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Estamos vivenciando o crescimento e expansão da creator economy em tempo real, o que torna inevitável questionar sobre como o mercado fará para lidar com esta área. O painel Beyond the Buzz: Mastering Creator Economy Trends in 2025, que assisti no evento SXSW, em Austin, nos Estados Unidos, discutiu as tendências do mercado da economia dos criadores e as mudanças que estão impactando tanto criadores quanto marcas.
Jasmine Enberg, analista da eMarketer, abriu a discussão destacando que 2025 é o ano da profissionalização da creator economy. Segundo ela, a mudança está acontecendo de diversas formas, mas principalmente pelos creators estarem se reconhecendo como empreendedores, lançando e construindo seus próprios negócios, e os profissionais de marketing estarem se tornando mais sofisticados em suas estratégias com criadores, mirando para além da publicidade tradicional, e explorando inclusive “equity deals”, negociações de ações da empresa, como novos formatos de diversificação de receita.
Movimento similar ao que observamos no Brasil atualmente, onde creators caminham para a profissionalização, apesar da ausência de regulamentação para a classe de influenciadores. A veia empreendedora norte-americana ainda se destaca e muitas vezes desponta os nossos níveis, dados os incentivos e as formações desde o ensino básico. Mas não ficamos para trás, principalmente pela nossa criatividade inigualável. A pouca quantidade de cases brasileiros da creator economy em eventos como o SXSW acaba por não revelar ao norte global a potência que somos.
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Isso que estou dizendo sobre os Estados Unidos pode ser comprovado por um dado relevante trazido por Jasmine: cerca de 86% das empresas norte-americanas com mais de 100 funcionários usarão marketing de influência este ano. Kaya Kurieff, jornalista especializada no setor, concordou com a análise e destacou como o conceito de ‘creator economy’ está se oficializando e que a ascensão do TikTok na pandemia foi um dos principais motivadores para acelerar esse mercado.
O painel também discutiu sobre o futuro do TikTok. Kaya trouxe um panorama sobre as questões políticas que envolvem a plataforma nos EUA, onde o Congresso aprovou uma lei forçando a ByteDance a vender o TikTok ou enfrentar banimento. O caso foi levado à Suprema Corte e a lei foi mantida. No entanto, Donald Trump postergou a decisão e sinalizou que pode estender ainda mais esse prazo. O que percebo é que a China não parece disposta a vender o TikTok e os EUA não sabem como lidar com isso.
Dados da eMarketer que foram apresentados mostram que o TikTok gerou US$ 12,34 bilhões (cerca de R$ 90,9 bilhões) em receitas publicitárias em 2024. O banimento nos Estados Unidos poderia resultar em uma perda de até 70% desse valor, além disso, diante da profissionalização dos criadores de conteúdo, acredito que o país não queira perder o impacto positivo na economia que os creators possuem, principalmente no mercado da publicidade. Afinal, eles estão ocupando cada vez mais lugares e sendo propulsores de mudança.
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Segundo o estudo “Quem influencia a geração Z?” da Trope (consultoria de Geração Z e Alpha da qual sou fundador) em parceria com a YOUPIX, para 35% do público que consome conteúdos de influenciadores, o importante é o conteúdo ser interessante e relevante. Esse impacto é evidente também na publicidade. O estudo revelou que 50% dos entrevistados afirmam que são mais impactados por campanhas de influenciadores do que por anúncios tradicionais. Isso ocorre porque, para 57% dos respondentes, o que torna a publicidade atraente é o fato de ser personalizada, autêntica e criativa.
Analisando esse cenário, percebemos que o futuro da creator economy vai além da criação de conteúdo. O TikTok já se tornou o novo Google para a GenZ, onde se busca informação, produtos e tendências. YouTube é oficialmente a TV, à medida que disputa espaço com grandes streamings. Redes sociais deixaram de ser só um espaço para autopromoção e passaram a ser locais de discussão e influência real sobre o mundo. O online e o offline não são mais separados, pois para as novas gerações, a experiência digital é tão válida quanto a física. E com a ascensão da creator economy, essa relação tende a se intensificar. Se antes os creators eram vitrine para marcas, agora são players estratégicos, transformando influência em negócio e moldando os mercados do futuro.