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Definir o ano de 2024, para mim, o Senhor Mercado, é algo simples: decepcionante. Não me entenda mal, os nossos encontros por aqui foram enriquecedores, conquistamos um espaço que jamais pensaria ser possível ao romper meu silêncio com esta coluna – por isso e pela paciência, muito obrigado!
Porém, basta ler qualquer notícia referente ao mercado, para entender o que acabei de te dizer. O real figura entre as piores quedas entre as moedas do mundo, o resultado da nossa bolsa foi pífio e, para os gênios do “IPCA+6%”, apenas lenços e lágrimas no curto prazo.
Além disso, a retórica pública resolveu me definir como inimigo. O próprio Roberto Campos Neto disse que o mercado não é apenas a Faria Lima, e de fato não é, são as empresas, os investidores ao redor do Brasil, fora os polos financeiros em outros estados do país – algo muito singular e admirável no Brasil, especialmente como país “emergente”.
O ano encerra com o pessimismo como consenso dos agentes; aqueles que marginalmente eram mais construtivos, desistiram. Aparentemente, agora a única esperança que temos são os entregáveis de Gabriel Galípolo no comando do Banco Central – desejo boa sorte e independência ao mesmo.
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Enquanto isso, o barco sem âncora trafega em mares da desconfiança, os preços seguem um caminho de deterioração, enquanto o mundo desenvolvido, ou melhor, os EUA, vivem um otimismo sem fim. Preciso confessar: mas talvez essa sim seja a maior “dor de corno” de todas.
Dado que o pessimismo é uma realidade e nada impede que os preços continuem a piorar, preciso confessar que eu começo a vislumbrar a contramão. Por mais que sejam verdades aparentemente vagas, é inegável que a última crise sempre é a pior, sempre é a mais dolorida e nós, seres humanos, temos tendência a perpetuar essa sensação – o que claramente é errado.
“O Brasil faz piquenique na beira do vulcão, mas não pula” é uma máxima muito divulgada, mas ninguém parou para pensar o por quê? Essa frase faz parecer que é algo orgânico, mas a verdade é que todo ex-banqueiro central vai te dizer que o congresso costuma agir “quando a corda estica”.
No limite, não consigo acreditar que o cenário vai realmente caminhar para uma destruição econômica como vimos em alguns vizinhos nossos. Dito isso, a melhora pode aparecer do “azul”, de qualquer lugar, dada de depreciação dos preços que está nos patamares do governo Dilma.
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Eu quis encerrar essa coluna neste ano com um título que remete a uma frase de Ayrton Senna, aos 28 anos de idade, numa entrevista em que ele foi questionado sobre “alguém ter ficado pelo caminho” e ele, emocionado, diz ter sido ele mesmo. O desabafo de um ídolo que construiu sua idolatria no exemplo da mais pura resiliência.
Para chegar até aqui, para o ano que vem, para a vida – o mais importante sempre será sobreviver aos ciclos e as adversidades, pois elas são a única constante da vida – volatilidade sempre vai existir. Boas festas!
Com perseverança, Sr. Mercado.