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Os últimos dias não têm sido fáceis para investidores, principalmente para os iniciantes. Afinal, não é fácil ver suas economias derreterem quase 10% em apenas dois dias. Como diria um famoso locutor esportivo: “é teste para cardíaco”.
Já gestores mais experientes, acostumados com turbulências, conseguem passar pelo momento com mais tranquilidade, apesar das incertezas. Não raro, alguns enxergam o momento como uma oportunidade de ir às compras com a queda de valor nos ativos.
Diante dessa queda, a pergunta ser feita é: o quanto da redução é ancorada em fundamentos reais e o quanto está ligada aos vieses comportamentais psicológicos?
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Em parte, a queda da bolsa brasileira é explicada pelo aumento da incerteza quanto a uma recessão global. Como a economia de vários países é dependente do gigante asiático, uma desaceleração econômica na China pode afetar negativamente o PIB brasileiro.
Com mais pessoas ficando doentes por lá, há um efeito em cascata em toda a cadeia de suprimentos chinesa, que poderá levar a uma menor produção de bens e serviços, reduzindo a taxa de crescimento do país.
Além do efeito sobre a produção, a doença poderá também reduzir o consumo, variável importante na formação do PIB.
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Para piorar, esses temores não se resumem apenas à China, mas há vários países. Com a chegada do vírus à Itália, aumenta-se ainda mais as incertezas em relação às economias europeias, potencializando o risco de uma epidemia global.
De certo modo, antes mesmo do coronavírus, o mercado já contava com um risco de uma desaceleração global. A pergunta não era se iria ocorrer uma recessão mundial, mas quando ela iria acontecer. O que o coronavírus fez foi acelerar esse temor. Hoje, a questão é: o coronavírus foi o gatilho para o início desse processo recessivo ou apenas um alarme falso?
Independentemente da resposta acima, temos que ter em mente que ciclos recessivos não duram para sempre, e os países são atingidos em maior ou menor grau pelos efeitos globais. Nesse sentido, vale mais a pena analisar os fundamentos da economia brasileira para a geração de crescimento sustentável para os próximos anos do que a volatilidade de curto prazo trazida pelo coronavírus.
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Entre esses fundamentos, merecem destaque os juros estruturalmente baixos, reformas fiscais e a melhora no ambiente de negócios. Por outro lado, devemos ficar atentos quanto à aprovação de outras reformas, como a tributária e a administrativa.
Certamente o entendimento e o prognóstico dessas questões pesam muito mais para economia brasileira e para a bolsa no longo prazo do que o coronavírus. Diante disso, o ministério da Economia e da Saúde “advertem”: tomar suas decisões de investimento baseadas apenas na volatilidade de curto prazo pode causar perda de dinheiro e problemas no coração – piores do que os sintomas do coronavírus.
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Alan Ghani é economista, PhD em Finanças e professor de pós-graduação.
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