Second Level Thinking

Existe um conceito muito interessante que o Howard Marks prega, que todos deveríamos usar o tempo todo, e que ontem tivemos amplas oportunidades de praticar. Second Level Thinking. O pensamento de primeiro nível é linear, simples e razoavelmente superficial. Segundo o próprio Marks, quase qualquer um pode fazê-lo. Você vê um acontecimento e sabe a […]

Alexandre Aagesen

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Existe um conceito muito interessante que o Howard Marks prega, que todos deveríamos usar o tempo todo, e que ontem tivemos amplas oportunidades de praticar. Second Level Thinking. O pensamento de primeiro nível é linear, simples e razoavelmente superficial. Segundo o próprio Marks, quase qualquer um pode fazê-lo. Você vê um acontecimento e sabe a consequência imediata dele. O pensamento de segundo nível leva em consideração as consequências não previstas e, principalmente, as reações à elas. A Teoria de Jogos, de Nash é puro suco de second level thinking.

A primeira oportunidade que tivemos de aplicá-lo ontem foi na posse da Magda Chambriard. Alguns elementos merecem destaque. À primeira vista parecem simples, mas tem algum efeito oculto a ser considerado. Primeiro, Lula pressionou todos os Ministros na terça, para que remarcassem seus compromissos e fossem ao Rio de Janeiro prestigiar a posse da Chambriard, junto com ele mesmo, claro. Uma demonstração de apoio bastante significativa, e em cima da hora. Outro ponto foi no discurso, e bem no finzinho. Apareceu um ponto que parece particularmente esquisito: “Petrobras pode ajudar o país a enfrentar essa guerra entre Rússia e Ucrânia, retomando fábrica de fertilizantes”. Enfrentar a guerra, acho que ninguém é contra, claro. Mas fábrica de fertilizantes? Bom, vou apenas recomendar que você pesquise a respeito. Use palavras como “Fertilizantes”, “Petrobrás”, “Unigel” e “TCU”. Tente avaliar as condições econômicas da empresa Unigel, a decisão do TCU sobre os contratos dela com a Petrobrás e sobre o dono da Unigel. Provavelmente você nunca ouviu o nome dele, mas com certeza você já ouviu o nome dos amigos dele.

Mas por fim, o grande acontecimento da noite. O COPOM manteve os juros estáveis, como amplamente esperado, no que foi caracterizado como uma “pausa”, não necessariamente um fim de ciclo. E foi unânime. Aqui, recomendo a leitura do One Page de terça-feira, Sinuca de Bico. Essa noite o mercado dormiu em paz, não houve dissenso, e isso é bom. Mas então vem o second level thinking. Quais são as probabilidades de o Galípolo ser o próximo presidente do BC? Se não for ele, quem será? O Picchetti? Votou junto com o Galípolo (é isso que significa “unânime”). Ora, existe uma bolsa de apostas sobre isso, e está começando a aparecer o nome de um tal de Guido e um tal de Aloizio por ali. Sei lá quem são, mas devem ser gente boa.

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Alexandre Aagesen

Com mais de 16 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, CAIA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", professor convidado e Investor na XP Investimentos