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Como dizem hoje em dia, “não está fácil para ninguém” no mundo dos investimentos. É renda fixa colada na inflação e renda variável que não sai do lugar a mais de 5 anos. Para piorar, mesmo que o rendimento seja pífio, na maioria dos casos ainda temos que pagar impostos (IOF e IR).
Por sorte, hoje existem alguns investimentos que podem ao menos salvar o investidor dos impostos (de maneira legal, é claro), mas que muitas pessoas ainda desconhecem. E não estou falando da famigerada poupança, que inclusive deve voltar aos seus rendimentos tradicionais de 0,5% a.m. + TR nos próximos meses.
As aplicações a que me refiro são em geral títulos privados e fundos que são incentivados pelo governo, dado que o destino de seus recursos são para investimentos em infraestrutura, inovação tecnológica e desenvolvimento imobiliário. Cada um desses investimentos possui um nível de risco, vantagens e desvantagens específicas que podem saciar o gosto de praticamente todos os investidores, do mais conservador ao mais agressivo. Embora seja um pouco subjetiva a classificação de risco de cada um desses investimentos (até porque cada caso é um caso), tentei separar essas modalidades para facilitar a compreensão do leitor. Confira abaixo quais são esses investimentos de que falo:
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Conservadores
LCI (Letra de Crédito Imobiliário)
As LCIs são títulos semelhantes aos mais conhecidos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) nos quais o investidor “empresta” seu dinheiro para um determinado banco que então empresta esse dinheiro novamente para alguém que precise de crédito. No entanto, o dinheiro que os bancos captam através de LCIs só podem ser emprestados sob forma de crédito imobiliário e é justamente por esse motivo que o governo incentiva esses títulos. Assim, a vantagem tributária oferecida pelo governo permite que o emissor da LCI ofereça uma taxa de retorno menor, reduzindo seu custo de captação e barateando portanto os juros para o crédito imobiliário.
Vantagens das LCIs:
- Investimento inicial baixo;
- Garantia de até R$ 250.000,00 pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito).
Desvantagens das LCIs:
- Menor rentabilidade em relação à outras alternativas;
LCA (Letra de Crédito do Agronegócio)
Semelhantes às LCIs, as LCAs tem como objetivo incentivar a captação de recursos para o crédito agropecuário. A principal diferença entre ela e as LCIs é que na maioria dos casos as LCAs são destinadas para investidores qualificados, isto é, investidores que possuam investimentos financeiros (no total) em valor superior à R$ 300.000,00. Entretanto, alguns bancos já oferecerem esses títulos para investidores de menor porte a partir de R$ 30.000,00.
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Vantagens das LCAs:
- Garantia de até R$ 250.000,00 pelo FGC.
Desvantagens das LCAs:
- Menor rentabilidade em relação à outras alternativas.
Moderados
Debêntures Incentivadas
As debêntures são títulos emitidos por empresas privadas não financeiras (por isso o nome de crédito privado) que eventualmente necessitem de recursos. Assim, se uma empresa de grande porte decidir por realizar novos investimentos pode tentar captar esses recursos diretamente do mercado sem necessitar de uma nova linha de crédito bancário.
Tradicionalmente as debêntures não contam com a vantagem tributária de outros títulos, contudo por conta de uma necessidade crescente de investimentos em infraestrutura no Brasil o governo passou a incentivar também debêntures que tivessem o destino dos recursos em investimentos nessa área como a construção e ampliação de rodovias, ferrovias, produção e transmissão de energia elétrica, entre outros.
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Vantagens das debêntures incentivadas:
- Rendimento na maioria dos casos mais elevado que de títulos financeiros de emissão bancária;
- Investimento inicial pode ser baixo;
- Boa liquidez, em muitos casos diária (venda à mercado);
- Usualmente são indexados a índices de inflação, garantindo um ganho real.
Desvantagens das debêntures incentivadas:
- Não possui garantia do FGC;
- Risco de crédito mais elevado.
CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários)
Emitidos por securitizadoras, os CRIs costumam ser os investimentos menos comuns entre os investidores de menor porte. Sua origem consiste na compra do fluxo de pagamentos futuros de um contratos de financiamento, locação ou arrendamento imobiliário. Em outras palavras, esse tipo de aplicação funciona como se o investidor comprasse uma dívida lastreada em recebíveis imobiliários na qual a garantia da operação serão os próprios imóveis.
Vantagens dos CRIs:
- Rendimento na maioria dos casos mais elevado que de títulos financeiros de emissão bancária;
- Usualmente são indexados a índices de inflação, garantindo um ganho real.
Desvantagens dos CRIs:
- Não possui garantia do FGC;
- Risco de crédito mais elevado;
- Baixa liquidez (pode ser vendido antes do vencimento, mas depende do mercado).
FII (Fundo de Investimento Imobiliário)
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O crescimento dos FIIs nos últimos anos foi notável. Dentre alguns fatores, a possibilidade de ter um rendimento mensal isento de imposto de renda e ainda ter a chance de ganhar com a valorização desses títulos, faz dos FII o maior sucesso do mercado financeiro em relação ao aumento na quantidade de investidores dos últimos anos.
O objetivo dos fundos imobiliários é muito simples e consiste na compra de imóveis físicos (como edifícios corporativos, hotéis e shopping centers) e/ou recebíveis imobiliários como CRIs, LCIs e LHs (Letras Hipotecárias), também isentas de IR mas pouco comuns ao investidor pessoa física.
Vantagens dos FIIs:
- Rendimento mensal elevado e muitas vezes garantido por contratos de longo prazo com grandes empresas;
- Potencial de valorização dos títulos a longo prazo;
- Investimento inicial baixo;
- Boa liquidez (depende de cada fundo).
Desvantagens dos FIIs:
- Não possui garantia do FGC;
- Risco de mercado elevado;
- Ganhos com valorização do título tributados em 20%.
Agressivos
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FIDCs incentivados (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios)
Da mesma forma que as debêntures esse tipo de investimento tradicionalmente não conta com a isenção de impostos, mas assim como escrevi na semana passada, novos FIDCs podem vir a se beneficiar dessas vantagens tributárias caso seus recursos sejam destinados à investimentos em infraestrutura.
Resumidamente, os FIDC lembram um pouco as operações dos CRIs ao passo que estes tipos de fundos compram recebíveis de outras empresas, isto é, antecipam os valores de duplicatas e cheques a receber da empresa em troca de uma taxa de juros negociada. Esses fundos podem financiar empresas de qualquer porte e até operações de crédito consignado e por seu elevado risco de crédito são indicados apenas para investidores qualificados. No site da BM&FBovespa é possível encontrar mais informações.
Vantagens dos FIDCs incentivados:
- Elevado retorno em relação a outras alternativas.
Desvantagens dos FIDCs incentivados:
- Não possui garantia do FGC;
- Risco de crédito muito elevado na maioria dos casos;
- Destinado apenas a investidores qualificados;
- Mercado ainda pouco desenvolvido no Brasil.
FIP (Fundo de Investimento em Participações)
Também destinado apenas à investidores qualificados, os FIPs abertos são um tipo de investimento muito recente no Brasil. Recentemente lançado, o FIP-IE XP Omega I teve como objetivo adquirir ativos de geração de energia elétrica da empresa-alvo Omega Energia Renovável S.A.A receita será isenta de IR e estima-se que seu retorno fique em torno de 7,5% + IPCA.
Vantagens dos FIPs:
- Retorno elevado;
- Negociação em bolsa.
Desvantagens dos FIPs:
- Não possui garantia do FGC;
- Risco de mercado elevado;
- Mercado muito recente no Brasil e de difícil comparação e avaliação de risco.
Ações
O mercado de ações dispensa apresentação, mas é muito comum nos esquecermos de que para pequenos investidores esse é um mercado que conta com uma boa vantagem tributária. Para vendas menores que R$ 20.000,00 em um mês, os ganhos do investidor são isentos de imposto de renda. Para investidores jovens e de perfil mais agressivo essa vantagem pode ser crucial para o sucesso de seus investimentos em bolsa.
Além disso, a distribuição de dividendos também é isenta de imposto de renda mesmo para os investidores de grande porte, tornando carteiras de empresas boas pagadoras de dividendos muito atrativas.
Vantagens das ações:
- Potencial de retorno elevado;
- Liquidez elevada (dependendo da ação);
Desvantagens das ações:
- Não possui garantia do FGC;
- Risco de mercado muito elevado;
- Ganhos de capital tributados em 15% para mais de R$ 20.000,00 em vendas no mês.
Como se vê, embora a poupança continue batendo recordes de captação, não faltam alternativas de investimentos mais rentáveis e com diferentes níveis de risco e retorno para se escolher. Contudo gosto sempre de lembrar: é evidente que não existe o “investimento ideal”, mas sim o melhor investimento para cada perfil e objetivo do investidor.