Empreendedorismo e governança corporativa: a nova era da governança “by heart”

Governança está diretamente ligada a cultura de cada organização, e mesmo aquela empresa pequena que deu certo, possui sua cultura

IFL - Instituto de Formação de Líderes

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por Mayara Corrêa*

Quando falamos em governança corporativa nos vem logo a mente aquela estrutura padrão que estamos habituados de conselho de administração, comitês de assessoramento do conselho, auditorias recorrentes, etc. Estrutura esta que o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) desenvolveu e mantém atualizado com maestria, com a publicação de cadernos que nos direciona de forma prática e objetiva para as implementações (https://conhecimento.ibgc.org.br/Paginas/default.aspx).

Quanto mais tempo trabalho com governança corporativa, mais acredito que a governança se cria e cresce em conjunto com a companhia, todas as empresas que dão certo e trazem resultados, possuem de alguma forma uma governança (mesmo que ainda não formalizada e consciente pelo seus sócios e Diretores). E quando questiono estes empresários e dirigentes sobre o tema, a resposta geralmente é negativa.

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Governança está diretamente ligada a cultura de cada organização, e mesmo aquela empresa pequena que deu certo, possui sua cultura. Nosso papel no momento de estruturar esta governança, é entender a cultura da empresa, para que ela reflita nas políticas, comitês e estrutura a ser criada, caso contrário seguiremos fazendo códigos de conduta padrão que ninguém, ou quase ninguém, lê, apenas para mantê-lo anualmente revisado e podermos dizer que ele existe.

A Governança Corporativa já passou por algumas fases, e estamos saindo da fase da governança como comunicação (interna e aos stakeholders), e entrando em uma nova era da governança que precisa ser medida, avaliada, repensada. A pandemia foi um grande impulsionador disso, e as empresas que não possuíam este trabalho bem estabelecido sofreram de variadas formas. É o momento da governança como cultura, mais tangível e coerente.

E como podemos fazer esta autoavaliação em nossos negócios? Listei a seguir alguns pilares importantes para esta reflexão (que são aplicáveis para companhias abertas e maiores, mas que podem ser vistos como um target para as menores). Os insights que compartilho aqui com vocês foram estruturados com base na minha experiência e com base em aulas dos professores de Governança Corporativa do curso Advanced Boardroom Program for Women (ABP-W) da Saint Paul que estou realizando no momento. Entre eles:

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Pensando no Compliance do “dia a dia”, em situações rotineiras, uma das principais reclamações que ouço do mercado é da dificuldade em quantificar e trazer resultados numéricos, principalmente quando falamos em termos de Compliance regulatório de fintechs, insurtechs, e tantas outras “techs” que estão nascendo sob a regulamentação de órgãos regulatórios que existem há muitos anos. Mediante o mapeamento das regulamentações aplicáveis é possível que o Compliance faça uma avaliação qualitativa no nível de aderência regulatória, quantificando o resultado e criando objetivos para desenvolvimento e aumento do nível de maturidade e aderência regulatória – mostrando números, notas de avaliação/aderência, objetivos e um plano de ataque para melhoria contínua e eventuais adequações em processos e controles internos.

O que quero dizer com esta reflexão, é que acima de tudo precisamos rever o papel da governança corporativa em nossas empresas, estamos entrando na nova era da Governança “by heart” (de coração – remetendo a governança que nasce da cultura), e não apenas “by law” (para cumprir leis puramente). Mas vale reforçar que uma não exclui a necessidade da outra, e sim são complementares. Este termo é muito utilizado pelo Professor André Antunes Soares de Camargo em suas aulas e em seu livro Regulação Internacional da Governança Corporativa e do Compliance.

Mayara Corrêa* é graduada em Administração de Empresas pela FEI, com MBA em Gestão Financeira, Controladoria e Auditoria pela FGV-SP. Mayara fundou a Procsy com o objetivo de ser uma consultoria exclusiva, flexível e ágil para estruturar processos e projetos em clientes com padrões internacionais de Governança e Gestão de Riscos.

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O Instituto de Formação de Líderes de São Paulo é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo formar futuros líderes com base em valores de Vida, Liberdade, Propriedade e Império da Lei.