Fim do efeito sanfona: entenda como o corpo sabota a perda de peso e o que fazer para superar

Descubra como os mecanismos biológicos, como o set point e a memória obesogênica, aliados ao estresse no trabalho, dificultam a perda de peso e contribuem para o efeito sanfona – e veja estratégias práticas para reverter esse cenário.

Paola Machado

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Publicidade

Quando se trata de emagrecimento, perder peso é apenas metade da batalha. A verdadeira dificuldade, para muitos, é manter o peso perdido e evitar o efeito sanfona, aquele ciclo de emagrecimento e reganho que desafia até os mais disciplinados.

O que torna o efeito sanfona tão frustrante? A resposta está em dois fatores principais: o set point do corpo – o peso que ele tenta defender – e a memória obesogênica, um fenômeno biológico em que as células de gordura “lembram” o estado de obesidade, dificultando a manutenção do peso.

Esses mecanismos biológicos, quando combinados com os altos níveis de cortisol gerados pelo estresse, especialmente no ambiente de trabalho, criam um cenário ainda mais desafiador. O estresse crônico favorece o acúmulo de gordura abdominal, aumenta o apetite por alimentos calóricos e reduz a capacidade de tomar decisões saudáveis, como priorizar uma boa alimentação ou praticar exercícios.

Continua depois da publicidade

Mas você sabe o que é o efeito sanfona e por que ele acontece?

O efeito sanfona ocorre quando uma pessoa perde peso, mas volta a ganhá-lo pouco tempo depois. Esse ciclo pode se repetir inúmeras vezes, especialmente após dietas restritivas ou métodos de emagrecimento pouco sustentáveis.

O corpo humano não lida bem com essas oscilações de peso. Durante uma dieta, ele entra em um estado de “alerta”, ativando mecanismos de defesa para proteger o que considera ser o peso ideal. Isso inclui:

Além disso, o conceito de set point ajuda a entender por que o corpo dificulta a manutenção do peso perdido. O set point é o peso corporal que o organismo tenta defender naturalmente, regulado por fatores genéticos, hormonais e ambientais. Quando uma pessoa tenta ficar abaixo desse ponto, o corpo reage como se estivesse enfrentando uma ameaça, aumentando a fome, reduzindo o metabolismo e favorecendo o ganho de peso.

Continua depois da publicidade

Outro fator biológico que agrava o efeito sanfona é a memória obesogênica. Estudos publicados na Nature Reviews Endocrinology revelam que, durante o ganho de peso, as células adiposas (de gordura) não apenas se expandem, mas também passam por alterações epigenéticas – mudanças que afetam como os genes são expressos. Essas marcas epigenéticas programam as células de gordura para “lembrar” o estado de obesidade, fazendo com que o corpo tenha maior facilidade em recuperar o peso perdido, mesmo após o emagrecimento.

Além disso, cerca de 20% do peso recuperado pode vir na forma de novas células adiposas. Diferentemente das células existentes, essas novas células não desaparecem com a perda de peso, tornando cada ciclo de emagrecimento mais desafiador e reforçando o mecanismo do efeito sanfona.

Em contextos de alta pressão no trabalho, esses processos biológicos podem ser intensificados pelo estresse constante. Altos níveis de cortisol, o hormônio do estresse, aumentam o apetite e o desejo por alimentos ricos em açúcar e gordura, criando um ambiente ainda mais favorável ao reganho de peso.

Por que o efeito sanfona é prejudicial à saúde?

O efeito sanfona não é apenas frustrante – ele pode ser tão prejudicial quanto manter um peso elevado. Algumas das consequências incluem:

Continua depois da publicidade

Estratégias para superar o efeito sanfona

Embora o efeito sanfona seja um desafio complexo, envolvendo fatores biológicos, como o set point e a memória obesogênica, e contextos externos, como o estresse no trabalho, é possível combatê-lo com mudanças práticas e sustentáveis.

O ambiente de trabalho, especialmente em posições de alta responsabilidade, é um dos maiores gatilhos para o estresse crônico. Esse estresse eleva os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, que, quando mantido alto por longos períodos, gera consequências negativas para a saúde e o peso. Entre os principais impactos estão a compulsão alimentar, já que, sob pressão, é comum buscar conforto em alimentos ultraprocessados, e a dificuldade em manter hábitos saudáveis, como praticar exercícios ou planejar refeições equilibradas.

Além disso, o cortisol elevado prejudica a qualidade do sono, afeta o metabolismo e aumenta os níveis de fome, criando um ciclo que favorece o ganho de peso e dificulta a manutenção de resultados. Para superar esses desafios e romper o ciclo do efeito sanfona, adotar estratégias eficazes é essencial:

Continua depois da publicidade

Ao implementar essas estratégias, você não apenas combate o impacto do estresse e rompe o ciclo do efeito sanfona, mas também promove uma rotina equilibrada que melhora o bem-estar geral e a saúde metabólica. Pequenas mudanças consistentes podem gerar grandes resultados a longo prazo, permitindo que você alcance e mantenha o peso ideal de forma sustentável.

Autor avatar
Paola Machado

Dra. Paola Machado é Doutora e Mestre em Ciências da Saúde pela UNIFESP, especializada em Fisiologia do Exercício, Nutrição e Fisiopatologia da Obesidade. Com mais de 2000 textos publicados em portais renomados, ela se destaca como uma referência em emagrecimento, performance pessoal e rotinas de sucesso, traduzindo conhecimento científico em práticas acessíveis e eficazes. Siga no Instagram: @machado_paola