A queda é generalizada, mas a recuperação é seletiva: como escolher quais ações comprar agora

O timing da recuperação tem a ver com as implicações da crise para cada indústria

Guilherme Affonso Ferreira

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(Shutterstock)
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Escrevo depois de dois dias de fortes altas do Ibovespa (9,5% e 7,5%) e em meio a uma nova valorização do mercado nesta quinta-feira.

Sinal de que os tempos ruins no pregão terminaram? Não acredito.

Estamos no meio do caminho de uma montanha russa que ainda vai nos dar frio na barriga por algum tempo. Até que as oscilações fiquem menores e os acessos de pânico se esvaiam.

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Acredito estar falando para os “heróis” que, por razões ativas ou passivas, não venderam suas posições em ações. Tiro meu chapéu para aqueles que tiveram a coragem de comprar mais ou “rebalancearam seu portfólio” (termo técnico que os entendidos gostam de usar) para incluir mais ativos de renda variável durante os momentos agudos da crise.

Tenho convicção de que fizeram boas compras, mesmo que ainda vejam alguma ação que compraram abaixo do seu preço de compra.

Para quem, como eu, é entusiasmado com estas oportunidades que, às vezes, o mercado nos dá, é preciso ter em mente que, embora a queda tenda a ser generalizada, a recuperação é muito mais seletiva.

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O timing da recuperação tem a ver com as implicações da crise para cada indústria. Algumas considerações:

– Redes de farmácias e supermercados até aumentaram seu faturamento na crise, mas, no longo prazo, sofrerão um pouco com a queda do PIB;

– Companhias aéreas, empresas de turismo e redes de hotéis estão entre os negócios que mais vão sofrer, durante e após a crise;

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– Indústrias de alimentos e insumos devem se manter em ritmo “quase normal” durante a crise e sofrer um pouco menos com a recessão;

– As grandes e tradicionais empresas que sempre apresentam bons resultados (antigamente chamávamos de Blue Chips), em geral, são as primeiras ações a se recuperar;

– As exportadoras devem ter um grande impulso com a desvalorização do real frente às moedas fortes

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Poderia prosseguir nessa lista, mas acho que o importante para o investidor interessado em alguma empresa é avaliar quanto a ação caiu e qual deve ser a trajetória dela no curto, médio e longo prazo da indústria e da própria companhia. Tenho certeza de que será possível encontrar boas oportunidades.

Por último, uma boa notícia (nestes tempos, algo raro!). Este veículo noticiou – e sou testemunha na minha gestora – que os fundos de ações captaram liquidamente em março (a matéria fala em $ 5,8 bilhões).

Ótima notícia, porque bolsa vive de fluxo!

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Guilherme Affonso Ferreira

Guilherme Affonso Ferreira é sócio-fundador e chairman da Teorema Capital. Além disso, é conselheiro de empresas como Arezzo, B3 e M Dias Branco. Foi diretor-presidente da Bahema no período em que a companhia foi acionista relevante do Unibanco (1986 a 2008) – e obteve um retorno de 50% ao ano, em dólares, com as ações do banco. Também foi conselheiro da Petrobras de 2015 a 2018, participando do programa de recuperação da companhia.