Volvo inicia a era de carros elétricos no Brasil

A média mensal de carros elétricos vendidos antes do XC40 era de 140 carros/mês. Agora, apenas a Volvo tem que entregar 450 carros até o final do ano - isso quer dizer que ela vai dobrar esse mercado

Raphael Galante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Caros leitores, digníssimas leitoras: na semana passada, a Volvo iniciou a “era dos carros elétricos” no Brasil, com a chegada (e entrega) dos primeiros XC40 100% elétricos.

Mas, antes que você diga que já tivemos aqui no mercado brasileiro, antes da Volvo: a VW com seus Golf elétricos; a GM com o Bolt; a Renault com o Zoe; a Nissan com o Leaf; a Peugeot com o 208 elétrico. Além deles, temos o Mini elétrico, o Sérgio Habib tentando dar uma sobrevida com a JAC e seus veículos elétricos. E, se formos voltar mais de uma década, poderíamos afirmar que o primeiro carro 100% elétrico construído por uma montadora brasileira foi a Fiat, com o seu Palio Weekend Itaipu.

O que todas essas montadoras têm em comum é que elas pensam como o Palmeiras: sou o primeiro campeão mundial de clubes… ou seja, só no imaginário delas!

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A primeira marca que EFETIVAMENTE começou a venda (de verdade, não aquela para inglês ver) de produtos elétricos foi a Volvo.

Além disso, ela é a única montadora que tem como cerne fazer a eletrificação de 100% dos seus produtos. E isso já ocorre. Neste ano, mais de 94% dos produtos da marca já são eletrificados e, desde o início deste segundo semestre, 100% dos produtos vendidos são dessa matriz.

No plano mundial da Volvo, a marca quer ter somente produtos elétricos a partir de 2030. E ela vem trabalhando para chegar a essa meta.
Para Volvo, somente o Brasil e a Noruega são os dois únicos mercados (atualmente) onde a marca comercializa apenas carros eletrificados. Isso faz com que o mercado brasileiro tenha uma certa “prioridade” na hora de ofertar os produtos.

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Ou seja, sabe aquelas marcas que pararam de produzir carros por falta de componentes? Isso tenderá a não acontecer por aqui, já que o mercado brasileiro, para a marca sueca, é uma espécie de vitrine para o mundo – diferentemente do que as outras marcas pensam do mercado brasileiro (com exceção da Jeep, que possui uma fábrica de dinheiro lá em Goiana (PE)).
Por isso, quando afirmamos que a Volvo iniciou a “era dos carros elétricos” aqui em terras tupiniquins, é por conta de todos esses motivos.

Outro ponto interessante da marca é que eles possuem aquele conceito de “welfare state”, uma das diretrizes da política sueca. Se as montadoras americanas são mais pragmáticas e as montadoras orientais mais ressabidas, já para o pessoal da Volvo está sempre tudo lindo e maravilhoso! Ou, como diria o “mineirinho”: “tá ruim, mas tá bom!”

E o porquê de tudo isso? É que eles tiveram a coragem/ousadia de convidar o estagiário para o lançamento do produto. Essa foi a maneira mais complicada de rasgar dinheiro… era mais vantajoso eles terem entrado nessas pirâmides de criptomoedas.

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Na verdade, é que lá na Volvo tem um Joãozinho (sempre um Joãozinho) que fica colocando fogo no parquinho!

E o que descobrirmos dessa nova geração de produtos?

A Volvo está trazendo um veículo que ultrapassou a barreira dos 400 km de autonomia! Lembram do nosso primeiro carro elétrico? O Fiat Palio Weekend? Lá em 2009, a autonomia dele era de apenas 120 Km. Perceba que a tecnologia (durabilidade) das baterias vem avançando numa forma exponencial.

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Logicamente que, se você for um dos fãs de “Velozes e Furiosos” ou de “Need for Speed”, a sua autonomia será menor! Por outro lado, se você dirige tipo “Conduzindo Miss Daisy”, a sua autonomia será maior! Mas a barreira teórica dos 400 km de autonomia foi quebrada… é questão de tempo para chegarmos a ter baterias com autonomia superiores a 500 km.

Além disso, existe aquele eterno dilema de Tostines: compro um carro elétrico porque tem onde abastecer ou tem onde abastecer e por isso vou comprar um carro elétrico? Segundo a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), em julho, havia 754 eletropostos espalhados pelo Brasil, um crescimento de 50,8% sobre o último dado do mês de março, quando havia de 500 eletropostos.

Neste caso, existe um mercado gigante a ser explorado na criação dos eletropostos. Por exemplo, neste mês, a startup Zletric captou R$ 5 milhões via crowdfunding – em apenas uma hora e meia – para o seu plano de expansão. Grosso modo, eles querem triplicar a quantidade de seus eletropostos (de 100 para 300) até o final do ano.

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Outra sacada da Volvo, o XC40 elétrico, vem com o novo sistema de infoentretenimento com o inédito sistema operacional Google Automotive Services, que integra o carro aos mais avançados recursos do Google.

Com o Google Assistente, o motorista pode usar a voz para fazer as mais diversas firulas como controlar a temperatura, definir um destino, tocar música e podcasts, enviar mensagens, tudo por comando de voz, sem tirar as mãos do volante.

Visualmente, o que mais vai chamar a atenção do consumidor é a frente do carro. Ou melhor: sabe a grade dianteira na frente do carro? Então, ela não é mais toda vazada! É uma peça única, já que, como o carro é elétrico, não precisa de grade vazada para fazer o resfriamento do motor.

E como é a dirigibilidade dele? A grande sacada é pensar nele como um “autorama”. Como funcionava quando a gente brincava de autorama? Parou de acelerar, ele para na hora! Não existe aqui o deslocamento do carro pela inércia. E é assim com o XC40 e os outros elétricos.

O lado interessante é que esse sistema de frenagem regenerativa faz a autonomia do veículo aumentar. Com isso, sabe aquela troca de pastilha de freios que você deve fazer (em média) a cada 20 mil km? No XC40, você deverá a fazer a troca na revisão dos 100 mil km.

“Ah, mas eu sou muito toupeira para me adaptar a isso!”: não tem problema, é só desligar esse sistema de frenagem e trabalhar com o “tradicional”.

E qual o preço da brincadeira?

Por módicos R$ 390 mil, você leva um para casa e ainda ganha de brinde um Wallbox – com instalação inclusa – para você poder fazer o carregamento do seu carro de um jeito mais fácil e rápido.

Achou caro?

Esse carro está vendendo mais que pãozinho quente!

O lote para esse ano era de 300 unidades. Mas – antes de ele chegar – já acabou. Aí, a caboclada da Volvo conseguiu um lote adicional de 150 carros, mas… também já acabou. Ou seja, se você quiser um XC40, pode até ir a uma concessionária comprar um e esperar até o ano que vem, para recebê-lo!

Ah, mas eu sou de outra geração!

Não tem problema. Como o carro é elétrico, ele não precisa de todo aquele espaço na frente do carro, já que não existe o motor a combustão. E o que eles fizeram? Roubaram a ideia do Fusca e meteram um “mini porta-malas” na frente! Pronto! Você, que é old school, só precisa imaginar que está num “fuscão” mais parrudo!

Ou seja, a Volvo veio para liderar e arrebentar o mercado de elétricos. A média mensal de carros elétricos vendidos antes do XC40 era de 140 carros/mês. Agora, apenas a Volvo tem que entregar 450 carros até o final do ano – isso quer dizer que ela vai dobrar esse mercado!

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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P.S.1 -> Não… não é uma matéria paga! O conceito de “welfare” da Volvo, não chegou ao bolso do estagiário…

P.S.2-> Assim como todo estagiário, a gente também passa por perrengues. Imagina o assento mais fdp³ de um avião? Foi lá que o pessoal da Volvo colocou o estagiário…

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva