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Caros leitores, digníssimas leitoras: parece que a batata está assando para “nuestros hermanos” argentinos!
As últimas notícias apontam para uma provável derrota do candidato de centro-direita (Macri) para o peronista (“vulgo partido dos trabalhadores”) Alberto Fernandéz – o poste da candidata a vice-presidente Cristina Kirchner (já que essa tem uma ordem de prisão decretada contra ela). Antes de qualquer coisa, lembre-se: qualquer semelhança é mera coincidência.
Somos mais adeptos da “teoria Orloff – eu sou você amanhã”; com aquela dor de cabeça terrível de ressaca!
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Voltando para o foco central do nosso post: quais devem ser os impactos disso para o setor automotivo?
Não existe uma separação entre o mercado brasileiro e o mercado argentino de veículos. Ambos vivem numa simbiose perfeita. Cada vez mais os carros são globais, e as indústrias instaladas na região se concentram nesses dois países que representam 75% das vendas na América do Sul.
Quando uma montadora decide construir uma fábrica no Brasil, pode ter certeza: parte da produção será destinada para a Argentina. E vice-versa.
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Por causa disso, quando acontece uma mega-desvalorização como a desta semana, o impacto chega em terra tupiniquim na hora
As vendas de veículos do nosso vizinho chegaram ao patamar de 226 mil carros de janeiro a julho deste ano, ante os 468 mil apurados no mesmo período de 2018. Ou seja, houve uma retração de “singelos” 52%.
E qual foi a consequência para os tupiniquins? A Argentina é, atualmente, um dos principais consumidores dos veículos que produzimos. E, com uma retração de 52% nas vendas, o efeito é mais que imediato.
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Veja como anda nossa indústria neste ano, janeiro a julho: as vendas no mercado doméstico cresceram 12% (1,552 milhão de unidades, frente 1,384 milhão no mesmo período de 2018); já as exportações tiveram retração de 38,4% (264 mil unidades contra 429 mil) e a produção diminuiu 3,6% (1,741 milhão de unidades contra 1,680 milhão).
Devemos — E MUITO — comemorar (mês após mês) o crescimento de vendas no mercado doméstico; é ele que está sustentando a expansão da indústria. Pois o crescimento da produção de veículos foi de apenas 9 mil unidades/mês; que basicamente é o desvio padrão entre o “nada” e “coisa nenhuma”.
O problema da indústria automotiva argentina é que o veículo virou uma commodity. Como a inflação está lá nas alturas, os poucos que ainda estão comprando um veículo fazem isso para manter o poder aquisitivo do seu patrimônio, já que eles não confiam mais nas instituições bancárias. Já abordamos esse tema há seis anos, direto do túnel do tempo (aqui).
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Além disso, temos um agravante que tenderá a piorar a situação da indústria a curto prazo. O governo argentino encontrou a solução mágica, que é dar incentivos ao setor para que os consumidores comprem carros nacionais com um preço melhor! E olha que a gente é PhD nesse trem de dar incentivos; e nunca deu certo… Mas segue o jogo!
O problema da Argentina é estrutural. Fazendo um paralelo: não é tomando os meus “florais” que vou resolver o meu problema de saúde, mas sim aquele antibiótico porrada!
A situação da Argentina só fez com que algumas medidas (de corte de custos) fossem aceleradas. Temos o exemplo de dois modelos que foram descontinuados pela Peugeot no país: o 308 (que continua ativo na Europa) e o 408 (que continua na China). A linha Focus da Ford também foi descontinuada. E como ambos eram exportados para o Brasil, a presença desses modelos no mercado brasileiro automaticamente cessou.
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Ok, já sabíamos que esses modelos iriam morrer. Mas achávamos que seria de “morte morrida” e não de “morte matada”.
O impacto da queda do mercado argentino chegou mais pesado para o pessoal de autopeças. A balança comercial do semestre registrou um déficit de quase US$ 2 bilhões!
Somos palpiteiros e (sabemos que) não entendemos nada do mercado financeiro. Mas, se eu fosse algum dos analistas de mercado que leem esta coluna, ficaria de olho nas empresas Randon (RAPT4) e Marcopolo (POMO4), que vão muito bem obrigado aqui no Brasil, mas possuem operações lá na Argentina. Além de alguma outras…
Mas veja o lado bom: depois dessa desvalorização de quase 25%, estou quase indo para lá abastecer a minha adega e despensa de “El enimigo”; alfajor e doce de leite!
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