1º semestre chega ao fim com mercado automotivo descendo ladeira abaixo

Encerramos o 6º mês consecutivo de queda nas vendas, com alta probabilidade de termos iniciado o 7º mês de retração. Mas, apesar de tudo, tivemos algumas boas notícias no setor

Raphael Galante

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Caros leitores, digníssimas leitoras,

Chegamos ao final do primeiro semestre do ano com notícias nada animadoras para o setor de veículos.
E como foi o desempenho do segmento neste primeiro semestre?

Encerramos o sexto mês consecutivo de queda nas vendas, com alta probabilidade de termos acabado de iniciar o sétimo mês de retração!

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Isso que, usando aquela nossa visão “Poliana” de ver o mundo, a situação se encontra “menos ruim” do que no começo do ano!

Se nos primeiros meses a retração média do setor era na casa dos 25%, nos últimos dois meses registramos uma queda média de 1,5% – e essa deverá ser a tônica do setor daqui até o final do ano, com volume de vendas na ordem de até 5% abaixo ao do que foi registrado sobre igual período do ano passado.

Além disso, tendemos até a ter algum possível lampejo de crescimento nas vendas (provavelmente) em agosto e/ou setembro.

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Mas nada que irá fazer o setor se recuperar! Essa “recuperação” do setor nos meses de maio e junho não foi porque “melhoramos”. Essa melhora, na real, aconteceu porque a base comparativa do ano passado está muito comprometida.

Agora, a conta é saber se a queda nas vendas deste ano será de um ou dois dígitos…

Mas o que tivemos de bom neste primeiro semestre? Porque, apesar da queda, sempre tem aquele pessoal que se destaca. E aí, elaboramos o nosso Top 5.

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O grande destaque deste ano é que aquelas marcas que “num passado não tão distante” eram dadas como mortas estão renascendo como uma fênix. E quase todas do nosso Top 5 entram nessa categoria.

Na nossa quinta posição, com crescimento nas vendas de 14,3% neste primeiro semestre, temos a MITSUBISHI, que vem se destacando no mercado de picapes.

Sua L200 corresponde por quase 70% de todos os carros que a marca vendeu neste semestre. Além disso, eles tiveram a hombridade de arrumar aquela traseira horrorosa do Eclipse Cross e, com isso, conseguiram alavancar o produto.

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Na quarta posição temos a TOYOTA, com evolução de 15,1% nas vendas. O que falar da Toyota? Os japoneses da marca estão sempre em crescimento constante. É uma das melhores montadoras para se trabalhar. Eles são como aqueles ultramaratonistas: a corrida é de 100 km? Não se preocupe, porque chegaremos até o final “de boas”. Diferente de outras marcas que adotam a política do “cavalo paraguaio”: dar aquele tiro fenomenal na largada, e depois desabar…

No caso da Toyota, a grande vitória da marca é a eletrificação em um preço mais acessível dos seus veículos. Além do sucesso do seu Corolla Cross (apesar da “marmita”) e da sua Hilux.

Na terceira posição, temos a CAOA CHERY, com crescimento de 22,3% nas vendas. A Caoa Chery é um forte exemplo de marca que renasceu das cinzas. Sua entrada no mercado brasileiro foi atrelada aos produtos QQ, Face, Cielo – que morreram de “morte matada” e não deixaram saudades!

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Mas, depois que o grupo Caoa deu seu “toque de midas”, a marca renasceu, tendo hoje 2,2% de share em produtos de alto valor (especialmente com a linha de SUV) e, agora, começando com a eletrificação de seus produtos.

Na segunda e na primeiríssima posição, temos a CITROEN e a PEUGEOT, com crescimento nas vendas de 33,4% e 80,5%, respectivamente. Junto com a Mitsubishi e Caoa Chery, as duas marcas francesas foram as que “voltaram à vida”.

De fato, as duas marcas irão quase triplicar o seu volume de vendas num período de dois anos. Elas serão as montadoras que mais cresceram por aqui, saindo de um volume de 27 mil carros em 2020 para cerca de 75 mil veículos neste ano. O grande salto foi a mudança de gestão da companhia, que mudou da água para o vinho, quando ela se fundiu com o pessoal da Fiat/Jeep.

Além desse nosso Top 5, temos também a menção honrosa (apesar de estar mais para “menção desonrosa”): nestes últimos dois meses, vale destacar a recuperação nas vendas da septuagenária VOLKSWAGEN.

A VW que, no começo do ano, estava “andando por um vale de trevas e morte” parece (?) ter se reencontrado. A marca, que estava caindo mais do que jaca madura e registrou o pior resultado de vendas na sua história (em abril), mostrou um excelente poder de recuperação nestes dois últimos meses.

O que parece é que os germânicos da VW decidiram usar a tática da blitzkrieg para recuperar todo o terreno que eles perderam no começo deste ano.

Lógico que sabíamos de toda capacidade que os germânicos da VW têm para saírem do seu inferno astral (Marte estava em Mercúrio retrógado para eles no começo deste ano). Tanto que eles dobraram o seu volume de vendas em maio e mantiveram o ritmo em junho.

O questionamento que fazermos é: até que ponto eles irão continuar no ritmo atual? Em junho, o automóvel mais vendido da marca foi o mítico Gol, com quase 9,5 mil unidades comercializadas (aliás: o Gol foi o automóvel mais vendido do país se excluirmos os comerciais leves, como as picapes.

Considerando-as, o carro mais vendido continua sendo a Fiat “pato” Strada, que teve 9,8 mil unidades vendidas).

Só que o Gol já está com velório marcado para o final deste ano. Até que ponto a VW vai conseguir manter essa pegada?

Não sabemos. Mas, apesar dos pesares, fica aqui a nossa menção honrosa (?) para a VW por essa retomada gigantesca nestes dois últimos meses.

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Raphael Galante

Economista, atua no setor automotivo há mais de 20 anos e é sócio da Oikonomia Consultoria Automotiva