Sobe de elevador, desce de escada: o jogo de paciência para assistir ao “nascer” do bull market

O ajuste de política monetária será paulatino, já que nenhum comandante de Banco Central no mundo quer ser lembrado por ter cometido um erro

Lucas Collazo

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(Shutterstock)
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Caros(as) leitores(as),

Me ausentei desse nosso momento semanal nos últimos 15 dias por alguns “contratempos”. Fui assaltado na rua em frente ao trabalho, acabei hospitalizado por uma virose grave na sequência, fora todos os outros desafios de uma rotina para manter o Stock Pickers como principal canal independente do mercado financeiro.

Confesso que não acredito em “inferno astral”, mas considerando que nasci no dia 30 de março, revisitei essa tese – e talvez existam algumas alterações adiante. O mais importante: estou bem e sigo com a oportunidade de escrever para vocês por aqui!

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Nesta semana, tivemos mais uma “super quarta”, com decisões de juros lá nos EUA e aqui no Brasil. Não tínhamos dúvidas quanto aos movimentos das taxas em si, eles já eram amplamente esperados pelo mercado – sem alteração lá e corte de 50 pontos percentuais aqui. Os olhos e ouvidos estavam, na verdade, voltados aos comunicados.

A inflação permanece acima da meta nas principais economias desenvolvidas do mundo, como é o caso dos EUA. Jerome Powell, presidente do Banco Central americano, e sua equipe foram duros ao comunicar que não mediram esforços para que a inflação convirja para a meta estipulada.

Os dados econômicos seguem resilientes na terra do “Tio Sam”, o que leva a crer que teremos apenas um ajuste de restrição nos juros americanos. Um ciclo de cortes curto, talvez como já indicado pelo próprio Federal Reserve, com três reduções.

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No Brasil, a volatilidade do cenário externo, o (eterno) risco fiscal e os “teimosos” preços de serviços são preocupações na visão do Banco Central. O Copom também retirou o plural ao se referir aos próximos movimentos de cortes de juros por aqui.

Sinalização cautelosa, que não interfere na leitura de trajetória de cortes, mas pode fazer menção ao “juro terminal”, ou seja, qual seria a Selic no final desse ciclo. Vamos resumir essa história?

Nos EUA, a dúvida fica para quando será o início do ciclo de cortes e quão curto ele será. Por aqui, será que teremos uma Selic de 9% ao ano no final dessa trajetória de redução ou ela será mais baixa do que isso?

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Muitas dúvidas e poucas respostas (como sempre). Acho que podemos focar no que é claro, certo?

Os juros subiram de elevador e vão descer de escada, essa é a grande verdade. O ajuste de política monetária será paulatino, nenhum comandante de Banco Central no mundo quer ser lembrado por ter cometido um erro, cortar demais os juros e ser obrigado a voltar atrás e retomar um ciclo de alta.

Dessa forma, numa economia em que os investidores foram educados no “rentismo”, existirá uma lentidão maior no ajuste dos portfólios, o fluxo de entrada de recursos para a Bolsa, por exemplo. É exatamente por isso que vemos os preços das ações tão descontados, mas o fluxo comprador ainda tímido.

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O investidor estrangeiro que retirou recursos da nossa Bolsa neste ano, mesmo com ela “barata” dessa forma. O juro real americano interessa a esse alocador de capital, assim como o “rentista” ou o alocador local amam bater suas metas com títulos simples de inflação com taxas atrativas.

Essa conjuntura não é perpétua, nada é tão ruim que não acabe, nada é tão bom que dure para sempre. Tudo mais constante, os juros vão ceder no mundo, esses ativos ficarão menos atrativos e esse investidor(a) deve chegar “atrasado” para investir em ações, fundos imobiliários e assim por diante.

Paciência, meus amigos e amigas, para assistir ao nascer do bull market.

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Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney