Convenções partidárias dão tom à reta final da disputa pela Casa Branca

O tom afrontoso promovido pelos republicanos e as duras críticas dos democratas a Trump apontam a um cenário de altas tensões entre os principais grupos políticos dos EUA

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A Convenção Nacional Republicana começou nesta segunda-feira (24) com a confirmação de Donald Trump como candidato do partido à presidência dos Estados Unidos. Rompendo com a tradição pela qual o candidato discursa apenas no último dia do evento, Trump foi a atração principal na abertura e no fechamento da Convenção, além de ter participação nos outros dias.

Na contramão, na Convenção Democrata, realizada na semana passada, o destaque foi a reunião de líderes das diferentes alas do partido para impulsionar a campanha de Joe Biden. Tanto no evento democrata quanto no republicano os temas discutidos não surpreenderam.

Os eventos foram realizados de forma principalmente virtual e serviram para reiterar um discurso já consolidado, o que implica que seus efeitos eleitorais devem ser limitados. No entanto, aumentam o foco sobre as eleições na mídia e marcam o início da reta final da corrida, o que deve gerar volatilidade política nos EUA até, ao menos, a votação no dia 3 de novembro.

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Donald Trump falou por pouco mais de 50 minutos no primeiro dia da Convenção Republicana. Políticos do partido com assentos em disputa esperavam e haviam trabalhado por uma convenção em tom mais positivo que a democrata, mas se a programação da convenção republicana já indicava que Trump é que comandaria o show, a fala do líder confirmou que é ele quem decide o tom da campanha, e reiterou os conflitos e argumentos colocados anteriormente.

O presidente dos EUA iniciou seu discurso colocando em dúvida a apuração dos votos pelo correio. Chegou a afirmar que os ‘democratas estão querendo roubar a eleição’.

Em seguida, abordou assuntos como a economia, culpando a “praga” que é a Covid-19 por efeitos negativos observados nos últimos meses, e elogiou o “grande trabalho” feito pelo seu governo no combate ao coronavírus. Nesse contexto, a China foi citada diversas vezes, sempre em tom acusatório pela crise sanitária e econômica.

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Ainda, o presidente ressaltou a importância da possível indicação de até cinco “juízes super radicais” para a Suprema Corte em caso de uma vitória democrata. Os pilares da fala de Trump são os mesmos desde o início da pandemia e não surpreenderam, portanto não se espera que tenha impacto eleitoral relevante.

A transmissão republicana na noite de quarta-feira foi marcada pelo tom duro e pela retomada dos pontos abordados por Trump anteriormente nas falas de seus filhos e de figuras proeminentes da ala trumpista do partido. Vale notar, no entanto, que no ambiente controlado houve clara tentativa de fazer apelo a eleitores negros, mulheres e imigrantes para suavizar a imagem do presidente para sua campanha de reeleição.

A Convenção Nacional Democrata foi realizada entre 17 e 20 de agosto e o evento contou com a participação de líderes de diferentes setores do partido, como os moderados Barack Obama, Andrew Cuomo e os progressistas Elizabeth Warren e Bernie Sanders, reafirmando a união dos democratas na disputa.

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Joe Biden apareceu brevemente no segundo dia do evento e discursou no fechamento. Os principais temas abordados foram a má administração do governo Trump da pandemia e seus efeitos econômicos, além da importância moral dessa eleição, tópicos que também não trouxeram novidades ao debate eleitoral.

Ao final da temporada de convenções, se consolidam os temas que devem dominar o debate eleitoral. Além da pandemia e da economia, as relações com a China e a votação por correio completam esse grupo. Ainda, o tom afrontoso promovido pelos republicanos e as duras críticas dos democratas ao presidente americano apontam a um cenário de altas tensões entre os principais grupos políticos dos Estados Unidos nos próximos meses.

O InfoMoney realiza uma live nesta sexta-feira (28), às 10h, para analisar as Convenções e o cenário eleitoral dos EUA. Clique aqui para conferir.

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Sol Azcune

É analista política da XP Investimentos com ênfase no cenário internacional. Formou-se em relações internacionais pela universidade SOAS, University of London.

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Victor Scalet

É analista político e estrategista macro da XP Investimentos, responsável pela pesquisa XP/Ipespe. É mestre em economia e, antes de se juntar à XP, trabalhou por sete anos na área econômica de instituições financeiras.

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Richard Back

É coordenador de macro sales e análise política da XP Investimentos. Acompanha o cenário brasileiro há uma década e especializou-se também em política internacional.