Investindo em títulos brasileiros no exterior

A Standard & Poor’s rebaixou o rating soberano do Brasil de BBB- para BB+ e agora? Já é hora de comprar? Ou vale esperar um pouco mais?

Livia Mansur

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

O rebaixamento

Na última quarta dia 9 de setembro, após meses de especulação, a Standard & Poor’s rebaixou o rating soberano do Brasil de BBB- para BB+. Apesar do movimento de rebaixamento ser esperado pelo mercado, o momento e a decisão de deixar a perspectiva negativa (o que implica em 1/3 de probabilidade de um outro rebaixamento nos próximos 12 meses) não era antecipado pelos investidores.
Para que os pais perca oficialmente o grau de investimento, é necessário que outra agencia também rebaixe o Brasil. Atualmente, os pais continua classificado como grau de investimento pela Moody e a Fitch (Baa3 [estável] e certificação [negativo], respetivamente).
Mesmo assim, o rebaixamento da S&P teve implicações para o universo corporativo dívida brasileira, para quase-soberanos (como Petrobras e Banco do Brasil) e grandes emissores bancários (como Itaú Unibanco e Bradesco) que são apoiados no rating soberano.

E agora?

A remoção da Petrobras, Banco do Brasil e Itaú Unibanco dos índices Barclays Global Aggregate e outros índices IG deveria implicar em uma forte forca de venda por partes dos fundos. Segundo análise da gestora global Investec, nomes como Globopar, Embraer, Fibria e Brasil Foods, entre outros, são suscetíveis de permanecer no universo grau de investimento. Mas outros nomes como Braskem, Klabin e Odebrecht foram colocados sobre perspectiva negativa e podem cair abaixo de IG nos próximos 90 dias.
No entanto, analistas acreditam que muitos investidores avessos ao risco já abriram mão dos papéis Brasileiros, bem antes da notícia oficial. É muito difícil saber qual será a pressão de venda para o maior fallen angel da história, mas é provável que a redução de risco ao longo dos últimos meses já tenha sido significativa.
A prova disso é que, após o rebaixamento pela S&P, o sub-índice JPM CEMBI Broad Brasil foi negociado a um spread de 756 bps, o mais alto nível visto desde o final de 2008 e 162 bps acima do que a CEMBI Broad Rússia (que já foi rebaixada por duas agência de rating). Já os dados do Barclays sugerem os títulos de crédito Brasileiros classificados como BBB já eram negociados a 1,5x os títulos de crédito Americanos classificados como BB, mesmo antes do rebaixamento da S&P ser anunciado. 
Empresas brasileiras enfrentam atualmente um cenário mais difícil em ambas as frentes internas e externas. Mas a curto prazo, a maioria das empresas brasileiras ainda parece relativamente estável e a proporção media de divida/caixa para a curto prazo dívida permanece, em geral, saudável.

Conclusão

Os preços dos papéis podem continuar voláteis em meio a pressões políticas e econômicas. Mas aparentemente o mercado está oferecendo algumas oportunidades para compra de títulos de crédito Brasileiros. Sem dúvida, as condições gerais do mercado Brasileiro podem piorar antes de começar a melhorar. E é extremamente difícil acertar o timing exato de preço mínimo para compra. Mas uma seleção bem-feita de papéis, ajustados ao nível de risco, pode trazer benefícios para o investidor no longo prazo.

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Livia Mansur

Livia Mansur é especialista em alocação de recursos de clientes de alta renda com mais de 12 anos de experiência. Hoje mora em Miami e atua no mercado financeiro internacional.