Como Biden e Bloomberg podem fazer a Super Tuesday de Sanders?

Para o estado geral da disputa democrata, será importante verificar a vantagem que o socialista obterá em número de delegados em relação aos concorrentes na Super Tuesday. Uma fragmentação entre os nomes de centro pode ajudá-lo

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Nas últimas semanas, foram realizadas eleições primárias nos estados de Iowa, New Hampshire e Nevada, onde vimos a corrida se afunilar. Esses estados são influentes por darem largada à corrida, entretanto, não possuem grande peso eleitoral.

No sábado (29), teremos South Carolina (54 delegados) e depois, na semana que vem, acontece a Super Tuesday, data em que 14 estados e um território votarão: Califórnia (415 delegados), Texas (228), North Carolina (110), Virginia (99), Massachusetts (91), Minnesota (75), Colorado (67), Tennessee (64), Alabama (52), Oklahoma (37), Arkansas (31), Utah (29), Maine (24), Vermont (16) e American Samoa (6). Serão 1344 delegados alocados, 34% do total que ficam comprometidos pela decisão dos eleitores.

As pesquisas mostram que Bernie Sanders lidera em 8 estados, enquanto em 6 estados e na Samoa não há pesquisas o suficiente ou recentes para dar maior clareza do resultado. Autodeclarado socialista, Sanders deve ser o grande vencedor na próxima semana.

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No entanto, para o estado geral da disputa, será tanto ou mais importante verificar a vantagem que obterá em número de delegados. Afinal, é isso que conta na convenção, que será realizada entre os dias 13 e 16 de julho.

Fizemos uma estimativa inicial de quantos delegados cada candidato obterá na próxima semana. Para isso, usamos a média das pesquisas por estado do Five Thirty Eight, quando disponível. Para Arkansas, Utah, Tennessee, Alabama, Vermont e Samoa, ou não encontramos pesquisas ou estavam defasadas ou havia poucas pesquisas na região para dar maior clareza sobre o resultado. Na prática, conseguimos fazer estimativas sobre 1109 delegados, dos 1344 em jogo.

Outro ponto importante é que existe uma cláusula de barreira bastante complexa, mas que, para esse exercício, foi considerado que: não receberão delegados os candidatos que não atingirem 15% dos votos no estado. Esses delegados serão distribuídos proporcionalmente aos candidatos que passarem a barreira.

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Nesse exercício, Sanders teria 727, Joe Biden 138, Michael Bloomberg Bloomberg 134, Elizabeth Warren 65, Amy Klobuchar 39 e Pete Buttigieg 6. O resultado é bastante sensível à chance de Biden e/ou Bloomberg chegarem a 15% na Califórnia.

Devido à cláusula de barreira, Sanders levaria todos (ou quase todos, se for seguir a regra à risca) os delegados da Califórnia, pois Biden e Bloomberg dividem os votos do centro e ficam ambos abaixo da linha d’água.

Para demonstrar a importância do efeito da dispersão do voto moderado com uma cláusula de barreira de 15% dos votos, fizemos outra simulação com uma hipótese bastante particular: somamos os votos de Bloomberg e Biden, como se fossem apenas um candidato.

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Nesse caso, o número de delegados alocados ao candidato fictício Biden+Bloomberg subiria de 272 delegados (138+134) para 525, ficando na frente de Bernie Sanders, que nesse cenário, teria 498 delegados. Só na Califórnia, os 415 delegados de Sanders virariam apenas 222, enquanto teria Biden+Bloomberg 193 delegados.

Considerando que tanto Biden quanto Bloomberg registram mais de 10% nas pesquisas nacionais e têm recursos suficientes para permanecer na corrida até o Super Tuesday – ou mais -, a desistência dos candidatos até o dia 3 de março é improvável – talvez Biden desista caso sofra uma derrota relevante em South Carolina.

Caso ambos permaneçam até o final da disputa, o que parece uma hipótese forte, vemos dois cenários possíveis: o primeiro é que Sanders vença a indicação democrata com mais de 50% dos delegados.

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Já o segundo é que nenhum candidato obtenha a maioria na primeira rodada de votos, com Sanders perto dos 50% e o restante dos delegados divididos entre Biden e Bloomberg. Neste caso, um dos dois candidatos poderia desistir para unir o espaço moderado e, então, ampliar suas chances.

Não obstante, o cenário central parece ser mesmo uma convenção sem que qualquer candidato obtenha maioria no primeiro turno e que a entrada dos superdelegados e a desobrigação dos delegados pese a balança a favor do establishment.

A questão ainda sem resposta nesse cenário, no entanto, é, caso Bernie chegue mais próximo dos 50% dos delegados do que se imagina atualmente, se o partido terá condições objetivas e políticas de lhe tomar a candidatura em favor de um nome como Biden ou Bloomberg.

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O resultado, seja qual for a decisão, parece ser a fragmentação ainda maior do partido e maior fragilidade para um confronto com Donald Trump. Em mundo de Trumps, Bolsonaros, AMLOs e Fernández, só para citar alguns, é muito cedo para descartar qualquer cenário.