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Esta é minha primeira coluna neste espaço. Quero agradecer à InfoMoney pela oportunidade. Tenho certeza que será muito proveitoso para mim, por trocar ideias com público tão distinto, e para vocês, caso eu consiga gerar material útil e interessante.
Um tema tem dividido as rodas de debate no mercado financeiro: Bolsonaro tem chance de vencer o pleito já no 1º turno?
A resposta mais objetiva que podemos dar é: não. Ok, mas por que não?
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Usando como hipótese que a distribuição de abstenção é homogênea entre candidatos, resta descobrir qual será o percentual de brancos e nulos para calcularmos os votos válidos.
Desde 1994 a média de votos branco e nulos é de 12%. Mais recentemente, nas últimas 3 eleições, essa taxa caiu sensivelmente, fazendo uma média de 8%. Mas, usemos os 12%, para tentar ver quão alta é a “barra” para Bolsonaro vencer no 1º turno. Se apenas 88% dos votos estão em jogo, isso significa que o candidato do PSL precisa fazer 44% dos votos totais para ter 50% + 1 no dia 7 de outubro.
Como exercício, vamos usar a pesquisa mais favorável a Bolsonaro até agora, a BTG/FSB, em que ele tem 33% dos votos totais. Isso significaria uma distância de 11 p.p.
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É natural que a estimativa da probabilidade passe pela transferência dos votos de Alckmin, Meirelles, Amoêdo e Álvaro Dias, por supostamente serem candidatos mais próximos do ponto de vista ideológico. A soma desses quatro candidatos é de 16%. Ou seja, precisaríamos que 75% dos votos desses quatro candidatos migrassem seus votos nas próximas duas semanas. Será possível? Seria provável?
Leia mais: – É improvável que Bolsonaro ganhe no primeiro turno por 2 motivos, aponta Eurasia
– Bolsonaro eleito no primeiro turno? Datafolha e Ibope mostram que é pouco provável
A XP Investimentos fez duas perguntas inovadoras em sua última pesquisa, na última 6ª feira, que pode nos ajudar a responder a isso. Ela questionou os eleitores dos diversos candidatos: quantos apoiariam Bolsonaro ou Haddad em um eventual 2º turno? Ou seja, seria uma boa proxy para entendermos a simpatia dos eleitores a cada uma das candidaturas. E os números não são animadores para o ex-capitão, candidato do PSL. Cerca de 55% dos eleitores do Amoêdo, 52% de Alckmin e apenas 27% de Álvaro Dias votariam em Bolsonaro no 2º turno. Em seguida, a XP perguntou qual percentual de eleitores de cada candidato estaria disposto a fazer voto útil. A média entre esses candidatos de centro direita é de cerca de 42%.
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Ou seja, mesmo que metade dos eleitores desses candidatos migrassem pro voto útil a favor do Bolsonaro (o que é uma hipótese otimista), este teria cerca de 8 p.p. a mais, o que somaria em torno de 41%, ainda distante dos 44%.
O argumento de maneira objetiva é: mesmo usando hipóteses otimistas a favor de Bolsonaro, na quantidade de votos brancos e nulos (12% ao invés do provável 8-10%), na pesquisa de intenção de votos utilizada (BTG/FSB onde ele tem 33% ao invés do Ibope ou Datafolha onde ele tem 28%) e nos votos úteis dos candidatos de centro-direita (50% ao invés de 42% que admitem migrar), ainda assim, faltaria um pouco para que Bolsonaro alcançasse a tão almejada faixa presidencial na primeira fase do pleito.
No gráfico abaixo fica mais clara a contabilidade. Bolsonaro teria hoje cerca de 37,5% dos votos válidos e se conseguir com que 50% dos eleitores da centro-direita migrem ainda no 1º turno, iria para 46,5%. Ele só obteria vitória em 1º turno se conseguisse que 70% dos eleitores de Amoêdo, Alckmin, Álvaro Dias e Meirelles escolhessem o candidato do PSL no próximo dia 7. Não existe nenhum sinal em pesquisa alguma que isso vá acontecer.
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