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O primeiro mês do governo Bolsonaro pode ser considerado exitoso na economia política. Em dezembro, após a formação da ótima equipe do ministro da fazenda Paulo Guedes, o mercado olhava com lupa como o novo governo se relacionaria com o Congresso, cheio de novatos na “profissão político”.
O início, com alguns desencontros e uma nova forma de fazer política, deixou os investidores (em particular os estrangeiros) céticos em relação ao sucesso do governo que entrava.
Na virada de 2018 para 2019, existiam quatro principais riscos políticos na mesa: (i) os embates internos do partido do presidente, PSL, vazados para o público pelo WhatsApp, se tornassem mais frequentes, desencorajando os outros partidos a apoiarem a agenda do executivo.
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A regra número 1 de qualquer aprovação de reforma impopular é que o partido do presidente seja a maior força motor de apoio da mesma; (ii) caso o Presidente Bolsonaro tentasse de alguma maneira usufruir do poder de seu cargo, concedendo um papel de liderança do governo ou do partido para seus filhos; (iii) se o PSL tentasse rivalizar com Rodrigo Maia o comando da Câmara dos Deputados; (iv) se o Executivo insistisse na estratégia de negociar apenas com as bancadas, deixando os partidos insatisfeitos e aumentando as fileiras da oposição.
Nada disso aconteceu. Pelo contrário. Surpreendentemente, o Presidente Bolsonaro foi o Poder Moderador da história. Resolveu com rapidez o imbróglio entre os deputados calouros do PSL. Nunca mais se ouviu falar de discussões entre os deputados Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselman ou entre esta e o Major Olímpio. Ou qualquer outro tipo de debate público. No segundo risco, não houve sinal de tentativa do presidente em colocar os filhos como líderes do governo na Câmara ou no Senado. Pelo contrário. Fizeram questão de enfatizar que eles não tinham a experiência suficiente (o que é verdade).
Além disso, logo no primeiro dia do ano, o partido PSL anunciou aliança de apoio à recondução do Rodrigo Maia como presidente da Câmara nos próximos dois anos, eliminando qualquer ruído que pudesse ter sobre uma eventual candidatura de algum deputado do partido que “representaria o governo”. Por fim, apesar da formação dos ministérios ter tido um caráter mais técnico-ideológico, com referências militares, intelectuais ou de bancadas temáticas, o fato é que os partidos voltaram ao centro de decisões e começaram a negociar com o governo políticas públicas.
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Ou seja, inegavelmente, todos os riscos que existiam no período pós-eleitoral foram se esvaindo. Não se esgotaram, nem se esgotarão. A disputa de poder, esporte permanente em Brasília, deixa o risco político como uma constante no cenário. Casos como o do senador Flavio Bolsonaro e o assessor Queiroz, ou algumas declarações polêmicas de ministros(as) aprendendo como funciona a máquina de moer de Brasília continuarão acontecendo.
Mas, por ora, não nos parece forte o suficiente para diminuir nosso otimismo com a agenda e sua chance de aprovação. Há pelo menos oito anos não temos um alinhamento tão grande entre o poder executivo e legislativo, em torno de pautas econômicas corretas.
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A reforma da Previdência está no topo de prioridades do presidente da república, da Câmara e até mesmo do “novo Renan Calheiros”, mais liberal, segundo o próprio declarou inúmeras vezes. Isso é uma clara tentativa da classe política tentar pegar carona nessa onda inevitável de reformas estruturais que o Brasil precisa. E isso dá otimismo que podemos ver uma boa agenda sair do papel e se transformar em regras mais justas e lucrativas para todos.
*Ivo Chermont é sócio e economista-chefe da Quantitas Asset
*As opiniões do autor refletem uma visão pessoal e não necessariamente da Instituição Quantitas Asset