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Não foram poucos aqueles que celebraram a confirmação de Joaquim Levy na presidência do BNDES. Com razão. Suas passagens pela Fazenda no governo Fernando Henrique Cardoso, no Estado do Rio durante o primeiro mandato de Sérgio Cabral e ainda como ministro de Dilma Rousseff emprestam ao governo em formação algo que desde o início deixava os mais céticos apreensivos: experiência.
Tal confirmação associada às perspectivas da permanência de Ivan Monteiro no comando da Petrobras e do anúncio de Mansueto Almeida — que em tese pode assumir tanto o Tesouro quanto ser Secretário de Fazenda —, ratifica que não faz sentido deixar de nutrir um fiapo que seja de otimismo perante a luta inglória a ser travada na área econômica, começando pela reforma da Previdência e o desequilíbrio fiscal.
É uma pena, contudo, que a vesguice imposta pelo embate político-ideológico empane notícias tão alvissareiras. Inclusive o mérito inegável de Paulo Guedes em escolher nomes que, não apenas animam o mercado por suas reconhecidas capacidades, mas, insisto, possuem um traquejo no que diz respeito à gestão pública que ele próprio não tem.
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Nas últimas horas, não faltaram formadores de opinião à esquerda do debate buscando atestar a falta de coerência por parte da futura administração Bolsonaro pela escolha de alguém com passagens nas gestões Dilma e Cabral.
Até mesmo quem habitualmente rende loas ao bolsonarismo torceu o nariz para o currículo do escolhido. Como se, frente à ameaça de uma terrível praga que Levy pudesse ter contraído ao prestar serviços ao país, e não a um partido, a sua perícia perdesse importância.
Ora essa, que praga há não resta dúvida. Está evidente em ambos os lados da dicotomia, quando se tenta de tudo para desconstruir os fatos ou até negá-los, se preciso for.
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Pois para além da desconfiança comum aos fiéis, Levy merece uma estátua, isso sim. E, vá lá, talvez também um reconhecimento como otimista máximo do país, dado o seu voluntarismo para se juntar a pessoas cujos temperamentos desaconselham apostas em projetos duradouros.
Acima de tudo, porém, cabe ressaltar o espírito público de pessoas como ele, Mansueto e outros que certamente poderiam trilhar caminhos menos tortuosos e mais lucrativos na iniciativa privada, mas que, no entanto, optam pelo Brasil.
Ao governo Bolsonaro, reservarei as minhas ponderações mais ferrenhas, porque é assim que se faz com qualquer governo, envolvendo Paulo Guedes, Hamilton Mourão, os filhos do presidente ou nomes menos animadores do que esses prestes a desembarcar no time econômico — alguns até melhores de serem imaginados na formação de um reality show.
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Mas também farei constatações positivas, quando essas se mostrarem necessárias. E será ótimo se elas ocorrerem com frequência.
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