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“Todo mundo acha que tem uma discussão entre nós, uma briga”, ponderou Paulo Guedes em tom queixoso, ontem, durante a nomeação de Rubem Novaes como presidente do Banco do Brasil. E então arrematou: “Nós somos uma equipe muito, muito sintonizada”.
Como se vê, a fala do ministro-guru é um convite à ironia. Principalmente após a última sexta-feira, quando, a começar pelo presidente, o governo demonstrou uma alarmante incapacidade de coordenar pronunciamentos.
Contudo, sem qualquer elo com a gestão recém-empossada, preocupo-me somente em analisar os fatos. No fundo, cabe dar um desconto a Guedes. Não apenas é alvissareiro como faz sentido que ele demonstre paciência frente a desacertos nesse início.
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É alvissareiro pois, ao lado de Sergio Moro, o alardeado “Posto Ipiranga” completa a dupla de ministros fundamental para o governo. Digo, se acaso Paulo Guedes deixasse a administração Bolsonaro antes do esperado, sem nem ao menos encaminhar as reformas liberais tão ansiadas pela sociedade, não apenas o bolsonarismo seria ferido de morte, mas o próprio país conheceria o caos.
E faz sentido, porque não há hipótese de Guedes ter se acertado com a patota em questão, naipes do tipo Onyx Lorenzoni, Ernesto Araújo e Damares Alves, pensando que intelectualmente estivessem na mesma prateleira de discípulos do Milton Friedman. Mesmo sendo ele um neófito na política.
Tudo isso dito, o outro lado da equação ainda pede tempo para se mostrar verdadeiro. Falo aqui da capacidade do presidente em perceber a importância de Paulo Guedes para a viabilidade do seu governo.
A retórica do “se-não-for-para-fazer-diferente-nem-vale-a-pena-ganhar”, a redução dos ministérios, o desprezo por Renan Calheiros e os últimos desencontros são apenas alguns dos exemplos de falação açodada por parte do bolsonarismo. Discursos gratuitos que se transformaram em autênticas pedras no sapato.
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Pois, nesse momento, Paulo Guedes é a maior delas. Paulo Guedes e a sua agenda liberal. Paulo Guedes e a promessa de que conduziria o processo de modernização da nossa economia.
A verdade é que quando Bolsonaro resolve dar pitacos públicos sobre a idade mínima da aposentadoria, colocando um indisfarçável bode na sala da equipe econômica, não parece ter noção do risco que corre o seu governo.
Se existe uma característica comumente atribuída a Paulo Guedes, além da defesa do liberalismo econômico, é o pavio curto. E com justiça.
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Eu me arrisco a dizer: talvez ele repense sua permanência no governo se um dia suspeitar que esta deixou de ter relevância.
E o presidente? Vai arriscar?
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