Apertem os cintos, o crédito sumiu!

Um dos indicadores do desempenho do setor automotivo é o crédito. Crédito este que se encontra rarefeito para veículos novos e está em expansão para os usados.

Raphael Galante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Um dos pontos primordiais para o desenvolvimento de qualquer economia é o “crédito”. O crédito é um dos grandes indicadores se a economia vai bem, ou vai mal. A própria termologia do nome “crédito” vem da expressão “crer”  – acreditar em alguma coisa ou em alguém.

E, como atualmente somos um bando de “Alices”, onde vivemos nos “país das maravilhas” com as suas “lógicas do absurdo”, o sr. crédito não quis entrar nesta história e saiu da brincadeira!

Voltando para o “norte central” deste blog, o que vamos trabalhar aqui é a importância do crédito no setor de veículos.

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Para vocês entenderem um pouco mais desta dinâmica; vale a pena  ler aqui, sobre o fraquíssimo desempenho do setor de veículos; e aqui para saber como anda o mercado de usados.

Como o crédito – para nós – é um dos indicadores de confiança para a economia, fomos verificar como andou a carteira de crédito de veículos junto ao BC. A curva de desempenho ficou como a da imagem abaixo.

Ele praticamente está em queda contínua há mais de 60 meses e não rola nem uma “retinha” para mostrar uma certa tendência de que “estacamos a hemorragia”. Que nada! Os saldos das carteiras já diminuíram em mais de R$ 82 bilhões, e parece que “o chão é o limite”.

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E como está a figura do crédito no setor automotivo?

Bem… aí nós recorremos ao pessoal da CETIP, que tem uma série de informações interessantíssimas do setor.

Para vocês terem uma noção da importância do crédito, o que tínhamos no longínquo ano de 2010 era praticamente quase 50% de todos os veículos vendidos entre novos e usados foram financiados. Estamos falando aqui de quase 12 milhões de veículos vendidos, onde quase 6 milhões deles foram financiados.

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E, assim como a curva do gráfico acima, essa participação também foi ladeira abaixo! No ano passado, esse percentual bateu a casa de 31%. Ou seja, tivemos quase 70% de todos os veículos vendidos sendo feita no “cash”, contra  os 50% de 2010.

O ponto aqui, como já comentamos no post anterior, foi que houve uma migração do consumidor do carro novo, para o carro seminovo. No gráfico abaixo, você pode notar que entre 2010 até o ano santo de 2013, a participação do carro novo no total de veículos financiados era crescente. Depois que a “marolinha” chegou, esse percentual mudou drasticamente! Em 2013, quase 44% de todos carros financiados eram de veículos novos, neste ano, menos de 25% são de carros novos.

Aqui, claramente, parece que o crédito não “crê” muito no mercado de veículos novos. O crédito diminuiu, mas para o mercado de veículos novos, ele despencou!

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Na nova concepção dos agentes financeiros, parece que  querem financiar veículos com valores menores. E, sendo os atuais veículos vindo com até 5 anos de garantia, esses agentes podem aumentar um pouco o tipo de carros usados que  financiam, aceitando até veículos “mais velhinhos”.

 E, como falamos no post anterior, o consumidor está se encantando pelos veículos usados.

 E aqui está a grande oportunidade! Existe um potencial muito grande para o setor de veículos usados. Apenas 30% dos veículos são financiados (contra 54% dos novos). Se o crédito parar de sangrar, existe uma grande tendência que ele volte – com mais facilidade – para este mercado. E pode crescer ainda “com certa tranquilidade” uns 10 pontos percentuais. Já o setor de novos, tirando alguma intervenção dos bancos de montadoras que podem auxiliar em muito na concessão de crédito, dificilmente voltará à casa dos 60%. E não na mesma velocidade que o setor de usados.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva