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Como sabemos todos, além da rejeição ao PT houve um clamor antissistema decisivo para conduzir Jair Bolsonaro à vitória na última eleição presidencial, alimentado durante boa parte da campanha pelo presidente eleito, seus filhos e Paulo Guedes — ao menos enquanto foi autorizado a falar.
Inúmeras foram as vezes em que o compromisso com uma ruptura diante da maneira tradicional de se fazer política foi alardeado. Fosse outra a missão e, garantiram, nem mesmo vencer a disputa eleitoral valeria a pena.
Pois bem, o governo nem sequer começou, mas, em que pese o estado de negação e a retórica já adotada por seus apoiadores, idêntica àquela repetida durante anos por petistas ferrenhos, o cenário não pinta muito distante da realidade habitual. Pelo contrário, assusta.
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A começar por esse episódio malcheiroso envolvendo o recém-eleito senador Flávio Bolsonaro, justo o mais centrado dos três herdeiros do futuro presidente.
Ninguém precisa ser adivinho para imaginar qual seria a reação de boa parte da sociedade se o mesmo episódio — movimentações que somam R$ 1,2 milhão por parte do ex-motorista de um senador eleito, alimentadas por depósitos de funcionários lotados em seu gabinete — envolvesse o outro lado do pátio.
Diga-se, estariam certos se gritassem, assim como transborda sensatez quem agora ergue as orelhas e cobra a apuração mais rigorosa possível do caso, em vez de culpar o COAF e a imprensa por fazerem seu trabalho.
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Até porque, são tão públicos quanto incontáveis os relatórios produzidos pelo Conselho, e ainda mais conhecidas as divulgações na mídia dos escândalos protagonizados pelo PT ao longo dos últimos anos.
Também causou espécie o nível rasteiro da discussão entre o deputado reeleito Eduardo Bolsonaro, a deputada eleita Joice Hasselmann e o senador eleito Major Olímpio.
Não que qualquer um de nós não possa se envolver em algum entrevero. Ainda por cima quando o ambiente envolve essas ferramentas modernas de comunicação que mais ajudam a criar ruídos do que a aproximar as pessoas.
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Entretanto, o tom ginasial e o clima de óbvio divisionismo impõem o questionamento: é essa a turma que pretende mudar o sistema? Serão esses os responsáveis pelo epílogo de Renan Calheiros?
Para além dos bolsonaristas fanáticos, há também quem somente se preocupe com a economia. Tolos, imaginam que Paulo Guedes e sua equipe, apenas pelo fato de urdirem uma agenda promissora, conseguirão dobrar um mecanismo madrasto com quem não tem a destreza para dialogar.
Ironicamente, após um pleito em que o eleitor privilegiou currículos vazios como se fossem atestados de competência, temos de torcer para que nem todo macaco velho tenha o seu galho quebrado.
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Que sirva de lição.
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