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Mercado acompanha discurso do Powell e orçamento americano e (sempre ela) a Treasury de 10 anos responde com novas altas.

Alexandre Aagesen

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Eu adoro os discursos do Powell. Pode falar mal dele quanto você quiser, e eu provavelmente vou fazer coro: já dizia Homer Jay Simpson: “Falar mal dos outros é fácil. E divertido também.” Mas tem uma coisa que o Jerônimo sabe fazer: um discurso. O cara consegue falar por quanto tempo for, sem sair de cima do muro. Sério, é uma ginástica retórica colocar frases como essas numa mesma fala: “Juros neutros podem ter subido”; “Não quero especular em relação à juros neutros”; “Evidências apontam que política (monetária) não está apertada demais”; “Aumento nas taxas dos títulos de longo prazo pode reduzir marginalmente a necessidade de mais aumentos”; e o meu favorito (quem tirar alguma conclusão inovadora daqui, é mago) “Dadas as incertezas e os riscos, e o quanto avançamos, o comitê procede com cuidado”. Puxa vida! Para os juros curtos, deixou claro o tema do discurso: a palavra “inflação” apareceu 27 vezes. Para os juros longos, o que faz muito mais preço é o leilão de títulos que o tesouro tem feito, e principalmente, a falta de compradores abundantes (tirando, claro, o de sempre: o próprio Fed). No todo, tentou acalmar todo mundo daquele jeitão dele… sem sucesso. Na dúvida, mercado tomou juros.

No congresso, ainda sem líder, a discussão é orçamento, principalmente de apoio militar. Biden diz que dá para ajudar todo mundo e tornar o mundo um lugar mais seguro. Os congressistas não têm tanta convicção assim. Enquanto o Biden discute um orçamento “nunca visto” para enviar ajuda à Israel, algumas armas e munições ‘pré-destinados’ à Ucrânia já estão sendo redirecionados para a guerra contra o Hamas. Eu quero que você imagine as reações privadas de algumas pessoas ouvindo essa história: Putin; Zelensky; Jim Jordan; Treasury de 10 anos (pois é, sempre ela).

Agora aquele recap rápido de tudo mais que ta acontecendo. Conforme plenamente antecipado pelos nossos escritórios fictícios do Una Página (leia com sotaque espanhol), começaram de fato a cair as sanções à Venezuela. Impacto brutal imediato nos yields dos títulos soberanos do país. Ainda aqui em LATAM, ontem a Bolívia entrou oficialmente no Mercosul, e domingo temos eleições na Argentina. Milei promete sair do Mercosul se ganhar. Lembro do Silvio Santos perguntando na cabine à prova de som: Você troca sua Argentina por uma Bolívia? “SIIIIIIM!”. O participante ainda não sabe se fez ou não um bom negócio. Temos ainda Petrobrás reduzindo preço da gasolina (e já é consenso o IPCA abaixo de 5% em 2023) e a carteira de investimentos do Hamas sendo bloqueada (imagina o Assessor de Investimentos do grupo nessa hora).

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Alexandre Aagesen

Com mais de 16 anos de mercado financeiro, é CFA Charterholder, CAIA Charterholder, autor do livro "Formação para Bancários", professor convidado e Investor na XP Investimentos