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Caros(as) leitores(as),
Acreditem, eu não aguento mais falar sobre a polêmica do “IPCA+6%”. Porém, alguns assuntos são mais relevantes do que outros – e mais: possuem o potencial de marcar um estágio do mercado.
No momento em que vivemos, a remuneração elevada dos títulos públicos atrelados à inflação conduz boa parte das discussões financeiras. É algo difícil de evitar, fatalmente.
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Não por menos, no último fim de semana, estava com alguns amigos em uma confraria de vinho, e alguns deles eram do mercado e levantaram justamente essa discussão na mesa:
“Os modelos de alocação de capital foram construídos em países com juros baixos, eles não são preparados para taxas como inflação + 6% ao ano e vão indicar para você ‘raspar’ tudo que puder” – essa aspa foi um comentário de um dos membros da ocasião.
Acho que fica claro o motivo de tanta polêmica assim, não é?
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Esse patamar de juros na dívida pública não parece ser sustentável, são poucos os países no mundo que emitem títulos com tanta remuneração. Esse patamar de taxa precisa se acomodar em algum momento, ou é melhor procurarmos outro lugar para residir.
Claro, esses papéis já tiveram taxas maiores do que essa no passado, algo como IPCA + 7% ao ano. Por isso não significa que ao comprar esses ativos você ganhará dinheiro nos momentos seguintes, pois as taxas podem abrir ainda mais – e desvalorizar, no curto prazo, o papel da sua carteira. As pessoas que investiram no Tesouro IPCA+ no começo do ano, por exemplo, provavelmente estão com prejuízo neste instante em que escrevo o texto.
De todo modo, as chances de você “bater o CDI” com taxas como essa são maiores do que 80%. Aliás, poucos mercados conseguiram construir um retorno equivalente a esse:
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Um estudo realizado pelo professor Michel Viriato, compartilhado pelo Faria Lima Elevator, esclarece muito bem esse ponto. A tabela acima deixa visual.
Na última década, apenas um ativo rendeu mais que IPCA + 6%: ações de empresas de tecnologia na bolsa americana. O índice de ações americanas de tecnologia, o Nasdaq, valorizou o equivalente a IPCA + 9,7% ao ano nesses últimos 10 anos. No restante, o IPCA + 6% deixou na saudade.
Muitas pessoas no X me questionaram sobre se realmente fazia sentido, afinal o IPCA não é uma medida de inflação perfeita. O argumento acima derruba esse ponto: no que tange retorno absoluto, segue sendo atrativo.
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Obviamente não estou sugerindo que você venda a sua casa e carro para investir nesses papéis, ou mesmo que você abandone a diversificação. Nada garante que os próximos 10 anos serão assim – inclusive, mesmo que seja parecido, as empresas de tecnologia nos EUA foram melhores.
Ah, e essa tabela não leva em consideração a geração de retorno adicional de gestores ativos, que muitas vezes podem superar o retorno dos índices de referência (por muito). Mas a mensagem central é essa: IPCA + 6% é uma ótima remuneração, especialmente se você carregar esses ativos até seus vencimentos.
Pronto, fim de polêmica.
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