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O setor imobiliário brasileiro passou por momentos marcantes em 2024, um ano definido por uma surpreendente reviravolta no cenário de juros globais. Essa mudança deixou marcas profundas, sobretudo no desempenho dos fundos imobiliários, e evidenciou como o setor é fortemente influenciado por políticas macroeconômicas.
Mas novas oportunidades surgiram em segmentos atrelados a indústrias economicamente fortes, como de tecnologia e agronegócio. Com 2025 já batendo à porta, as lições do último ano nos preparam para um cenário desafiador, mas muitas possibilidades seguem colocadas na mesa e merecem um olhar atento.
Em primeiro lugar, os data centers, tema recorrente desta coluna, crescem como um dos protagonistas do setor imobiliário, impulsionados pela potente demanda tecnológica. Aplicativos, inteligência artificial e a digitalização da economia têm ampliado a necessidade de infraestrutura de armazenamento e processamento de dados. Essa tendência promete consolidar os data centers como um dos ativos mais relevantes nos próximos anos, com reflexos positivos tanto no mercado imobiliário quanto em setores adjacentes.
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A logística também continua a crescer, sustentada pelo avanço do e-commerce e pela expansão para novas fronteiras de consumo no Brasil. A modernização da malha logística e o surgimento de novos polos econômicos são fatores estruturais que devem sustentar investimentos nesse segmento.
A força do agronegócio também segue incentivando o setor imobiliário, com oportunidades na construção de infraestrutura para logística, armazenagem e transportes dos grãos brasileiros que abastecem o mundo. Essa necessidade do agro ainda está longe de ser devidamente atendida. Por isso, a expectativa é de que o impacto positivo do agronegócio no setor imobiliário seja prolongado e duradouro independentemente de sazonalidade e percalços.
Os segmentos residenciais também demonstram resiliência: enquanto a habitação econômica tem registrado um crescimento expressivo e o mercado de alta renda permanece inabalado, protegido pelo perfil financeiro robusto de seus consumidores, a classe média tem sofrido com o peso dos financiamentos encarecidos, evidenciando sua vulnerabilidade aos juros altos.
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Olhar para o cenário macro e para essa setorização é um dos pontos centrais para compreender as perspectivas para 2025. Seguiremos com a poupança tradicional insuficiente para financiar a expansão imobiliária e os juros como maior inimigo do mercado imobiliário. A falta de medidas governamentais para conter gastos públicos pode agravar ainda mais o cenário.
O mercado de capitais se consolida, portanto, como uma alternativa robusta. Instrumentos como CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) e outras formas de dívida, que vêm ganhando tração nos últimos tempos, vão oferecer às incorporadoras novas possibilidades de captação de recursos tendo já amplamente substituído o tradicional financiamento pela poupança.
Em 2025, embora os desafios sejam evidentes, o mercado imobiliário brasileiro não está sem alternativas. Olhar para projetos ligados à transformação tecnológica, para as regiões de fronteira agrícola e para o crescimento do setor residencial econômico continuará a ser uma fonte de boas oportunidades. O fortalecimento de opções de financiamento via mercado de capitais, mesmo com juros altos, também sinaliza para caminhos possíveis. 2025 será um ano de resiliência, criatividade e muito planejamento.