Publicidade
Campanha presidencial é interessante e um tanto quanto ficcional. Os candidatos a presidente prometem, prometem e….esquecem de “negociar com os russos”. No caso, o Congresso Nacional. Como será a vida do próximo presidente? Será mesmo possível acabar com as velhas práticas?
Vamos analisar o Congresso Nacional e sua provável composição. Comecemos pelo Senado Federal.
O Senado é composto por 81 membros, cujos mandatos duram oito anos. Em 2018, 54 vagas estarão em disputa, enquanto outros 27 permanecem até 2022. Analisando as pesquisas Ibope por Estado, conseguimos ter uma estimativa aproximada do que será a composição do próximo Senado (ver gráfico abaixo) que Haddad ou Bolsonaro terão que negociar para aprovar as tão necessárias reformas constitucionais. Importante lembrar que é necessário que o presidente tenha 49 votos (60% de 81 senadores) para aprovação das mesmas.
Continua depois da publicidade
Nós segmentamos os senadores em 5 grandes grupos para facilitar e simplificar a interpretação.
Observando a composição acima, conseguimos inferir duas coisas:
(i) Se Haddad for presidente, e considerando que nunca existiu margem de negociação com PSDB e PPS, significa que o novo presidente teria como margem de negociação apenas 70 senadores. Ou seja, é inevitável que o PT volte a ter como parceiro o MDB ou os partidos do Centrão para obter os 60% de votos.
Continua depois da publicidade
(ii) Se Bolsonaro vencer, a margem de manobra se reduz ainda mais. Usando como hipótese que os partidos de esquerda estarão todos eles na oposição, o presidente teria que negociar dentro de um universo de 62 senadores, sendo possível “perder” apenas mais 13 senadores. Ou seja, tanto MDB quanto o Centrão continuarão sendo peças fundamentais para a aprovação de reformas constitucionais.
Portanto, saber quem são os Ministros da Fazenda e Presidentes do BC dos favoritos a vencer a eleição é fundamental. Mas, uma informação tão importante quanto será identificar quem são os articuladores políticos do governo e sua capacidade de diálogo junto aos congressistas.
Em resumo, mesmo que na campanha os bordões da ética sejam muito bonitos e acompanhados de muito apoio popular, o fato concreto é que a partir de fevereiro, quem estiver sentado no Palácio do Planalto não conseguirá se livrar da ingrata tarefa de negociar com todos que foram acusados durante a campanha como “a velha política” e os que fazem o “toma lá da cá”. Bem vindo a 2019, o mundo da fantasia acabou.
Continua depois da publicidade
*Ivo Chermont é sócio e economista-chefe da Quantitas Asset
As opiniões do autor refletem uma visão pessoal e não necessariamente da Instituição Quantitas Asset