos verdes e digitais. Até mesmo a Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia está passando por uma grande reestruturação: a partir de agora, todos os agricultores, dos pequenos produtores às grandes corporações, que deixarem de cumprir os requisitos da meta climática da UE vão se tornar inelegíveis para receber auxílios.

• Estados Unidos: espera-se que o presidente eleito Joe Biden amplie os esforços do país em relação ao tema, o que terá implicações importantes para o setor de energia renovável e todo o seu ecossistema. Como um de seus primeiros passos, Biden declarou que fará com que o país volte a aderir ao Acordo de Paris – do qual o atual presidente, Donald Trump, retirou os Estados Unidos em 2019. Além disso, se o país se juntar ao clube do “Net Zero”, 60% do PIB mundial será dedicado à causa.

A partir da ótica de economia verde, os temas digitais e sustentáveis são os principais alvos quando olhamos as tendências seculares e fiscais atuais mais relevantes, criando oportunidades para nós, investidores e investidoras.

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Os ativos que apresentam vertente verde e digital tendem a se sair bem nos próximos anos, já que essas áreas são os pilares que sustentam alguns dos modelos de maior crescimento no mundo. Os temas listados abaixo oferecem oportunidades de crescimento estrutural de longo prazo:

1. E-commerce;
2. Avanços genômicos;
3. Máquinas inteligentes (robótica);
4. Novas finanças (blockchain);
5. Dados exponenciais (machine learning);
6. Mudanças demográficas;
7. Escassez de recursos.

Por fim, como ótica de investimentos vale a pena pensarmos no futuro da tecnologia e no que isso significa para nós, no âmbito de uma economia mais verde com um pilar de inovação como foco principal.

Um abraço,

Francine Balbina

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Francine Balbina

Especialista em investimentos globais da Spiti, formada em Relações Internacionais e pós-graduada em Consultoria Empresarial. Tem 15 anos de experiência em prestação de serviços de governança e compliance para gestores de investimentos independentes, assets, bancos, family offices e investidores institucionais globais. A expertise adquirida nos anos em que viveu nas Ilhas Cayman e em Nova York, bem como sua atuação na Irlanda, Luxemburgo, Londres, EUA, Hong Kong e Cayman são sua fonte de inspiração para trazer conteúdo que cobre todo o mercado financeiro internacional.