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Se houvesse alguma dúvida sobre o impacto da inteligência artificial na nossa vida, o SXSW 2025 tratou de dissipá-la. A IA não é mais um tema dentro da tecnologia – ela é a estrutura sobre a qual quase todas as discussões se desenrolam, da saúde à energia, da criatividade ao impacto social. Mas à medida que a tecnologia avança, um movimento paralelo ganha força: a reflexão sobre o que significa ser humano em um mundo cada vez mais digital.
Entre os grandes temas do festival, dois chamaram atenção. Primeiro, a energia nuclear, que ressurge como uma peça-chave na transição energética global. Depois, a IA revolucionando a saúde e levantando questões sobre eficiência e humanização. Em comum, esses temas expõem uma nova realidade: as conexões entre empresas, governos e sociedade nunca foram tão complexas. E, nesse cenário, a comunicação se torna um ativo essencial.
IA na saúde: o desafio de equilibrar eficiência e humanidade
No SXSW, ficou claro que a IA não está apenas acelerando diagnósticos ou otimizando processos – ela está redesenhando o acesso à saúde no mundo todo. Modelos preditivos conseguem identificar doenças antes mesmo dos primeiros sintomas, enquanto chatbots estão ajudando a suprir a escassez de profissionais em regiões remotas. Em alguns lugares, a IA aumentou a taxa de acerto de diagnósticos em 40%. Mas se engana quem pensa que o grande desafio é apenas tecnológico.
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Durante o festival, um consenso emergiu: a IA na saúde precisa ser mais do que uma ferramenta de eficiência – ela precisa ser um mecanismo de inclusão. Afinal, os dados usados para treinar essas ferramentas não são neutros e podem amplificar desigualdades já existentes. Além disso, à medida que a digitalização da saúde avança, uma preocupação cresce: como evitar que a tecnologia, ao automatizar interações, amplifique o isolamento social? O conceito de “saúde social” – um terceiro pilar ao lado da saúde física e mental – foi destaque no evento, trazendo uma reflexão importante: a tecnologia não pode substituir as conexões humanas, precisa fortalecê-las.
A volta estratégica da energia nuclear
Se a IA está transformando o presente, a energia nuclear está voltando ao jogo para moldar o futuro. Por décadas deixada de lado devido a questões políticas e ambientais, a nuclear ressurge como solução pragmática para a crise climática e a segurança energética. Os reatores modulares pequenos (SMRs) prometem ser mais baratos, mais seguros e implantados com maior rapidez. Empresas de tecnologia estão de olho nisso, apostando em um cenário onde eletricidade se torna tão estratégica quanto dados.
Mas a aceitação da nuclear passa por um desafio que vai além da engenharia: a construção de uma nova narrativa. O festival deixou claro que avanços técnicos são apenas parte da equação – é preciso reconstruir a confiança da sociedade e dos stakeholders nessa matriz energética. O Brasil já viveu um processo parecido com o biodiesel e o etanol: de tecnologias questionadas a pilares da matriz energética. O mesmo precisará acontecer com a nuclear, e a chave para isso será uma comunicação ativa e transparente.
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O novo jogo das conexões corporativas
O SXSW 2025 trouxe uma mensagem clara para as empresas: comunicar não é mais apenas sobre contar inovações – é sobre articular narrativas que ajudem a construir confiança em um ecossistema cada vez mais complexo.
No caso da IA na saúde, por exemplo, as empresas precisarão endereçar preocupações éticas e garantir que a tecnologia seja aplicada de forma transparente. Na energia, o futuro da nuclear dependerá tanto dos avanços tecnológicos quanto do diálogo com reguladores, investidores e sociedade.
A comunicação corporativa, que um dia foi um suporte, agora é um ativo estratégico para a sobrevivência e a competitividade. E nesse novo jogo, saber contar a história certa pode ser tão importante quanto a própria inovação.
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O SXSW 2025 mostrou que estamos entrando em uma nova era, onde os avanços tecnológicos não são apenas inovações – são forças que estão redesenhando o mundo. O desafio, para as empresas, não será apenas acompanhar essas transformações – será liderar a conversa sobre elas.