Ausência de dados públicos sobre urânio faz com que investidores não enxerguem barganhas no mercado

Informações sobre o metal estão nas mãos de casas especializadas

Marcelo López

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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Hoje fomos agraciados com mais um memo de Howard Marks. Warren Buffett diz que, ao receber um memo de Marks, para o que está fazendo para poder lê-lo. Eu não chego a parar, mas sempre leio com atenção e recomendo que todos também o façam.

Nesse memo, Marks fala sobre as formas de investir em crescimento ou valor (growth and value). Não vou discorrer sobre a íntegra do memo, que preferiria que todos lessem, contudo vou destacar uma passagem que me chamou a atenção. E me chamou a atenção não pela novidade, mas por trazer uma conclusão a qual eu havia chegado na busca por oportunidades assimétricas de investimento.

Marks diz que no passado, barganhas poderiam ser facilmente encontradas por um analista disposto a procurar. O que era difícil era encontrar dados, que não estavam disponíveis com a mesma facilidade de hoje. Por exemplo, ele menciona que os relatórios anuais tinham que ser solicitados às empresas ou estavam disponíveis em bibliotecas públicas. Mas para quem sabia olhar, as oportunidades estavam à vista.

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Eu queria traçar aqui um paralelo com a nossa tese de investimento em urânio, que acredito ser sem igual no mundo de hoje. Apesar de os preços terem subido bastante no ano passado e no início desse ano, acredito que ainda estejamos na infância da infância desse mercado.

Algumas ações subiram algo entre 70% a 400% ano passado. O gráfico abaixo da Paladin mostra o comportamento do preço da ação no último bull market, em azul, em contraste com o ponto em que estamos agora, em branco, e nos permite ilustrar o potencial “explosivo” de alta desse mercado.

Como podemos notar, a empresa já mais que dobrou de preço, mas nada que se compare aos mais de 50.000% de alta que ela alcançou no período retratado abaixo. Do começo ao final do bull market, a ação subiu quase 90.000%. Obviamente a empresa hoje é diferente do que era então, está endividada e isso não é, de forma alguma, uma recomendação de investimento.

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Fonte: Bloomberg, L2 Capital

Ao se depararem com o Urânio, muitas pessoas não sabem sequer por onde começar para acompanhar esse mercado. Elas não têm acesso ao preço do metal, que é disseminado por casas especializadas, não sabem da existência de relatórios importantíssimos para o setor, que são produzidos em inglês, e ainda por cima têm que lidar com vários promoters, que só atrapalham a vida do investidor.

O meu ponto aqui é que estamos trabalhando com um mercado opaco, com poucos analistas acompanhando (e a maioria começou há pouco tempo e não têm vasto conhecimento) e cujas informações são mal disseminadas, causando um grande hiato entre quem realmente acompanha esse mercado e quem não está de fora. Exatamente o que Marks falou no seu memo, ou seja, as grandes barganhas estão aí, escondidas na nossa frente.

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Continuo acreditando que o mercado de urânio apresenta a melhor relação risco e retorno que já vi na vida e entendo que todos deveriam que o estudá-lo mais. Oportunidades assim não aparecem todo dia.

Disclaimer: Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar.

O autor detém e negocia ativos ligados ao tema abordado em sua carteira proprietária e/ou na de clientes sob sua gestão remunerada.

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Marcelo López

Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.