O ANO “SE ARRASTA”, E AS PERDAS CONTINUAM…

Encerrado o mês de novembro, o mercado automotivo vive um ano para se esquecer.

Raphael Galante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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As vendas de automóveis e comerciais leves em novembro encerrarram com volume de 287,2 mil carros, o que representa queda de -8,3% sobre o mês passado e de -3,2% sobre o mesmo período do ano passado. Esse é o sétimo mês onde registramos queda nas vendas.

No acumulado deste ano, temos 3,236 milhões de carros vendidos contra 3,289 milhões sobre o mesmo período do ano passado, perda de -1,6%, ou menos 52 mil carros vendidos.

Mas, apesar de tudo, o ano não foi tão ruim assim, principalmente para algumas marcas. Para outras,  foi P-É-S-S-I-M-O!

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Então, o que devemos celebrar?

  1. Tivemos o ressurgimento da Ford. O novo Ecosport, New Fiesta (Hatch e Sedan) e a Ranger, deram um grande “up” para a marca.  Com a tendência do novo Ka, existe a expectativa da marca manter o seu bom desempenho para o ano que vem.
  2. A Toyota,  celebrou o aumento no seu volume de vendas através da família Etios (Hatch e Sedan). Mas o produto que mais se destacou para a marca, no nosso ponto de vista, foi a Hilux. As vendas da picape nesse ano foram absurdas! Tanto é que a Toyota foi a marca teve o maior aumento no seu faturamento (apenas vendas de veículos). 
  3. Hyundai – Bem, falar dela é chover no molhado! Tá aí o case de sucesso HB20 ganhador de 11 prêmios (em menos de 1 ano) por revistas e órgãos do setor. 
  4. Importados – Isso nos dará um novo post. Vamos falardos resultados da BMW, M. Benz e afins. 

As marcas que não tiveram grande perdas, ou seja, andaram de lado, foram a Renault, GM, Honda e Mitsubishi. No caso da Mitsubishi, que trabalha com produtos de alto valor agregado (preço médio de quase 100k), sempre existirá demanda para os seus produtos; o lado bom é que sofrem pouco em momentos de crise, mas  quando o mercado está bombando, não conseguem captar novos consumidores.

Já a Renault não está com um resultado “tão ruim assim”, pois a marca reforçou a modalidade de venda direta, ou seja, a fábrica vende diretamente aos consumidores. O que num primeiro momento parece ser bom, será muito ruim no médio/longo prazo. Parece que estão destruindo tudo aquilo que levaram anos para construir… vai saber o que se passa na cabeça deles.

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E a GM é um caso atípico. Está na mesma leva que a FORD. Mesmo não apresentando um grande crescimento nas vendas (em volume), conseguiu aumentar o  faturamento neste ano em mais de R$ 1,5 bilhão. O conceito de renovação de produtos adotado foi o sucesso deles!

E, lá na parte de baixo, temos as marcas que tiveram perdas, como: Chery, Jac, Kia, Peugeot, Citroen, Nissan, VW e Fiat. Falar o que deles? Trabalharam na inércia durante o ano!

A imagem abaixo tenta condessar os resultados deste ano:

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Para encerrar, vamos colocar um ponto positivo e negativo.

Positivo:

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Se as vendas de autos estão em queda, as de caminhões e ônibus vão de vento em popa. Com crescimento acumulado de mais de 12%, o setor registra volume total de 171 mil veículos vendidos, contra 152,3 mil sobre o mesmo período do ano passado. O fator relevante é que, quando falamos desse tipo de veículos (caminhões e ônibus) são produtos na faixa de R$ 300 mil. Como consideramos esses veículos como bens de capitais, concluímos que vivenciamos um  investimento produtivo por parte do empresariado. Esses quase 20 mil novos veículos pesados gerou um acrescimo de R$ 6 bilhões em vendas.

Negativo:

Se o mercado de autos está mal, o de motos está MUITO RUIM! Com 1,375 milhão de motos vendidas neste ano, o setor registra perda acumulada de 8,8%, sobre o mesmo período do ano passado, quando vendemos 1,508 milhão de motos, ou seja; nesse ano tivemos praticamente “a perda de um mês de venda”. O mercado de motos registrará o seu pior resultado dos últimos 7 anos. Mas como existe aquela máxima: “Tudo que está ruim, sempre pode ficar pior”, não temos um cenário muito animador para o ano que vem. Com muita sorte, o mercado do ano que vem deverá ser o mesmo deste ano. O grande fator aqui é a falta de crédito, que tenderá a se normalizar de dois a quatro anos.

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Nos próximos posts abordaremos sobre o mercado de importados e faremos nossas projeções para o segmento automotivo.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva