O passo de Temer que pode destravar R$ 1 bilhão em valor para essa small cap

O verdadeiro negócio por traz de um modelo econômico tradicional!!!

João Paulo Reis

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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O que diria se apresentasse a você uma empresa agrícola com 396 mil hectares de área plantada em terras próprias/arrendadas espalhadas pelo Centro Oeste e na MATOPIBA (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), nova fronteira agrícola, com uma excelência produtiva nas culturas de Algodão, Milho, Soja, etc?

Que novidade há nisso? Seria a pergunta.

Outros diriam: E o risco clima?

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Veja o que aconteceu no ano de 2016 com os efeitos do El Ninõ. Perdas médias de mais de 20% na produção. Estou fora!!!

Tudo certo com o exposto acima. É o que a maioria dos investidores pensam quando é feita uma análise do risco das empresas agrícolas negociadas em Bolsa, baseada apenas no contexto operacional.

Porém, há um ingrediente pouco percebido nessas empresas, ainda não explorado, que pode ser um gatilho de valor neste negócio.

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Voltando um pouco no passado, quando essas empresas usaram o dinheiro captado em seus lançamentos de ações (IPO-Oferta Inicial de Ações) para adquirir terras na nova fronteira agrícola (MATOPIBA), tinham em mente mais que desenvolver as culturas típicas da região:

O desenvolvimento ou incorporação de terras agrícolas.

De forma simples:

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Elas compram terras improdutivas por preços baixos, as desenvolvem (corrigindo solo, usando técnicas como a rotação de cultura, agricultura de precisão e máquinas agrícolas de última geração) e posteriormente as vendem, ou melhor, as venderiam se não fosse um pequeno detalhe.

O Brasil é um país que proíbe a venda de terras para estrangeiros.

Mas para atender a legislação atual, algumas empresas estabeleceram joint ventures com fundos internacionais, nas quais a empresa brasileira é sócia majoritária, aguardando a alteração da lei.

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Contudo, está em tramitação em regime de urgência no Congresso (PL 4059/12) a mudança de tal impedimento, e esse fato pode desencadear um novo mercado no país, e essas empresas estarão um passo a frente, já que tem toda a estrutura pronta para isso.

Para acompanhar o tramite:

http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=548018

Tal questão está na pauta das reformas microeconômicas do governo que é de suma importância para atração de investimentos para o país e consequente recuperação do crescimento.

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Nesse contexto, falaremos dentro do Blog da SLC Agricola.

A SLC Agrícola, opera desde 1977, produzindo commodities agrícolas, como algodão, soja e milho.

Possui 14 unidades de produção localizadas em 6 estados brasileiros que totalizaram 377 mil hectares no ano-safra 2015/16 – sendo 212,6 mil de soja, 93,4 mil de algodão, 67 mil de milho e 4,3 mil de outras culturas, tais como girassol, trigo, milho semente, sorgo e cana-de-açúcar.

A fim de demonstrar a excelência operacional da empresa, nos últimos 5 anos, a produtividade no algodão da SLC Agricola atingiu uma média 9%  superior a média brasileira(1.598 kg/ha versus 1451 kg/ha), sendo que esta é 55% maior que a média dos EUA com 931 kg/ha e 13,81% maior que a média da China com 1404 kg/ha, mas que está a mais de 15 mil Km de distância das Américas.

O mesmo pode ser dito da produtividade na soja no mesmo período: SLC(3006 kg/ha) 3% acima da média do Brasil(2922 kg/ha) competindo de igual para igual com a dos EUA(2919 kg(ha), e 66.53% acima da China(1808 kg /ha).

E do milho, usado como segunda safra: SLC(6.854 kg/ha) com produtividade 38% superior à média do Brasil(4980 kg/ha) e 18,56% acima da média da China(5781 kg/ha), mas perdendo para  EUA(9435 kg/há) e UE(7034 kg/ha).

Lembrando que esses países ou regiões (EUA e UE) tem apenas uma safra e que o milho é usado em segunda safra no Brasil também para recomposição do solo, diminuindo muito o custo de produção.

Dando sequência, o modelo de negócio da SLC é baseado em um sistema de produção moderno, com alta escala, padronização das unidades de produção, tecnologia de ponta, controle rigoroso dos custos e responsabilidade socioambiental.

Como exemplo de controle de custos, as despesas gerais e administrativas por hectare caem 38% desde 2012 (de R$172/ha para R$107/ha) e a produtividade por funcionário sobe 28% no mesmo período (de R$128/ha para R$163/ha), mostrando o compromisso da empresa com eficiência e baixo custo, segredo nas empresas de commodities.

Além disso, a SLC Agrícola desenvolveu uma sólida expertise na prospecção e aquisição de terras em novas fronteiras agrícolas.

O processo de aquisição de terras na faixa de US$1500,00 a US$2000,00/ha de cerrado bruto com alto potencial produtivo também visa capturar a valorização imobiliária (US$5000 a US$6000/ ha) que as terras agricultáveis no Brasil proporcionam em função das vantagens comparativas em relação aos principais produtores agrícolas do mundo, tais como Estados Unidos, China, Índia e Argentina.

E pronta para aproveitar a mudança na legislação, a SLC em conjunto com a Valliance( Fundo de investimentos em terras da Inglaterra), criou a Land Co, joint venture (81,23 % da SLC e 18,77% da Valiance) para aquisição e desenvolvimento de terras, para posterior venda. Essa parceria é responsável por 86.765 ha de terras.

Esse, portanto, seria um excelente veículo para se beneficiar da mudança da lei.

Vamos pensar: em números poderíamos fazer a seguinte estimativa de valor.

Considerando que o ativo total da Land Co disponível para venda é parcela da SLC (81,23% de 86.765 ha =70.479 ha) e sendo que o valor da terra no Centro-Oeste (região das fazendas da SLC) gira em torno de US$3500 a US$5000 dólares por ha (avaliação da empresa conforme relatório do 3t16), chegaríamos ao valor de R$833,8 milhões (Considerando dólar a 3,38 e o valor da terra pelo piso de 3500 dólares/ha).

São valores bem abaixo aos da Região Sul (US$12 mil dólares) que é a mesma faixa de preço de terras nos EUA.

Contudo, devemos lembrar que no Brasil tem uma vantagem competitiva em relação ao Mundo:

Temos duas safras (rotação de culturas), o que reduz muito o custo de produção.

Uma das justificativas para o baixo valor é o problema logístico de escoar a produção, mas que deve ser resolvido com os investimentos no Arco Norte, que já está operando.

Para se ter uma ideia, o custo para se escoar 1 tonelada de grãos de Lucas do Rio Verde(MT) para Santos está na faixa de R$258,72/ton.

Pelo Arco Norte, para o Porto de Santarém(PA) o custo já cai para R$167,49 por ton, ou seja, uma redução 35.26% no frete.

E ainda existe a expectativa do uso de uma nova rota(hidrovia) por Nova Cannaã do Norte, em que o custo pode vir à R$133,36/ton.

Além disso, devemos lembrar que o valor da terra está diretamente ligado a cultura nela produzida e com o dólar. Sendo assim, nos últimos 120 meses a terra valorizou-se 249% versus um CDI de 183%.

Sendo assim, uma vez liberada a venda das terras à estrangeiros a empresa poderia destravar um enorme valor, já que o Enterprise Value(Valor de Mercado + Dívida Líquida) em 09/12/2016 está em R$2,617 Bi e a avaliação auditada pela Deloitte de todos os ativos feita pela empresa gira em torno de R$3,685 bi.

Um desconto de mais de R$1 Bi!!! Ou quase 30%.

E como bônus para 2017, estaria a previsão de uma safra 14,2% superior à deste ano, melhorando o desempenho operacional da empresa (dados de novembro do IBGE).

Assim, penso que estamos diante de uma oportunidade.

Até a próxima!!!

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João Paulo Reis

É gestor do Venture Value FIA, sócio da Biguá Capital desde o seu surgimento em 2006, acumulando experiência na seleção e análise das empresas listadas na Bolsa