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Mais do que as chamadas fake news, o que me marcou na última eleição foi a histeria generalizada. Um clima capaz de incutir em todos nós a disposição para debates acalorados até com amigos e parentes. Principalmente com esses.
Em grande medida, essa atmosfera foi alimentada pelos protagonistas da eleição. A histórica capacidade de Jair Bolsonaro para defender o indefensável ganhou os holofotes. Idem para a relutância de Haddad em assumir os crimes cometidos pelo partido.
Ciro também não ajudou. Tampouco tucanos como Tasso e Doria, autores de punhaladas pelas costas como poucas vezes se viu na política nacional.
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Pois, se a eleição já acabou e deixou sequelas — o país ferve desde 2013, é bem verdade, mas nem mesmo a apertada vitória de Dilma há 4 anos preparou o terreno para novos embates como agora —, continuam não faltando atores para inflamar as redes sociais.
Sem dúvida, teremos a esquerda habituada a fazer o pior tipo de oposição possível. Não faltarão aqueles que após permanecerem em silêncio durante 14 anos cobrarão como nunca o governo federal.
Assim como já se percebe a disposição do governo recém eleito em fabricar espantalhos que fomentem a dicotomia a ser centralizada por ele próprio durante os próximos anos. A permanência dos médicos cubanos no país ou o Programa Escola Sem Partido são alguns deles.
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Contudo, nada me parece ser mais gritante do que a atuação de determinados personagens ainda imberbes no debate público.
Nesse quesito, quem diria, a truculência de Paulo Guedes, os sincericídios de Hamilton Mourão e os arroubos dos filhos do presidente perdem de goleada para o estrelismo do futuro chanceler, Ernesto Araújo.
Não se trata apenas de amadorismo, o debate nesse quesito é inglório pois todo o núcleo duro do novo governo cheira a fralda usada por recém nascido, o que impressiona é a sanha pelo estrelato. O desejo de aparecer mais do que deveria.
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Sei lá, posso estar sendo ranzinza além da conta, mas após a exposição de posicionamentos tão amalucados como aqueles em seu blog pessoal, talvez Ernesto devesse baixar a bola ao invés de ficar destilando messianismo nas redes sociais.
Não cabe, a alguém que deveria direcionar os rumos do Itamaraty para trilhos moderados (ao invés de guiná-los na direção extrema oposta àquela adotada na última década), tornar pública a sua veia religiosa e misturá-la com a instituição.
Tampouco tratar o presidente como se fosse um espécie de guru a ser seguido ou alardear via redes sociais o que pensa em fazer no comando da diplomacia brasileira.
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O ânimo para a tarefa que se avizinha é compreensível. Inclusive a empolgação. Entretanto, ainda que tão cedo, talvez fosse o momento de Ernesto submergir.
Afinal, a diplomacia, como demonstra a história, sugere discrição.
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