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Por Gilvan Badke*
Um dos fundamentos para desenvolvimento de uma sociedade é a evolução do seu capital humano. Até a década de 1950, entendia-se que os fatores que causavam desequilíbrio no crescimento das nações eram recursos naturais, capital e trabalho.
Posteriormente, constatou-se a incongruência dessa análise, e Theodore Schultz, em seu livro O valor econômico da educação, de Theodore Schultz, revisou a teoria, agregando outra variável, o capital humano.
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Então, sabemos há décadas que o capital humano é um dos ativos responsáveis pela prosperidade econômica de uma nação. Ainda assim, o Brasil é um dos piores países do mundo nos principais índices educacionais. No PISA, prova internacional coordenada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aplicada em 70 países, o país ficou na 63ª posição em Ciências, na 59ª em Leitura e na 66ª colocação em Matemática.
A baixa qualificação dos indivíduos cria um ambiente abundante para a aceitação de ideias sem fundamentos, prejudiciais ao desenvolvimento econômico.
Essa equação, alimentada década após década, resulta em uma cultura de valores obsoletos, criando uma sociedade que questiona a meritocracia em detrimento da produtividade, que amaldiçoa o trabalho duro e enaltece os benefícios imerecidos, que despreza a racionalidade e admira o apelo emocional, que não respeita o livre mercado e perpetua o populismo e a ignorância.
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Nesse contexto, o Brasil desenvolveu sua brasilidade, galgada num cacoete cultural que adota o primitivismo, glorificando-se de seus piores defeitos como a malandragem e o jeitinho. O país não se sobressai no mundo por estar na vanguarda tecnológica ou econômica, por grandes descobertas da ciência ou por produzir feitos que quebram paradigmas e solucionam problemas globais. Talvez um dos grandes feitos do Brasil seja nunca ter ganhado um prêmio Nobel, que reflete essa cultura repleta de elementos que nutrem o baixo capital humano da sociedade.
Para a sociedade amadurecer, faz-se necessário enxergar seus erros. Existem diversos casos de virada de mesa. Um dos mais significativos foi o da Coreia do Sul que, na década de 1960, apresentava índices de desenvolvimento comparáveis com Senegal e Moçambique e, após utilizar a educação básica como motor para o crescimento, atualmente figura entre as principais economias do mundo.
Um dos aspectos que demonstram esse olhar anacrônico do Brasil na tomada de decisões é a forma como aplica seus recursos. Dados da OCDE mostram que, na Coreia do Sul, para cada dólar investido no ensino básico, $ 1,50 é aplicado no ensino superior, naturalmente mais caro. Já no Brasil, há um grande desequilíbrio: quatro dólares gastos no ensino superior para cada dólar gasto no ensino básico, resultando em pessoas com má formação intelectual, cognitiva e educacional.
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A humanidade, através de dezenas de milhares de anos, fez um esforço atroz para sair do primitivismo das cavernas, progredindo através de inovações e estabelecendo instituições como a família e a educação.
Porém, a cultura brasileira parece seguir na contramão dos fundamentos e pressupostos básicos para prosperar, com níveis baixíssimos de capital humano e confiança social.
Querem que voltemos alguns séculos de pensamento e aprendizado racional. Contudo, o progresso tem um caminho simples, o abandono das ideias populistas e dos ideais coletivistas e a retomada na crença do indivíduo, no livre mercado e na supremacia do uso da razão.
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*Gilvan Badke é associado honorário e ex-presidente do Instituto Líderes do Amanhã. Formado em Direito pela FAESA, atua como gestor de negócios especialista em recuperação de empresas e finanças corporativas.