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O resultado do primeiro turno das eleições evidencia uma preocupação no campo progressista: Lula é maior do que a esquerda. Em várias cidades, os candidatos de esquerda receberam menos votos do que o presidente Lula (PT) nas eleições de 2022.
Além do caráter mais personalista do que ideológico das eleições no Executivo no Brasil, neste ano o PT decidiu priorizar a consolidação de alianças para 2026 em detrimento de candidaturas competitivas em várias capitais.
O resultado dessa decisão é claro: o PT terá quatro candidatos disputando o segundo turno em capitais, enquanto o PL reelegeu dois prefeitos e ainda conta com nove candidatos com chances de vitória.
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A participação de Lula foi muito tímida, ao contrário do que se esperava antes do início oficial das campanhas; o presidente participou apenas de três atos de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo e reservou espaço em sua agenda para gravar propaganda eleitoral para aliados em Brasília.
A postura morna de Lula nas eleições abriu espaço para que partidos de centro-direita fortalecessem as campanhas de seus candidatos.
O bom desempenho de PL, PSD e União Brasil concede a esses partidos maior poder nas negociações no Congresso, especialmente em um momento em que há várias matérias importantes a serem analisadas.
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O governo precisa aprovar, até o fim do ano, a regulamentação da Reforma Tributária sobre a renda e a indicação de Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central. Além disso, há uma urgência em regulamentar o mercado de apostas diante do aumento do endividamento das famílias, especialmente as de baixa renda.
As eleições municipais também podem influenciar as negociações sobre a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados a partir de 2025. Os partidos mais bem posicionados ganham um argumento adicional de força nas negociações, pois eleger mais prefeitos e vereadores pode aumentar as chances de eleger mais deputados estaduais e federais no futuro. Muitos prefeitos migram para o Legislativo após deixarem o comando municipal.
Em Brasília, é importante considerar a possível reforma ministerial e como o governo avaliará o desempenho dos partidos nas eleições municipais ao decidir sobre as trocas.
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Em termos de novas lideranças, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se consolida como uma figura política proeminente devido ao seu protagonismo e empenho na campanha de Ricardo Nunes (MDB) na capital. Tarcísio foi ativo e se contrapôs à postura de Jair Bolsonaro (PL) em relação à campanha de Nunes, considerado moderado demais pelo campo bolsonarista.
Também é relevante mencionar Pablo Marçal (PRTB), cuja competitividade desde o início da campanha motivou a migração de apoios em São Paulo, especialmente do campo mais conservador.
Se as eleições reforçaram que Lula é maior do que a esquerda, também mostraram que o bolsonarismo não depende necessariamente de Jair Bolsonaro.