Quem acompanha esta coluna sabe que eu estava otimista com o Brasil antes mesmo desta enxurrada de notícias positivas em relação ao país.
Meu ponto era que as incertezas em relação à aprovação da reforma da Previdência impediam que outras medidas tivessem efeito sobre a economia real.
Agora que a reforma foi aprovada, e afastamos o risco de calote da dívida pública, a economia poderá crescer mais do que o esperado para 2020.
Um dos sinais desta recuperação econômica foi a criação de 70,8 mil empregos no mês de outubro, de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
A sétima alta consecutiva do indicador, desde 2017, é um sinal claro de recuperação econômica. Como a contração de pessoas envolve custos, as empresas empregarão mais gente somente se a receita incremental trazida pelo funcionário for maior do que o seu custo marginal (adicional).
Em outras palavras, as empresas estão contratando mais porque a expectativa de aumento de produção (vendas) mais do que compensa o aumento de custos.
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É claro que a taxa de desemprego é ainda bem alta no país. Mas os dados de emprego/desemprego têm sinalizado uma melhora no mercado de trabalho.
Cabe ressaltar que a melhora nas taxas de desemprego não ocorre de maneira imediata com a recuperação econômica. Isso porque o desemprego é uma variável contracíclica e retardada, isto é, quando a economia vai bem, o desemprego cai, mas com um certo tempo para reagir.
Tal fato decorre dos altos custos de contratação e demissão envolvidos no mercado de trabalho. Portanto, diante destes custos, uma melhora no mercado de trabalho é um sinal claro de recuperação econômica.
Mas a boa notícia não vem apenas do ambiente doméstico. Grandes bancos internacionais – e JPMorgan, Morgan Stanley e UBS – deram recomendação de compra para o Brasil. De um modo menos técnico, esses bancos falaram para seus clientes: invistam no Brasil!
Outro ponto para o ótimo com o país advém da taxa real de juros muito baixa. É a primeira vez na história brasileira que temos uma experiência de juros neste patamar.
O menor custo do capital já começa a fazer efeito sobre o crédito, que deverá impulsionar o consumo e o investimento por parte das empresas.
Os juros baixos têm sido motivo de otimismo em relação à economia brasileira entre os grandes gestores de fundos ouvidos pelo programa Stock Pickers do InfoMoney.
O otimismo não está apenas entre os grandes gestores de fundos, mas também entre empresários e banqueiros. Na semana passada, por exemplo, o presidente do Itaú BBA falou ao Estadão que as empresas estão retomando os seus projetos de investimento.
Outro ponto relevante é componente cíclico da economia. De acordo com o gráfico abaixo, uma crise durava, em média, três anos. Já a recuperação atual tem sido mais lenta do que o esperado – faz cinco anos que estamos em recessão (2015 e 2016, depressão).
No entanto, há um componente cíclico na atividade econômica, e uma crise não dura para sempre, principalmente quando reformas importantes têm sido feitas desde 2016.
Entre elas, merecem destaque a PEC dos gastos (Temer), a reforma trabalhista (Temer), a extinção da TJLP (Temer), a MP da liberdade econômica (Bolsonaro), a reforma da Previdência (Bolsonaro) e a liberação do FGTS (Bolsonaro).
Além dessas medidas, desde 2016, o governo vem cortando os gastos discricionários, aqueles nos quais o poder Executivo tem margem de manobra para agir (em torno de 10% orçamento).
Mas a boa gestão não se dá apenas na parte fiscal, mas também inflacionária. Desde 2017, a inflação está absolutamente sob controle, inclusive rodando abaixo da meta.
É claro que há sempre o risco de o crescimento ser maior diante de eventos aleatórios. Vale lembrar que, no início de 2019, a projeção para o PIB era de uma expansão de 1,5%, mas uma série de eventos puxaram a taxa de crescimento para baixo.
O gráfico abaixo mostra o quanto cada evento contribuiu para o menor crescimento do PIB em 2019.
Fonte: https://www.bcb.gov.br/conteudo/home-ptbr/TextosApresentacoes/Nechio_Londres_14.11.19.PDF
Apesar dos riscos, principalmente de piora do cenário global, a economia brasileira poderá crescer mais do que 2,5% no ano que vem. A principal razão para o otimismo é 1) juros baixos, 2) inflação sob controle, 3) Reformas estruturais, 4) controle fiscal e 5) melhora no ambiente de negócios e no mercado de trabalho.
Se o mercado lá fora ajudar, o crescimento poderá ser ainda maior. Se passar uma reforma administrativa ou uma tributária então…Mas isso é assunto para outro artigo.
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