Cuide com carinho dos seus sonhos

Se nós investimos para poder realizar nossas vontades, então devemos tratar o nosso dinheiro com o devido zelo que ele merece

Francine Balbina

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

(Getty Images)
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Em um dos meus recentes artigos da Spiti, abordei a questão dos juros compostos e a importância do longo prazo para ter bons retornos nos investimentos. No fim do texto, fiz uma pergunta a quem estivesse me lendo, quase uma provocação: por que você investe?

Recebi centenas de respostas com os mais diferentes objetivos. Mas, entre as mais recorrentes, estavam: alcançar a liberdade financeira, dar um futuro melhor aos filhos, viajar e conhecer o mundo, ter uma aposentadoria tranquila, curtir a família, poder fazer o que “der na telha” e trabalhar com artes ou com o que a pessoa quisesse.

Enfim, foram muitas respostas, mas praticamente todas elas estavam relacionadas à realização de sonhos.

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Também me peguei pensando por que eu invisto. Senti que meu propósito está bastante alinhado com algumas das respostas acima: para realizar meus sonhos e, quem sabe, os sonhos do meu filho – pelo menos, o que for possível fazer, mas dentro de bom senso, pois não quero que ele se torne uma pessoa extremamente mimada e sem propósito.

Assim, pude concluir que fazer bons investimentos está bastante relacionado com a realização de sonhos.

Acho que, por isso, fiquei bem triste quando li uma notícia sobre o “fundo Vinicius Ibrahim” – como o caso está sendo chamado pela imprensa.

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De forma resumida, esse investidor foi denunciado por centenas de pessoas que investiram em um fundo promovido por ele com a promessa de rendimento mensal de até 10% ao mês garantido. No entanto, o fundo deixou um rombo de cerca de R$ 30 milhões em suas contas.

O negócio é visto como uma pirâmide financeira, pois os valores eram depositados em uma conta pessoa física de um terceiro. Além disso, o fundo não possuia CNPJ ou registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), nem mesmo certificações oficiais para operar no mercado financeiro.

Também na última semana, foi preso o dono da empresa JJ Invest, Jonas Jaimovick, suspeito de ser o responsável por um dos maiores esquemas de pirâmide financeira já realizados no Brasil. Segundo a Delegacia de Defraudações do Rio de Janeiro, responsável pelas investigações, estima-se que o prejuízo dos investidores chegue a R$ 170 milhões.

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Esses casos me fizeram lembrar do prefácio do livro Indomável, da escritora norte-americana Glennon Doyle. No trecho em questão, a autora conta a história de um guepardo que foi criado em um zoológico como um animal doméstico. Tanto que vivia cercado de bichinhos de pelúcia e sempre estava com um cão da raça Golden Retriever na jaula.

Essa história é o pretexto para que a autora fizesse um paralelo entre o guepardo e os seres humanos. Quantos de nós fazemos coisas que os outros esperam que realmente coloquemos em prática em vez de fazer o que realmente nos deixa felizes? E mais: quantos de nós fazemos coisas simplesmente porque estamos operando no “modo automático”, sem pensar ou sem entender ao certo o que de fato fazemos e quais serão as consequências?

Tenho visto isso com cada vez mais frequência no mundo dos investimentos. Na era digital, na qual temos acesso fácil a todo tipo de informação, mas pouca ou mesmo nenhuma barreira de entrada com relação a conteúdos produzidos e publicados, muitas pessoas (eu, você, as pessoas que me responderam e por aí vai) têm tomado atitudes arriscadas em relação ao seu dinheiro, sem saber de fato o que e como fazer para atingir seus sonhos e objetivos de vida.

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Assim, pensando em todas as notícias que li ultimamente, quero compartilhar com você três dicas muito práticas para que você tenha mais segurança ao investir e proteja os seus sonhos:

Cheque se a pessoa que oferece os serviços relacionados a investimentos tem registro na CVM;

Verifique se a empresa em questão está regularizada para atuar pela Bolsa de Valores (B3);
Confira os dados das instituições financeiras junto à Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), o nosso autorregulador.

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Aqui, deixo mais uma dica: todos esses órgãos contam com muitas informações valiosas e gratuitas sobre investimentos em seus sites.

Mas o que realmente quero é chamar sua atenção para um ponto fundamental: fuja de quem promete retornos fáceis e rápidos. É aquela história: quando a esmola é muito grande, o santo geralmente desconfia.

Além disso, quanto maior a possibilidade de retorno, maior o risco. Ou seja, pergunte-se sempre se vale a pena colocar seu dinheiro na situação em questão.

Entendo que a estratégia mais prudente é usar o tempo a seu favor. Quanto maior o intervalo que você conseguir deixar o seu dinheiro investido, maiores serão as suas possibilidades de retorno. Antes de investir, analise sempre o tamanho do risco que deseja correr e se está preparado ou preparada para isso.

Lembre-se também de diversificar seus investimentos entre diferentes ativos, setores e regiões. É uma ótima forma de diluir os riscos e obter bons retornos no longo prazo. E procure sempre profissionais com conhecimento e boa reputação, e fique de olho em tudo que envolve a empresa em questão.

No mais, o que eu mais desejo é que você não tenha medo de investir apenas por conta de poucos exemplos ruins. Acredito que não exista nada mais frustrante do que ver uma pessoa que tenha adiado seu sonho, ou mesmo desistido dele, porque algo não deu certo nessa trajetória.

Então, seja qual for sua verdadeira vontade, dedique seu tempo e seu dinheiro a realizá-la. Ao contrário do pobre guepardo, quero muito que você possa desbravar o mundo da maneira que quiser.

Abraços,

Francine

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Francine Balbina

Especialista em investimentos globais da Spiti, formada em Relações Internacionais e pós-graduada em Consultoria Empresarial. Tem 15 anos de experiência em prestação de serviços de governança e compliance para gestores de investimentos independentes, assets, bancos, family offices e investidores institucionais globais. A expertise adquirida nos anos em que viveu nas Ilhas Cayman e em Nova York, bem como sua atuação na Irlanda, Luxemburgo, Londres, EUA, Hong Kong e Cayman são sua fonte de inspiração para trazer conteúdo que cobre todo o mercado financeiro internacional.