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No dia 07 de junho de 2016, o CAE do Senado aprovava por 19 a 8 o nome de Ilan Goldfajn para comandar o Banco Central (BC). Nesta terça, Roberto Campos Neto, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Ilan será sabatinado pela mesma casa. Tudo indica que será aprovado e, portanto, será o fim da era Ilan à frente do Banco Central.
Neste momento cabe uma retrospectiva sobre o legado de Ilan no BC. Poucas instituições na história recente da República Brasileira merecem tantos mais aplausos do que vaias. O Banco Central de Ilan é uma delas.
Poderíamos aplaudir a instituição que pegou uma inflação de dois dígitos (10,7%) e entregou dentro da meta e até abaixo dela por três anos consecutivos (6,3%, 2,9%, 3,7% no triênio 2016-2018).
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Ou porque as expectativas medidas pela pesquisa Focus, que por muitos anos, sucessivamente ficavam acima da meta do Banco Central, para qualquer prazo que se olhasse, refletindo a perda da credibilidade da instituição, voltaram a convergir para a meta e inflação que o CMN (Conselho Monetário Nacional) estabelece para a instituição.
Ou porque, pela primeira vez na história, os juros base da economia migraram para patamares baixos, em 6,5% e lá permaneceram por longo período, com inflação controlada, refletindo a sustentabilidade do processo de redução das taxas de juros. Em outras palavras, nossos juros reais nunca alcançaram 2,5% sem que o Banco Central se visse numa emergência para voltar a subir a Selic a fim de reorganizar a economia.
Ou porque a comunicação da instituição com o mercado mudou de patamar, deixando de lado a política monetária semântica, aonde se contabilizava os apostos para tentar capturar os próximos passos na determinação dos juros, e passou-se a se concentrar no cenário prospectivo para fazer inferências sobre os próximos passos da instituição no ciclo de política monetária.
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Ou porque o Banco Central montou uma agenda, batizada de BC+ cujo objetivo é aumentar a eficiência do setor financeiro, reduzir o custo do crédito, modernizar a legislação, aumentando assim o acesso da sociedade ao sistema financeiro pelo barateamento dos seus serviços.
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Ou apenas porque foi eleito o melhor banqueiro central do mundo em 2018 pela revista britânica The Banker, ligada ao grupo do Financial Times
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Erros aconteceram claro. Alguns acusam o Banco Central de atrasar a queda dos juros em 2016, outros que ele poderia ter sido um pouco mais agressivo nos cortes, ou reduzido o nível de reservas internacionais ou ser menos intervencionista no câmbio. Em todo trabalho existem percalços. Pessoalmente, acho críticas injustas. Em quase todas as circunstâncias, existiam trade-offs. Ganhou-se de um lado, perdeu-se de outro.
O que fica é que o país alcançou de maneira sustentável o menor patamar de juros reais da história com inflação estável e expectativas ancoradas, um cenário de recuperação (lento) de atividade, recuperação da credibilidade do guardião da moeda e um programa extenso de 68 medidas que está aumentando a eficiência, e, portanto a produtividade, do sistema financeiro nacional. Isso tudo foi feito em menos de três anos.
Inegavelmente, Ilan Godfajn e sua equipe deixam um legado importante, e um trabalho fundamental em andamento. Subiram o patamar de comparação da autoridade monetária. Desejo que Roberto Campos Neto consiga manter, ou até mesmo subir ainda mais o nível da instituição. O país agradece.
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*Ivo Chermont é sócio e economista-chefe da Quantitas Asset
*As opiniões do autor refletem uma visão pessoal e não necessariamente da Instituição Quantitas Asset