O futuro do carro é chinês!

Esqueça os principais polos de desenvolvimento automotivo como Detroit; Stuttgart; Wolfsburg; ou os carros franceses e japoneses! O futuro do carro que vamos dirigir, vai sair da China!

Raphael Galante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Caro leitor, digníssima leitora: sempre quando pensamos no futuro do carro, o que vem na nossa mente (principalmente na minha) são os centros de P&D de Chicago das “Big 3”, ou de alguma montadora “japa”; e até mesmo alguma norma vindo lá das “Europa” ditando o ritmo do que será o futuro do automóvel.

Mas, como diria o grandiosíssimo Mané Garrincha: faltou “…combinar com os russos…”

Ou melhor (e mais atual): “faltou combinar com os chineses”.

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Quando entramos para estudar o mercado chinês (independente do setor), o que sempre devemos nos lembrar (pelo menos o estagiário aqui se lembra) é o conceito de Progressões Aritméticas e Geométricas (Vulgo PA e PG).

No glorioso ano de 2000 (ano em que o Corinthians ganhou o campeonato de verão), o mercado que ditava a regra era o americano, com volume de vendas próximo a 17,4 milhões de carros vendidos. O mercado chinês era de apenas 2,1 milhões de carros, ou 12% do que era vendido no mercado americano.

Mas o mercado chinês avançava com uma taxa média de crescimento na ordem de 17% ao ano, enquanto o mercado americano andava de lado; até que veio a quebradeira do Lehman Brothers entre 2008 e 2009 e, aí amiguinho, o jogo virou em 2009.

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Em 2009, as vendas de carros lá nos states amargaram uma queda de 40% sobre 2000; e as vendas de carros chineses “só” avançou 550% no mesmo período.

A partir daí, foi só alegria para os chineses! No ano passado (2017) o mercado chegou à casa de 29,1 milhões de carros vendidos (crescimento de 1300%) sobre 2000, enquanto o mercado americano cravou 17,6 milhões, ou um crescimento de 1% sobre 2000.

O mercado chinês, que era 12% do mercado americano em 2000, hoje é 55% MAIOR do que o mercado americano.

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Legal! E isso quer dizer…??

Tudo!

O mercado americano está na casa de 17 milhões de carros/ano, num processo de crescimento vegetativo. O mercado chinês é totalmente diferente!

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É um crescimento anual de 17%, mas de novos consumidores. Mas, o “novo consumidor” é aquele cara antenado às evoluções que vem ocorrendo no mercado.

Aí, o pessoal da McKinsey & Company fez um estudo muito legal sobre o futuro da mobilidade.

Tem algumas coisas que – para nós – é obvio ululante, tipo:

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Quando falamos de carros autônomos, a nossa primeira imagem é: ele terá uma maior penetração entre o público mais jovem; nos grandes centros urbanos e – geralmente – naquelas marcas que habitam o mundo de caras. Pois bem, o estudo nos trouxe uma variável que é a penetração por país: Alemanha, China e EUA – só gente pequena!

Na Alemanha, dos que responderam ao questionamento sobre a aceitação do carro autônomo, 63% vêem com bons olhos; na terra do tio Sam esse percentual cai para 54% e, para o pessoal que vende os “Ching ling” lá no promocenter, ficou em 99%.

Outro ponto que mostra o quanto a conectividade É e SERÁ de grande importância, foi quando o estudo perguntou se o consumidor pensaria em trocar a marca do seu carro por outro muito mais “modernoso”

Em geral, o que temos aqui no Brasil, é que existem “toyoteiros”; aqueles que veneram a Honda, e ambos são super fiéis à marca. Pegando a pesquisa da McKinsey; Apenas 19% dos consumidores alemães pensariam em trocar de marca (só imaginando o alemão indo comprar um carro francês); 34% dos consumidores americanos e incríveis 69% dos consumidores chineses trocariam o seu carro atual pelo: “pica das galáxias”, se ele fosse de outra marca e atendesse aos seus anseios.

Ou seja, naquele mercado de 30 milhões de carros novos, 69% dos consumidores trocariam de marca se o carro “a” ou “b” tivesse conectividades/funcionalidades melhores que a marca do meu carro atual!

Outro ponto sempre foi a questão dos carros de aplicativos (vulgo UBER e LYFT). A questão dos carros de aplicativo lá nos EUA sempre teve uma aceitação muito maior nas costas Leste e Oeste. No meio-oeste americano, como Arkansas, Oklahoma e parte do Texas, o que escutávamos dos consumidores de lá era algo tipo “… você pode mexer com a minha mulher, MAS NÃO TOCA NA MINHA PICAPE…” – numa linguagem mais “coloquial”.

Utilizar um carro de aplicativo autônomo (robô-taxi) não passa na cabeça de 58% dos entrevistados americanos e por 56% dos alemães.

A aversão a esse “adorável mundo novo” por parte dos chineses é de apenas 19%.

O mesmo serve para a questão do carro eletrificado! A aversão ainda é grande para o alemão/americano; já os consumidores chineses são os mais entusiastas! Ok… eles não possuem acesso à Tesla, mas eles não precisam! Da mesma forma que a probabilidade da DIDI engolir a UBER num futuro não tão distante, não é nada apocalíptico!

O ponto principal é que o mercado chinês é o mercado ideal para tudo que está sendo desenhado e feito. É o ambiente perfeito (mercado crescente; consumidores adeptos ao novo mundo; crédito; etc). Quer saber como vai ser o mercado de carros no futuro? Esquece o salão de Detroit, Paris, IAA… vai lá para Shangai que você vai ver!

Parece que “essa onda vermelha” está vindo com tudo e vai dominar o mundo! Assim como o Pinky e o Cérebro!

 

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=)

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva