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Disclaimer: Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar. O autor detém e negocia ativos ligados ao tema abordado em sua carteira proprietária e/ou na de clientes sob sua gestão remunerada.
O setor de transporte marítimo é complicado, para dizer o mínimo. Problemas com a governança corporativa e ciclos bem pronunciados não ajudam a melhorar o estigma da indústria naval. É um setor largado, com poucos analistas o seguindo, e que entrou no décimo primeiro ano de bear market. E é por isso mesmo que estou interessado.
Primeiro, várias empresas no setor estão sendo negociadas abaixo do NAV (valor líquido dos ativos), o que diminui o risco. É o clássico comprar $1 por $0,50. Como já falei várias vezes, não entendo o risco como volatilidade, que embora seja uma medida estatística adotada amplamente para modelagem matemática de risco, no fundo significa muito pouco.
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Risco no seu sentido mais puro e original, e o que levo em consideração, é a chance de se perder dinheiro no longo-prazo. E, se vamos comprar algo muito abaixo do seu custo de produção ou de construção, a chance de se perder dinheiro diminui bastante.
Segundo, as charter rates, que são os valores das diárias de frete, estão nas máximas dos últimos 7 anos e ninguém está prestando atenção. Empresas do transporte marítimo têm uma alavancagem operacional gigante e, em cima dela, uma alavancagem financeira.
Até o ano passado, várias dessas empresas não conseguiam gerar caixa para pagar os custos operacionais – hoje, estão jorrando dinheiro por todos os lados (perdão pelo trocadilho) e as discussões nas conferências trimestrais de resultado giram em torno da definição do que fazer com o dinheiro (dividendos, recompras, crescimento e afins).
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Onze anos de bear market fizeram com que várias empresas desaparecessem ou diluíssem seus acionistas, com emissões de ações a preços e condições desvantajosos, para dizer o mínimo. Com isso, vários bancos perderam rios de dinheiro emprestando para o setor e resolveram fechar as torneiras do crédito. Isso fez com que o número de ordens de novos navios caísse para o menor nível dos últimos 20 anos – e esse é, na minha opinião, o principal fator que define as charter rates.
Além disso, para adocicar ainda mais os investimentos, a IMO (International Maritime Organization), um braço da ONU que regula o mercado de transporte marítimo, anunciou uma nova regulamentação, conhecida como IMO-2020, que entrará em vigor em janeiro do próximo ano, ou seja, em menos de 2 meses.
A nova regulamentação, sobre a qual já escrevi algumas vezes no blog da L2 Capital, obriga que os navios diminuam as emissões de enxofre de 3,5% para 0,5%, o que trará impactos gigantescos para o setor – e, mais uma vez, ninguém está prestando atenção.
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Não entrarei em detalhes sobre os potenciais resultados, como já o fiz algumas vezes, mas vários navios virarão sucata porque não se adaptarão a tempo, outros não conseguirão o combustível ideal e problemas nas rotas começarão a aparecer (guerra comercial, sanções, etc) o que, juntamente com o menor índice de ordens de compra de novos navios, reduz o número de embarcações na água. Ou seja, mesmo que a demanda continue a mesma, a oferta será reduzida, aumentando ainda mais as charter rates.
Com a alavancagem operacional e financeira que essas empresas possuem, podemos ver resultados realmente fora de série no próximo ano. Algumas empresas talvez conseguirão produzir um fluxo de caixa maior do que seu próprio valor de mercado.
Estou sempre atento às oportunidades e, além do urânio, que é, na minha opinião, o melhor investimento que já vi, o setor de transporte marítimo e de exploração de petróleo apresentam várias oportunidades. Cabe a nós aproveitá-las.