A menos de 3 meses da eleição nos EUA, Trump deve ter dificuldade para tirar Biden da posição de favorito

Em corrida contra o tempo, Trump busca recuperar liderança na disputa pela Presidência dos EUA, mas os efeitos econômicos e sanitários da pandemia, além dos protestos devem definir a disputa

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Joe Biden e Donald Trump, que devem repetir neste ano a disputa de 2020 (Reprodução)
Joe Biden e Donald Trump, que devem repetir neste ano a disputa de 2020 (Reprodução)

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A menos de 90 dias da eleição nos Estados Unidos, as pesquisas apontam vantagem democrata, com Joe Biden liderando as pesquisas por ampla margem.

Entretanto, a dinâmica nos próximos meses da disputa será influenciada por três fatores: a evolução do coronavírus no país, os resultados econômicos e os protestos contra o racismo e abusos praticados por policiais.

Em todos esses aspectos, espera-se que haja estabilidade ou melhora até a eleição, o que deve acirrar a disputa presidencial.

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Mas quaisquer que sejam as mudanças no ambiente da corrida pela Casa Branca, menos de três meses parece um tempo curto para uma reação do presidente Donald Trump que seja capaz de tirar Biden da posição de favorito.

Trump demonstra cada vez mais foco nas eleições e esse comportamento deve se intensificar com maior investimento de recursos e uso de influência nas redes para impulsionar a campanha.

Todas essas estratégias devem gerar algum resultado positivo, mas sem o mesmo peso dos três fatores abordados acima.

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Mudança no Congresso?

Além da disputa presidencial, é importante para o mercado financeiro acompanhar a disputa no Congresso norte-americano.

Caso o presidente eleito não tenha controle das duas Casas, será difícil implementar políticas mais arrojadas.

Antes da pandemia, era praticamente certo que o Congresso se manteria dividido: Câmara sob controle dos democratas e Senado dos republicanos.

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A despeito da chegada do coronavírus, a correlação entre os votos para presidente e para senador vem aumentando ao longo das últimas décadas e, portanto, quanto maior for a vantagem de Biden, em tese, maior a chance de os democratas tomarem os três assentos no Senado de que necessitam para, ao menos, empatar as forças na Casa.

Lembrando que o vice-presidente tem o voto de minerva, caso haja empate em votações no Senado.

Num cenário em que a diferença entre Biden e Trump se reduz até novembro, um arrebatamento democrata do Senado parece menos crível do que uma vitória de Biden.

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O resultado pode demorar

Outro tema que precisa estar no radar é a possibilidade de não haver um vencedor definido na noite de apuração.

Isso pode acontecer devido ao número de votos pelos correios, especialmente se os resultados forem muito apertados.

Apesar de a maioria dos estados já prever essa possibilidade e ter operado com esse sistema em eleições anteriores, é esperado que o número de votos por correio aumente de maneira relevante por causa da preocupação dos eleitores com contaminação por coronavírus nestas eleições.

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Em votações primárias estaduais, realizadas durante a pandemia, foram registradas demoras na contagem e maior número de incidentes que em anos anteriores.

Atrás nas pesquisas, Donald Trump tem promovido a ideia de que a eleição de 2020 está sujeita à fraude em razão dos votos pelo correio, apesar de não apresentar nenhuma evidência que sustente essa tese.

Inclusive, a imprensa dos Estados Unidos vem reportando denúncias de que o governo federal estaria dificultando a transferência de recursos para a preparação de órgãos eleitorais que precisam lidar com a nova demanda.

O presidente americano chegou até a sugerir que as eleições deveriam ser postergadas diante do cenário de pandemia.

Diante da repercussão negativa, mesmo entre republicanos e sem vias legais para fazê-lo, Trump acabou se afastando da ideia.

A chance real de que haja problemas na contagem dos votos indica que pode ser necessário o envolvimento da Corte Suprema e, caso Joe Biden seja o vencedor, não se pode descartar o cenário em que Trump não reconheceria sua derrota.

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Victor Scalet

É analista político e estrategista macro da XP Investimentos, responsável pela pesquisa XP/Ipespe. É mestre em economia e, antes de se juntar à XP, trabalhou por sete anos na área econômica de instituições financeiras.

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Sol Azcune

É analista política da XP Investimentos com ênfase no cenário internacional. Formou-se em relações internacionais pela universidade SOAS, University of London.

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Richard Back

É coordenador de macro sales e análise política da XP Investimentos. Acompanha o cenário brasileiro há uma década e especializou-se também em política internacional.