Fundos de crédito são boas opções de investimento; veja tipos

Na atual configuração macroeconômica, o investimento em crédito é muito atrativo e comporta diferentes perfis de risco

Evandro Buccini

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Depois de dois anos de saída de recursos de fundos de investimentos, 2024 está sendo um ano positivo, de captações. Até setembro, houve entrada de R$ 253 bilhões, algo totalmente explicado pelos fundos de renda fixa, em especial aqueles que compram crédito privado.

A taxa de juros elevada, a performance aquém do CDI em multimercados e ações e mudanças regulatórias explicam o bom ano de crédito e os resgates nos outros fundos. A demanda forte levou à queda das taxas de juros que as empresas pagam ajudando a melhorar seus resultados e viabilizar projetos, mas diminuindo os retornos futuros dos investidores.

Há diversas possibilidades de investimentos em ativos e fundos de crédito. Em comum, eles costumam ter menor volatilidade e risco do que ações e retornos elevados, já que a taxa de juros soberana (que o governo emite títulos) está alta.

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Os fundos podem ser fechados, com prazo determinado ou negociados em bolsa, ou abertos, que são investidos e regatados através de plataformas de investimentos. Os principais tipos de fundos de crédito são: corporativos, imobiliários, agro, infraestrutura e FIDCs (fundos de investimentos em direitos creditórios).

Os primeiros compram ativos emitidos por empresas, normalmente grandes companhias, e são abertos. Os imobiliários e do agro são principalmente fechados e compram CRIs e CRAs, que são títulos lastreados em emissões das empresas desses setores, muitas vezes com garantia real (imóveis e recebíveis) e possuem benefício tributário, seus rendimentos não pagam imposto de renda.

Os fundos de crédito de infraestrutura podem ser abertos ou fechados, compram debêntures emitidas por projetos em setores definidos por lei e possuem benefícios tributários, neste caso tanto nos rendimentos, quanto nas amortizações ou ganho de capital.

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Já os FIDCs são os fundos mais abrangentes tanto em termos dos ativos que eles podem comprar e do risco que os investidores estão expostos. Normalmente existem pelo menos dois tipos de cotas nesses fundos, a sênior e a júnior, que recebem o nome pela preferência que possuem em receber os recursos. O cotista sênior é o primeiro a receber de volta os juros e o principal de seus investimentos, enquanto o júnior é último.

Entre os principais tipos, existem fundos de grandes empresas para financiar seus fornecedores e clientes, com garantia corporativas e subordinação. Outro muito comum, e o que as pessoas mais identificam com FIDCs, são os “multicedentes e multisacados”, fundos em que uma empresa, a cedente, encontra os clientes, os sacados, para antecipar recebíveis, descontar duplicatas, enfim, emprestar dinheiro, normalmente por prazos curtos.

Do lado mais arriscado do espectro são os FIDCs que podem comprar ativos não padronizados, como antecipar recursos em um processo judicial ou comprar um precatório. Um dos atrativos principais dos FIDCs atualmente é que as cotas seniores, que têm uma remuneração fixa (por exemplo CDI+2%) costumam ter pouca ou nenhuma volatilidade na marcação a mercado.

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A demanda por fundos de crédito abertos continua forte e são os únicos com captação expressiva em 2024. De acordo com a Anbima, os fundos de renda fixa captaram mais de R$300 bilhões este ano e a maior parte foi naqueles que compram crédito privado. Aqui, o efeito das marcações a mercado é positivo, com os spreads de crédito comprimindo muito nos últimos meses.

Uma empresa com rating AAA que fizesse uma captação de debêntures no começo do ano pagaria, em média, 1,15% acima do CDI ao ano. No final de outubro essa mesma empresa pagaria consideravelmente menos, 0,6% acima do CDI. Para as empresas com rating AA, esse prêmio caiu de 1,8% para 0,9% e aquelas com rating A saíram de 2% para 1,6%. Uma estratégia comum dos gestores, atualmente, tem sido deixar os fundos com mais caixa, comprar debentures de prazos mais curtos, mas em percentual menor do que no passado e aumentar a parcela de FIDCs.

Os FIDCs estão mais blindados dessa redução de taxa de juros, mas não totalmente. Há uma avenida de crescimento enquanto o mercado de capitais ocupa espaços que antes eram dos bancos. Sem volatilidade na cota, mas também com riscos de crédito, esses ativos têm atraído os investidores que estão machucados com a marcação a mercado das principais classes de ativos.

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Na atual configuração macroeconômica, o investimento em crédito é muito atrativo e comporta diferentes perfis de risco. Em algumas alternativas mais líquidas, o retorno esperado está baixo em relação ao passado, mas ainda é possível achar boas opções, em especial nos produtos menos líquidos, mais estruturados, como os CRIs, CRAs e FIDCs.

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Evandro Buccini

Sócio e diretor de gestão de crédito e multimercado da Rio Bravo