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O dia de hoje (17 de janeiro) está sendo marcado por diversos acontecimentos que mudam as expectativas iniciais. Entre os fatos estão temor com a posse de Trump e com o discurso de Theresa May, que levaram o BC a atuar, rolando swaps que vencem no dia 01 de fevereiro, no valor total de USD 6,4 bilhões.
Antes de analisar esses fatos, para facilitar, vamos rememorar comentários recentes que fizemos neste blog e em entrevista à InfoMoney.
No blog da semana passada, comentamos que os principais motivos internos para a queda do dólar no Brasil nos últimos 30 dias foram:
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1- Captações das empresas brasileiras no exterior;
2- Queda do CDS de 5 anos, que representa o risco país;
3- Expectativa de aprovação da reforma da Previdência com a Câmara presidida por Rodrigo Maia;
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4- Ausência de notícias da Lava Jato.
Também na semana passada, mais especificamente no dia 10 de janeiro, quando o dólar/real era negociado na faixa de R$3,20, fizemos dois comentários publicados na InfoMoney (que podem ser consultados em http://www.infomoney.com.br/mercados/cambio/noticia/6003868/queda-volta-aos-algo-errado-com-dolar) e que resumo abaixo:
1- “Ou o Dollar Index recua ou o dólar sobe ante o real”.
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Para verificar a força relativa do real, atualizamos o gráfico que foi postado no blog na semana passada, que mostra a evolução do dólar dos Estados Unidos contra uma cesta de moedas (Dollar Index ou DXY), contra a moeda do Brasil (USD/BRL) e contra a moeda da Austrália (USD/AUD).
Data inicial: 31 de outubro de 2016, todas as moedas com base 100
Eleição de Trump: 08 de novembro de 2016
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Reunião do FOMC: 14 de dezembro de 2016
Data final: 17 de janeiro de 2017 (12:00)
Fonte: Wagner Investimentos
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Conclusão: o real iniciou e terminou o período perto da estabilidade, assim como a moeda da Austrália. Além disto, o DXY perdeu bastante força nos últimos dias e acumula alta no período de 2,4%, a metade da alta registrada entre os dias 02 e 03 de janeiro deste ano.
2- “O Banco Central segue sem atuar no mercado, mas isso pode ser a autoridade ‘guardando munição’, podendo atuar caso os investidores comecem a ficar nervosos com Trump após a entrevista coletiva ou com a proximidade da posse”.
Hoje, 17 de janeiro, o BC iniciou a rolagem dos swaps que vencem no dia 01 de fevereiro, no valor total de USD 6,4 bilhões. Os motivos? A princípio, temor da posse de Trump e do discurso de Thereza May (veja mais abaixo).
E, o que esperar para os próximos dias?
Antes, vamos mostrar a agenda de eventos, que será bastante intensa até o dia 03 de fevereiro:
Sobre Trump, há mais dúvidas do que certezas. Ele disse ao Wall Street Journal que o dólar está “muito forte”, em parte devido à desvalorização da moeda chinesa, fato que prejudica as exportações dos Estados Unidos, e refutou o “ajuste de fronteira”, que elevaria as tarifas de importação e isentaria as exportações de impostos. Para o presidente eleito, o ajuste de fronteira não deverá ser implantado “porque em geral significa que vamos nos ajustar a um negócio ruim”. O efeito desta entrevista foi a queda do dólar e dos juros nos Estados Unidos. É importante acompanhar a evolução dos juros das Treasuries de 10 anos, que recuaram para 2,35%, patamar de antes da reunião do Fed de 14 de dezembro e que indica dólar menos forte.
E, se o cenário atual de alta das commodities, do petróleo, do Ibovespa e do S&P500 e de queda dos juros futuro no Brasil permanecer em meio a fraqueza do DXY e dos juros das Treasuries, o real tende a se beneficiar e continuar se apreciando contra o dólar devido a:
1- Expectativa do acordo sobre a dívida do Estado do Rio de Janeiro (lembro que depende da Assembleia aprovar medidas altamente impopulares);
2- Corte da Selic em ritmo mais forte que o previsto pela média do mercado, fato que poderá nos brindar com um PIB mais elevado, talvez acima de 1,0%. (no blog em 28 de novembro defendia um corte mais forte da Selic, que seria “uma ótima surpresa”: http://www.infomoney.com.br/blogs/cambio/de-olho-no-dolar/post/5875403/apertem-cintos-teremos-duas-semanas-emocoes-cambio);
3- México e países asiáticos têm grandes plataformas de exportação de produtos industriais para os Estados Unidos e Trump promete criar algum tipo de barreira comercial. Assim, o Brasil tende a ser menos prejudicado do que estes países por depender menos do comércio exterior, fato que deixa o País mais atrativo entre o conjunto dos emergentes;
4- Expectativa de reformas aprovadas no Congresso, principalmente a da Previdência.
Assim, apesar das grandes incertezas com Trump e com o cenário interno (não podemos desprezar os grandes riscos políticos que podem trazer muita volatilidade ao mercado e que foram comentados em postagens anteriores), deve-se continuar observando a relação dólar/real em tendência de baixa. De nossa parte, mantemos a opinião sobre o range oscilatório provável divulgado na semana passada.
Pergunta do leitor: “você acha que a libra tende a cair mais?”.
Desde a surpresa da aprovação do Brexit, a libra caiu aproximadamente 20%. Ontem (16 de janeiro), acelerou as perdas com a expectativa do discurso da primeira ministra Theresa May, aproximando-se da sua mínima de 1,20, porém subiu quase 3% hoje (17 de janeiro) basicamente por três fatores:
1- A inflação inglesa, que registrou alta de 1,6% em dezembro, a maior em 2 anos;
2- A entrevista de Trump, que sinalizou que o dólar está muito forte;
3- O comentário de Theresa May de que o Parlamento (as duas casas) deve votar o acordo final do Brexit. Como a premiê não deu detalhes desta votação, ficou a dúvida sobre a saída dos ingleses da União Europeia caso o Parlamento não aprove o acordo final.
Assim, estimamos range oscilatório entre 1,20 (forte suporte) e 1,25. Cotações acima desta região devem acelerar os ganhos da libra contra o dólar.
Até a próxima semana!