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É muito difícil determinar por quanto tempo o preço do petróleo continuará extremamente baixo. Até porque, não é simplesmente uma questão de oferta e demanda simplesmente, há questões politicas envolvidas. Por isso, a maioria dos economistas têm evitado mudar drasticamente suas previsões macroeconômicas. Mas e se a queda de 75% no preço do petróleo for permanente: Qual seria seu impacto sobre as economias mundiais? Quais seriam os maiores vencedores e perdedores?
Em primeiro lugar, os impactos são mais significativos nas economias emergentes do que nas desenvolvidas. Em segundo lugar, dentro das economias emergentes é muito importante distinguir os exportadores, que mais sofreriam, dos importadores, que mais se beneficiariam. Em terceiro lugar, a posição inicial dos fundamentos econômicos dos países seria de extrema importância, e muitos dos principais países produtores de commodities do mundo estão começando o novo ano com fundamentos bem ruins. Os países emergentes estão vivendo em um mundo de fortes instabilidades política (ex: Brasil, Venezuela e África do Sul), tensões geopolíticas (ex: Rússia, Arábia Saudita) e problemas climáticos (África do Sul e Ucrânia).
Vale lembrar que as empresas do setor de petróleo em países emergentes tendem a ser dominados por empresas estatais. Isso complica ainda mais o ajuste fiscal, uma vez que os governos, por razoes óbvias, preferem fazer reduzir drasticamente os investimentos do que demitir funcionários. O problema é que isso compromete produções futuras, o que pode amplificar o impacto do choque. Considerando ainda que as empresas estatais de petróleo têm garantia, direta ou indireta, de seus governos, todos esses problemas podem contaminar a qualidade de crédito dos títulos soberanos desses países.
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Outro fator importante é que os exportadores são mais dependentes do que os importadores Por exemplo, no final de 2014, o FMI estima que a energia foi responsável por 25% do PIB da Rússia, 70% das suas exportações e 50% das receitas do governo. Na Venezuela, o petróleo responde sozinho por 94% das exportações e 47% das receitas do governo. É claro que a desvalorização das moedas locais de países emergentes fez com que a queda do preço fosse menor em moedas locais. Mas os problemas dessa forte desvalorização tendem a vir no longo prazo com elevação da inflação importada e, para países com elevada dívida em moeda estrangeira, agravamento das fragilidades fiscais.
Em suma, em um mundo com o preço do petróleo mais baixo há claros vencedores e perdedores e o mundo não se divide apenas entre mercados emergentes e mercados desenvolvidos. Há uma clara separação entre os emergentes os exportadores e os importadores. E entre os importadores é importante distinguir os que estão em posição de se beneficiar dessa vantagem.