Petrobras e a urgência ESG: um pé no presente e outro no futuro

Daqui para frente, os investidores precisarão considerar os fatores ESG para que tenham uma visão e gerenciamento mais sistêmico dos riscos e estejam investidos em empresas capazes de sobreviver ou se adaptar ao futuro que está se moldando

Marina Cançado

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Nos últimos dias, a atenção do mercado foi capturada pela discussão sobre compra-venda das ações da Petrobras e pela tentativa de se compreender os efeitos do intervencionismo presidencial para os investimentos e para o país.

É emblemático notar que, ao mesmo tempo em que há uma necessidade de curtíssimo prazo de os investidores reafirmarem ou repensarem suas posições em relação a Petrobras e ao risco-Brasil, a sociedade é chamada para participar de uma discussão muito mais profunda e orientada ao futuro.

Desde a semana passada, a XP está convidando os investidores brasileiros para a primeira edição temática da Expert – a Expert ESG.

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Ao longo de quatro dias repletos de painéis com especialistas nacionais e internacionais, o evento irá aprofundar e discutir como as questões ambientais, sociais e de governança vão mudar a forma de pensar os investimentos.

O evento começará com uma sessão sobre emergência climática com o professor Carlos Nobre, cientista brasileiro focado no aquecimento global reconhecido mundialmente, presidente do painel brasileiro das mudanças climáticas e ganhador do Nobel da Paz em 2007 junto com toda a equipe envolvida no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.

O objetivo é evidenciar o estado de emergência climático que vivemos e a necessidade de se tomar ações urgentes para reduzir ou interromper a mudança climática e evitar danos ambientais potencialmente irreversíveis.

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Inclusive essa urgência foi reconhecida publicamente por Bill Gates no lançamento do seu livro Como evitar um desastre climático?, há alguns dias.

Na obra, Gates diz que, anos atrás, nunca imaginaria que estaria se tornando uma voz ativa globalmente sobre a questão climática e que superá-la será o desafio mais ambicioso com o qual a humanidade já teve que lidar, exigindo mudanças profundas de comportamento de todas as nações.

Ele é bastante enfático em dizer que precisamos sair das 51 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa lançadas anualmente na atmosfera para zero.

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“Esse número, zero, não é negociável. Se não pararmos de lançar gases de efeito estufa à atmosfera, a temperatura continuará a subir”, diz Bill Gates, que ainda ressalta o desastre que poderia ser ocasionado pelos efeitos do aquecimento global para a humanidade.

Para alcançar o cenário de zero emissões, ele cita algumas ações importantes, como: empregar as energias renováveis de forma mais inteligente e acelerada; investir em inovação e tecnologia para fazer a transição para soluções neutras ou negativas em carbono; e compensar as emissões de carbono.

Ele também comenta que desinvestiu de todas as empresas de combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás) na pessoa física e por sua Fundação, com o argumento: “Não quero lucrar se suas ações valorizarem pela falta de alternativas de carbono zero. Eu me sentiria mal se me beneficiasse de um adiamento da meta zero”.

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Olhando para soluções, a Amazônia é um dos pilares da mitigação das mudanças climáticas.

É consenso na comunidade científica que não há como alcançar as metas estipuladas pelo Acordo de Paris sem a Amazônia. Mais que isso, é preciso urgentemente evitar que se chegue em um ponto de não retorno.

Para dialogar sobre as possíveis soluções para o desenvolvimento sustentável da região, a Expert ESG também contará com um painel sobre o tema.

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Grande parte das soluções necessárias para a transição para um modelo econômico baixo ou neutro em carbono depende de as empresas repensarem seus modelos de negócios.

Por isso, várias sessões da Expert ESG focarão em abordar como conciliar prosperidade para as pessoas, negócios e para o planeta, com nomes como: John Elkington, o “pai da sustentabilidade corporativa”; Jean Case, Chairman do National Geographic; Halla Tómasdóttir, candidata à presidência da Islândia e CEO do B-team; Guilherme Leal, cofundador e copresidente do Conselho da Natura &Co; e Paul Polman, ex-CEO da Unilever.

No último dia, o evento abordará como as dimensões ambientais, sociais e de governança estão sendo incorporadas à análise e à tomada de decisão de investimento.

Existem diferentes formas, tais como: as exclusões e desinvestimentos; o engajamento dos acionistas a fim de apoiar que as companhias melhorem a performance ESG; a busca por investir nas melhores empresas de um setor; os investimentos em temas relacionados à sustentabilidade; entre outros.

Cada uma das formas de se considerar os fatores ESG cumpre objetivos diferentes, cujos resultados financeiros e em termos de impacto estão sendo estudados.

Todavia, independentemente da abordagem escolhida, daqui para frente os investidores precisarão considerar os fatores ESG para que tenham uma visão e gerenciamento mais sistêmico dos riscos e estejam investidos em empresas capazes de sobreviver ou se adaptar ao futuro que está se moldando.

Um futuro baseado em uma economia de baixo carbono, inclusiva, transparente e orientada à prosperidade das várias partes interessadas.

Uma das inspirações presentes nas sessões exclusivas para convidados da XP Private será Daniel Growald, membro da quinta geração da família Rockefeller, co-fundador do BankFWD, uma rede que junta indivíduos e organizações dispostos a utilizar sua riqueza e seu lugar de fala para influenciar os bancos a desinvestirem de combustíveis fósseis.

A iniciativa surgiu entre primos a partir do exercício de olhar para a história da sua própria família, que começou sua fortuna com a fundação da petroleira Standard Oil, e compreender que papel poderiam ter na mitigação das mudanças climáticas.

Além dos desinvestimentos de combustíveis fósseis realizados pela família, a criação do BankFWD tem o propósito de usar o poder da influência coletiva para pressionar os bancos a pararem de financiar empresas de combustíveis fósseis.

A história de Growald e do BankFWD reflete a mudança de valores geracionais que estamos vivendo e a necessidade dos negócios se reinventarem de acordo com o espírito do tempo.

Em muitos casos, os modelos de sucesso que possibilitaram a criação de riqueza até aqui não são os mesmos que valerão daqui para a frente.

Espero você, do dia 02 a 05 de março, na Expert ESG! Vamos juntos explorar um mundo de possibilidades para investir na transformação do mundo.

Inscrições para o evento 100% online e gratuito em: https://eventoexpert.xpi.com.br/

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Marina Cançado

Sócia da XP Inc. e head de Sustainable Wealth da XP Private. É uma das principais vozes no Brasil na agenda ESG. Foi membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República entre 2016 e 2018. Também foi reconhecida em diversas listas, como Forbes Under 30 e 100 Inovadores pelo Clima. É formada em administração de empresas pela FGV-Eaesp e possui uma série de especializações, inclusive em estudos do futuro