Adorável mundo novo! Início da Era dos carros compartilhados: “ERA UBER”

Apesar de, no geral, o sonho principal de todo brasileiro é ter uma casa e um carro, a cada dia o conceito de “carro compartilhado“ aumenta no Brasil.

Raphael Galante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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O que eu mais gosto da literatura do passado é a capacidade que os escritores tinham para “antever” coisas do futuro. Como, por exemplo, George Orwell em 1984.

O nosso “Adorável mundo novo” (Brave New World) para o setor automotivo já está consolidado!

Não, digníssimo leitor e ilustríssima leitora. Não estamos falando do mundo do Jetsons, com os carros autônomos ou a maravilha (???) dos carros elétricos como o Tesla. Estamos falando dos carros compartilhados!!

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O que temos verificado, é que a geração Y (o finalzinho dela) e a pera-com-leite (Z), adotaram de vez (ou cada vez mais estão pensando nisso) a questão e uso dos carros compartilhados.

Isso é o “efeito UBER”.

No caso os aplicativos (UBER, Cabify – meu preferido, 99) só estão acelerando esse movimento!

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Ahhh, tá, fala alguma coisa nova!

Ok, vamos comprovar isso!

Vamos fazer um teste de adivinhação?

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Tente adivinhar qual é a cidade onde se vende mais carros no Brasil. Pensou? Tem certeza?

Se você falou São Paulo, ERROU!

Hein?

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Sim… A principal cidade do Brasil (São Paulo), o principal centro financeiro; corporativo e mercantil da América do Sul; com os seus mais de 12 milhões de habitantes, não é a principal cidade na comercialização de carros!

A cidade onde mais se consome carros no Brasil, com população próxima a 10% da de São Paulo, é a gloriosa Belo Horizonte.

Vamos ver como foram as vendas nos últimos 13 anos?

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O mercado automotivo está com crescimento nas vendas de quase 6%. A cidade de São Paulo está com retração de 9,4%, e Belzonti registra o glorioso crescimento de mais de 38% sobre o ano passado.

Vendo as curvas do gráfico acima, temos que as vendas de veículos de São Paulo (e de grande parte das cidades do Brasil), começaram a entrar em declínio entre 2011 e 2012. Já Belzonti está na contramão da tônica do mercado, e este ano as vendas dispararam!

Mas o que isso tem a ver com o compartilhamento de carros?

Tudo! Se estamos falando de compartilhamento de veículos, onde o consumidor não será mais o “dono” do carro, ele fará o aluguel dele. Mas, para eu alugar o carro, ele precisa ser de alguém, certo? E parece que esse alguém lá de Belzonti deve ter essa visão semelhante com a minha e está LOCALIZAndo boas oportunidades de compra! (Sacou???)

Em Belo Horizonte (por acaso) ficam as operações de várias locadoras de veículos. Esse aumento de 38% nas vendas de carros está sendo inflada por elas. As locadoras estão comprando os carros, registrando em BH e depois espalham para as suas filiais.

Na real, o mercado para as PJ já corresponde por 38% de tudo que é vendido e algumas montadoras possuem um percentual próximo a 60%

 

 

Se você, caro leitor, pegar um motorista de Cabify, por exemplo, e o carro não for dele (e em geral não é) ele é alugado de alguma locadora de veículos.

Boa parte destes consumidores (como este pobre estagiário) já abandoaram o carro há muito tempo. Boa parte deles utilizam os aplicativos para se locomover e, quando precisam de um veículo para fazer uma viagem próxima, não hesitam em alugar um carro. E, neste caso, este consumidor pode ter uma série de novas experiências. Eu posso alugar um carro da marca X, Y ou Z. Posso alugar um hatch pequeno; SUV ou Sedan Grande. Ou seja, diversas experiências num custo acessível.

Mas o caminho ainda é longo… a geração pera-com-leite é umas das mais adeptas a essa inovação. A geração Z em menor escala e assim sucessivamente, até chegar nos boomers.

Além disso, dos mais de 5,5 mil municípios no Brasil, a Cabify (por exemplo) só opera em sete municípios. Soma-se a isso que quase 15% dos carros vendidos são de picapes pequenas; picapes médias e furgões, que, convenhamos, não são carros assim com “grande apelo” para locação/compartilhamento.

Não sou especialista do mercado financeiro mas, se eu fosse, olharia com mais atenção paras a empresas LOCALIZA e MOVIDA, que são cotadas na bolsa. Pela aquisição significativa de veículos que elas estão fazendo, nos últimos tempos, e com um futuro cenário de compartilhamento de carros se desenhando, talvez haja aí um pulo do gato.

Para encerrar o post e só para seguir a nossa filosofia “the treta has been planted”, se as locadoras estão comprando carros a rodo, licenciando em Belzonti e depois espalhando nas suas filiais, daqui a pouco o glorioso Leviatã (Estado/Municípios) vão criar alguma regrinha para combater tal prática, até mesmo gerando uma bi-tributação! Afinal de contas, numa situação pré-falimentar de todos os estados e municípios, perder arrecadação de IPVA, NEM PENSAR!

 

E aí, o que achou? Dúvidas, me manda um e-mail aqui.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva