“Esse corte de gastos não me convence”, diz Sr. Mercado

Os agentes acreditam que, de forma geral, como todos os governos do mundo, o ano eleitoral (2026) será marcado por expansão fiscal novamente

Sr. Mercado

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Eu não sou nada além do consenso dos agentes de mercado, tão simples quanto isso. Minha consciência, por sua vez, existe por meio dos preços dos ativos financeiros – isso mesmo, desse “bando” de telas piscando diante dos seus olhos eu falo mais do que centenas de horas de conversa. Como em muitos países, os brasileiros possuem um viés de olhar apenas para ativos locais, ou pelo menos gastar mais tempo com eles. Bom, se você acredita que razões locais são as fundamentais para determinar o comportamento deles – está enganado(a), tudo que está rolando na economia global é mais relevante.

A própria definição eleitoral americana dita uma tendência recente. Contudo, a questão do endividamento público brasileiro é um problema conhecido do mundo inteiro, inclusive dos investidores estrangeiros.

O governo, muito figurado na persona do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está coordenando uma agenda para tentar endereçar as questões fiscais. Aliás, ele adotou uma posição de intermediador e equilíbrio, entre a expansão dos gastos e a leitura do mercado sobre essa condução.

O grande problema é que as medidas de contingenciamento e até mesmo da evolução desse tema para uma PEC, não convencem o mercado. Os agentes acreditam que, de forma geral, como todos os governos do mundo, o ano eleitoral (2026) será marcado por expansão fiscal novamente.

Esse ajuste de curto prazo seria algo paliativo, algo que ajudaria a controlar o estresse no câmbio, que é efetivamente o “calcanhar de Aquiles” do governo. Porém, os investidores profissionais, gestoras de fundos, economistas, parecem não comprar a ideia de que esse seja um ajuste fiscal estrutural.

Do ponto de vista econômico, esse seria o único caminho para mudar o Brasil de rota. Estamos com os juros (Selic) em patamares restritivos, mas a economia segue acelerando aquecida e com itens relevantes da cesta de inflação com indicações altistas.

Como pode isso ocorrer com a política monetária (taxa de juros) “pisando” no freio? Bom, porque aceleramos no fiscal, simples assim – nossa política fiscal é voltada para o estímulo, dado que ela segue em expansão. O mercado vai acreditar em um ajuste fiscal quando ele for legítimo, de longo prazo. Enquanto esse assunto for uma pauta fraca, pouco profunda e paliativa, seguiremos dessa forma (e que não é tão agradável assim).

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Sr. Mercado

é uma coluna semanal em que Lucas Collazo, apresentador do podcast Stock Picker, desvenda os pormenores do mercado financeiro