Análise eleições municipais: o PT é o grande perdedor nas capitais

Neste próximo domingo, teremos eleições municipais. A corrida para prefeito é um bom indicador do que poderá ocorrer na disputa presidencial de 2018. Por enquanto, o PT é o grande perdedor; e o antipetismo, o grande vencedor nas capitais. O texto traz um cenário das eleições 2016 nas capitais e uma análise dos desdobramentos para a eleição presidencial de 2018.

Alan Ghani

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Neste próximo domingo, teremos eleições municipais. A corrida para prefeito é um bom indicador do que poderá ocorrer na disputa presidencial de 2018. Por enquanto, o PT é o grande perdedor; e o antipetismo, o grande vencedor nas capitais. 

Das 26 capitais em disputa, o cenário mais provável é que o PSDB fique com 5 prefeituras (BH, Maceió, Manaus, São Paulo e Teresina), o PMDB com 4 ( Boa Vista, Florianópolis, Goiânia e Porto Alegre) e o PT apenas com uma capital (Rio Branco). Este cenário foi elaborado de acordo com as últimas pesquisas Ibope para primeiro e segundo turno, conforme tabela abaixo.

Partidos total de capitais % do totall
PSDB 5 19%
PMDB 4 15%
PSOL 2 8%
PSD 2 8%
PDT 2 8%
PTB 2 8%
PSB 2 8%
PCdoB 1 4%
PMN 1 4%
PR 1 4%
Rede 1 4%
PRB 1 4%
DEM 1 4%
SD 1 4%

Tudo indica que os 13 anos no comando do governo federal, o dinheiro em caixa oriundo dos roubos na Petrobras, o apoio de uma militância fiel e organizada (“Fora Temer”), a simpatia de boa parte da imprensa e de professores universitários não foram suficientes para conter as consequências da grave crise econômica e da operação Lava Jato para o PT nas urnas. O PT deve amargar sua segunda importante derrota em 2016 (a primeira foi o impeachment de Dilma Rousseff)

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O maior exemplo do antipetismo está em São Paulo. O paulistano rejeita tanto o PT de agora (Fernando Haddad) como o PT do passado (Luiza Erundina e Marta Suplicy ). O antipetismo é tamanho em São Paulo que até Marta Suplicy tentou se descolar da imagem do partido dizendo que “nunca foi de esquerda” (piada do ano!). Com isso, beneficiado em boa parte pelo sentimento antipetista, a vitória de João Dória parece certa. Diga-se de passagem, o PSDB reina em São Paulo mais por rejeição ao petismo do que identificação genuína dos paulistanos com o partido. No dia em que São Paulo tiver um candidato competitivo, liberal ou conservador – como é o caso de Flávio Bolsonaro no RJ –, o PSDB perderá muitos eleitores. Não é à toa que parte da imprensa (alô, Tucano Press!) se preocupa tanto com Jair Bolsonaro, pois sabe que ele tira votos de candidatos tucanos.

O efeito “Dória” em São Paulo anima os tucanos para 2018 que tentarão capitalizar o sentimento antipetista no país. Aécio, Serra, Alckmin estão de olho em 2018. Até FHC voltou a cogitar a ser presidente para desespero (ou regozijo) dos petistas que poderão trocar “o Fora Temer” pelo tão falado “Fora FHC”. Mas se de um lado os tucanos ganham força para 2018; por outro, devem começar a se preocupar pelo surgimento de outras opções.

A primeira opção é um possível candidato advindo do governo Temer. Se o governo Temer conseguir tirar a economia do buraco e a população sentir algum efeito no dia a dia (menos inflação ou mais emprego), poderá emplacar algum nome de sua gestão.Henrique Meirelles? Talvez. Ou quem sabe, o ex-ministro José Serra rompendo com o PSDB e saindo pelo PMDB. Afinal de contas, o PSDB tem muito cacique para pouco índio.

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A segunda é Jair Bolsonaro ou algum candidato do Partido Novo, os quais arrancariam votos dos tucanos. Atualmente existe uma gama de eleitores que quer, por exemplo, menos Estado na economia, ações mais enérgicas contra bandidos e privatização de estatais, e não se vê representado por nenhum tucano tradicional. A onda Bolsonaro e o surgimento do Partido Novo são sinais de que existe um eleitorado completamente órfão no Brasil e que pode buscar representação política em candidatos assumidamente liberais ou conservadores.

Em suma, as eleições municipais sinalizam que a corrida presidencial em 2018 será uma das mais acirradas e da história, enfraquecendo a velha polarização PT x PSDB. O PT está com sua imagem deteriorada e corre o risco de não ter Lula devido à Lava Jato. O PSDB, apesar de favorecido pelo antipetismo, corre o risco de perder eleitores para um possível candidato do PMDB, Jair Bolsonaro ou algum nome a surgir pelo Partido Novo. Enquanto isso, Marina Silva (Rede) corre por fora e continua um nome forte para 2018. Resta saber se ela será vista como mais uma Marta Suplicy (uma ex-petista) ou sua “neutralidade” e seu discurso vago com palavras de impacto (“inclusão social”, “sustentabilidade”) prevalecerão sobre o eleitorado, mascarando a sua afinidade ideológica com o petismo. 2018 promete!

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Alan Ghani

É economista, mestre e doutor em Finanças pela FEA-USP, com especialização na UTSA (University of Texas at San Antonio). Trabalhou como economista na MCM Consultores e hoje atua como consultor em finanças e economia e também como professor de pós-graduação, MBAs e treinamentos in company.