Ao deixar a Esplanda, Meirelles ingressou num labirinto chamado MDB

Ter que aguardar o "timing Temer" deve prejudicar consideravelmente as intenções de Meirelles, uma vez que enquanto o presidente não se decidir, o agora ex-ministro não terá muita liberdade e cacife para iniciar, por exemplo, as negociações de montagem da própria chapa. Além disso, também não poderá avançar nas tratativas para formação de palanques estaduais, essenciais para qualquer campanha presidencial.O fato é que ao deixar a Esplanada dos Ministérios na última sexta-feira, Meirelles deu alguns passos para dentro do labirinto chamado MDB.

Erich Decat

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

Publicidade

Erich Decat / Brasília

Os últimos acontecimentos no tabuleiro eleitoral foram engolidos pelos desdobramentos da prisão do ex-presidente Lula. Não era para menos, foi um momento histórico que, com certeza, terá seus impactos tanto no campo de centro esquerda quando no de centro direita.

Mas o fato é que em meio a toda a agitação dos principais veículos de comunicação e de alguns setores da sociedade com o caso (ou ocaso) do ex-presidente, ocorreram alguns eventos nas últimas horas, que também tem relação direta com as próximas eleições.

Continua depois da publicidade

Entre eles a discreta filiação do ex-ministro Joaquim Barbosa ao PSB; o lançamento da candidatura presidencial de Marina Silva pela Rede e a dança das cadeiras na Esplanada, que culminou em mudanças pontuais no Ministério de Minas e Energia e na saída de Henrique Meirelles do comando da Fazenda.

Dentro desse mosaico político apresentado, a ideia deste artigo é o de fazer um recorte no movimento feito por Meirelles.

Com 1% nas pesquisas de intenção de votos, ao deixar o comando da equipe econômica, Meirelles terá que, inicialmente, concentrar seus esforços para abrir caminhos dentro do MDB. O ponto chave é que também está no páreo o atual presidente Michel Temer, que apesar de contar com 1% nos últimos levantamentos, ainda avalia a possibilidade de tentar a reeleição.

Continua depois da publicidade

Ter que aguardar o “timing Temer” deve prejudicar consideravelmente as intenções de Meirelles, uma vez que enquanto o presidente não se decidir, o agora ex-ministro não terá muita liberdade e cacife para iniciar, por exemplo, as negociações de montagem da própria chapa.

Além disso, também não poderá avançar nas tratativas para formação de palanques estaduais, essenciais para qualquer campanha presidencial.

Diante do atual cenário, como está o jogo hoje dentro do governo/MDB?

Continua depois da publicidade

Do lado de Temer, o ministro Moreira Franco, que assumirá o MME, é o maior incentivador e entusiasta da ideia de reeleição.

Do lado de Meirelles, ele conta com o respaldo do atual presidente da legenda, senador Romero Jucá, e de alguns setores da bancada da Câmara.

O ex-ministro tem ainda como “trunfo” o fato de poder bancar parte de sua campanha com recursos próprios, deixando dessa forma mais verba do fundo eleitoral do MDB para as candidaturas nos Estados.

Continua depois da publicidade

Além disso, por ser “cristão novo” na legenda, caso seja eleito, também há um entendimento de que as principais cartas num futuro governo continuariam sendo dadas pelas atuais lideranças.

Por sua vez, lideranças do partido no Senado, como Eunicio Oliveira, Renan Calheiros, Roberto Requião são da tese do “deixa disso”. Questionam para que gastar recursos do fundo em uma candidatura presidencial que parece ser pouco viável. Preferem que o partido concentre esforços nas campanhas regionais.

Qual tese vai prevalecer, isso ainda está longe de ficar claro. O fato é que ao deixar a Esplanada dos Ministérios na última sexta-feira, Meirelles deu alguns passos para dentro do labirinto chamado MDB.

Continua depois da publicidade

Leia também

O governo realmente tem interesse em privatizar a Eletrobras?

Autor avatar
Erich Decat

atua há 10 anos na cobertura política diária em Brasília, passando por veículos como Blog do Noblat/OGlobo, Correio Brasiliense, Folha de S.Paulo. De 2013 até 2017 trabalhou na editoria de política do Jornal Estado de S.Paulo. erich.decat@xpi.com.br